À hora do almoço, a inépcia argumentativa do nosso actual ministro da saúde, no jornal da tarde da Sic, fez-me gargalhar um pouquito.
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O caso é obviamente para um pranto desesperado, pois tanto encerramento hospitalar, e em catadupa, com deslocalização de doentes para locais impreparados para os receber e já a abarrotar de gente é grave. Grave também é o autismo ministerial face à mobilização popular desse interior maltratado. Mais grave a incapacidade explicativa demonstrada sobre o assunto que, pelo menos a mim, me faz duvidar em muito sobre a condução racional deste país e acreditar que, para os nossos governantes, a ordem do dia é mesmo subestimar o “povinho”. Aí ri-me: como é que se gasta tempo de antena a culpar as televisões pela parcialidade com que veiculam uma “imagem errada” do que se passa, afirmando esta ideia um sem número de vezes, ou para ser mais exacta, de cada vez que o jornalista o interpelava?!
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Fiquei muito esclarecida com o “caminho que leva a saúde em Portugal”, pois sim. Esta era uma das interrogações do presidente da nossa república e que foram repetidas pelo ministro (que nos trata) da saúde pelo menos duas vezes para dar uma resposta. A resposta nunca chegou.
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E depois disto, enquanto bebia um cafezinho quente, na esplanada fria de um café, apreciando umas magníficas gotas de chuva que sob meus pés eram atiradas pelo vento, acendi um cigarro e voltei a rir.
E a rir voltei para o meu local de trabalho, olhei para a minha mesinha, para o monitor do meu pc e pela janela; vi a empresa municipal de estacionamento a multar os carros no parque, gritei para os meus colegas um alerta estridente; arremessei o cinzeiro, agora proibido de cumprir os seus desígnios funcionais, para o caixote do lixo. A rir desloquei-me até às escadas de incêndio e fumei um dos cigarros do meu segundo maço do ano.
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A minha muito pessoal determinação para o novo ano, ainda em fase experimental:
“Tás com trinta e um... pele seca... só as marcas baratas, tipo Nívea, já não te chegam... agora para activar a luminosidade e ajudar a renovação celular já precisas da gama da Clinique... então sempre que te apetecer praguejar, quando te irritares (de média a levemente irritada); aborreças; sejas atingida pela verborreia alheia; sejas subvalorizada; discutas com alguém ou simplesmente te passem à frente no supermercado... vais RIR.”*
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Assim, tenho sorrido, rido e gargalhado mais do que o normal. Já me perguntaram se ainda são efeitos da passagem de ano, o que me fez sorrir ainda mais.
Pronto, não me preocuparei demasiado com coisas banais. Levarei tudo com muita relatividade.
*Rir faz rugas, mas parece que são relativas em comparação com o stress que não rir provoca, o que a longo prazo se poderá reflectir na nossa cara. E eu prezo muito a minha porque é a única que tenho. E não quero que me aconteça como a Marguerite Duras que uma vez disse que tinha envelhecido tudo numa noite, pois deitou-se de pele lisinha e acordou com a cara com que morreu: enrugada.