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Quem se interessa pela arte de fazer cidade (ou a arte gentil de unir espaços como o arquitecto Pancho Guedes define o seu ramo) ou simplesmente pela arte de imaginar outros mundos sugiro uma visita à exaustiva exposição Vitruvius Mozambicanus (no Museu Berardo no CCB).
Trata-se de uma viagem pelas correntes formais da arquitectura contemporânea (das influências de Gaudi às de Loyd Wright) e acima de tudo pela construção de um estilo muito pessoal onde a arte tribal e os materiais da sua terra de eleição, Moçambique, estão permanentemente em relação com uma visão muito ocidental da arquitectura não só enquanto técnica, mas principalmente como modo de harmonizar e dar significado a espaços físicos e culturais, formas e conteúdos, usos funcionais e sentidos de consumo. Afastado das ideias corbusianas, este é um dos derradeiros arquitectos pós modernistas, mesmo antes do conceito ter sido atirado para o mainstream.
No percurso expositivo encontramos uma panóplia de vertentes interligadas que, no fundo, são reflexo da vivência e da evolução pessoal do senhor, do contacto com os seus pares, das suas viagens, dos seus afectos, do simbologismo dos locais por onde passou: desde projectos construídos a outros que não saíram do papel, em todos eles a legendagem é feita em discurso directo: é o arquitecto quem nos fala daquilo que vemos e vai contando as peripécias de cada peça, cada casa, cada cemitério, cada escola, cada prédio, cada rua, cada jardim,...
Para quem aprecia os sentidos humanos da arquitectura, a exposição de Pancho Guedes dá a conhecer (talvez até demasiado exaustivamente) aquilo que de mais fascinante eu encontro na arquitectura: a sobreposição da coerência da coisa feita e o reconhecimento da visão sociológica do mundo de quem projecta à megalomania da ideia artificial de criar o espaço que parece, cada vez mais, ganhar terreno.