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A Passagem de Ano.
Acontecimento fatal como o destino.
Passagem de quê... ah?... de ano?
Se partilhasse culturalmente os valores da China não tinha de passar de ano agora; se o nosso calendário não fosse gregoriano também não.
No fundo, bem lá no fundo é uma noite igual a outras. Não se passa nada. As horas passam como todos os dias e a meia noite acontece como sempre; não nos transformamos em vampiros, nem em abóboras, nem ficamos melhores pessoas, nem vamos ver, de manhã, o extracto do multibanco cheiinho de dinheiro; o que nos preocupa continuará a preocupar-nos.
Pior ainda é que o mundo não vai ser um lugar mais pacífico; nem mais limpinho; nem mais estável, climática ou politicamente falando.
Em 2008, neste século que ainda é novo, somos todos cidadãos do mundo. Isto acresce o número de preocupações com que uma pessoa pode lidar.
Assassinaram a Benazir Bhutto. Mais um passinho para a radicalização planetária. De um lado o ocidente, do outro o Médio Oriente. No meio tudo metido ao barulho. Escarafuncha-se o conceito de terrorista, indiscriminadamente aplicado para definir o outro e a nós, pelo caminho.
Mais uma mártir para o povo chorar. Mais um conflito para ajudar a afuguentar os Estados Unidos do Paquistão. Mais 40 mortos pelo caminho entre assassinatos e homicidios sob o argumento de uma ideia de paz que há muito vai no caminho errado. Tanto no Ocidente como no Médio oriente.
O mundo já não é seguro. Já não podemos partir à descoberta das maravilhas escondidas. Estranho. Hoje, que as comunicações nos aproximaram tanto, há cada vez mais lugares proibidos. Ah? Quem quer ir passar de ano ao berço civilacional, simbolicamente representado pelo Iraque?
Houve uma cimeira em Lisboa. Quem se lembra da Cimeira em Lisboa? Daqui a cem anos quem se vai lembrar da cimeira de Lisboa? Por acaso até conheço um rapaz que se irá lembrar e perpetuar a memória da comitiva feminina amazona do Kadafi, mas só isso.
O IVA continua a ser de 21%. Os portugueses continuarão a endividar-se. A taxa de juro da Euribor leva-nos tudo... até aquela dívida ao banco a que chamamos de casa.
Os hospitais, os serviços de atendimento permanente, os correios e as escolas sofrerão mais uns encerramentos de rompante e, um destes dias, quando acordarmos estarão os dez milhões de portugueses a viver, nas grandes cidades, em cima de nós, em barracas, como no século XIX quando a industrialização serviu de isco para a maioria das almas rurais. Qualquer dia já não há interior. Fica vazio. Será conhecido como o deserto transmontano e farão uma reserva. Mas quem é que quer viver em cidades sem hospital próximo?
Este texto está estranho, não está? Também o mundo.
E com esta sensação de estranheza me despeço de 2007.
Com votos de um mundo melhor para todos em 2008. E com aquele voto tão português, mas que vai na volta é mesmo a sabedoria popular no seu melhor:
SAÚDE para todos. Que uma pessoa sem saúde é que não pode mudar nada!!!