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é como anda a trintona em termos energéticos. Grandes ou longos fins de semana têm este efeito sobre mim. Vá-se lá a tentar perceber porquê. Fico a pensar nas férias... até me cheirou a parque de campismo aqui ou no estrangêro (pobrezinha, eu sei). Acorda-se desta sensação no domingo e uma pessoa nem teve tempo de largar a agenda... Tudo começou na 6ª feira, grande comemoração da revolução mais trintona do que eu. A reter: entre viver em ditadura ou nesta democracia, está-se melhor na última. Foi o que eu ouvi na TSF a uma pessoa mais velha. E eu acredito sempre muito nos novos séniores. Sempre revigorante comemorar uma queda de regime que fez da minha avó analfabeta e elegeu a minha mãe como madrinha de guerra de um moço que nunca conheceu e sem ter ainda grande espírito crítico desenvolvido, pois só tinha 13 anos e aulas de educação doméstica.
Comemorar a revolução é bom e se acompanhada com umas belas baladas revolucionárias ainda melhor. Jantar transgeracional e uma ideia solta, os prequianos fazem-me pensar. Era esta a ideia.
Prequiano, para mim, vem de prec (para quem não sabe... período revoluccionário em curso; entre 04/1974 e 1976- data das primeiras eleições sem fraude eleitoral desde há longas décadas). Designo de prequianos aqueles indivíduos deveras politizados, de 50 anos para cima, bastante escolarizados também, mas que toda a postura corporal, os trejeitos, a barba e o vestuário, mais as palavras que já caíram em desuso nos reenviam de novo para 1975. Ou pelo menos eu gosto de pensar assim. Desde a calça de ganga coçada à camisa aos quadrados, levemente desabotoada, e à barba farfalhuda, da bota de pedreiro às referências bibliográficas, da música aos autores evocados parecem que saíram direitinhos do prec para ao pé de mim. E quando se usa "estratificação classista" a meio de uma conversa, tal materializa-se de forma evidente. Agora, esta cristalização de consciência social e democrática é um fenómeno apenas aparente, pois se observarmos bem as coisas é uma arma de mudança e uma oposição política espantosa. Apenas porque conseguiu ser o motor contra a inércia (aburguesada...?) de grande parte dessa geração. As pessoas que se mantiveram fiéis a valores, no fundo, intrinsecamente humanistas e não têm fascínio ou vocação para carreiristas e não se deslumbraram pelo poder em geral souberam chegar até hoje com o mesmo espírito cívico e uma utopia intocáveis. São uns incomodados com o sistema e isso é bom. Faz lutar por mais, faz falar e faz agir. Acomodados ao capitalismo, mais ou menos, continuam inteiros quanto ao princípio da participação e da intervenção cívica na sociedade. E estes são aqueles que não têm plasma, mas têm livros interessantes. A revolução também fez isto: não interrompeu a transmissão de saberes, por muito alternativos que hoje os designem, entre gerações.
E agora, bora lá encontrar hoje motivos para celebrar o 1ª de Maio. É fácil, não?