
Recebes a remuneração mensal.
Pagas as contas.
Tiras dinheiro para as despesas fixas desse mês.
Pões de parte 15% do teu vencimento. Se estiveres numa de união de facto/casamento ou outra coisa já entabulaste negociação com a outra parte para fazer o mesmo, adequando à sua realidade salarial.
Colocam mais 2,5% do conjunto na conta poupança de pequeno rebento com vista a uma educação elistista que, daqui a 16 anos, deve custar, entre coisas, o cabelo.
Segue para bingo até ao fim do mês.
É isto, neste país feudal, onde literalmente se esmifram os pobres para os ricos governantes se puderem alambazar em carreiras pós governo e garantir a continuidade familiar da estirpe; onde se degrada, a cada dia, cada vez mais, a assistência a velhos, a crianças, a contribuintes em geral e se criam, todos os dias, novos milhares de indigentes, sem direitos, arredados da esfera do acesso a tudo. E atenção que esses direitos de acesso foram claramente registados na Constituição de 1976 e nem a sua 8ª e última revisão os retirou de lá. Falo do direito, entre outros, ao acesso à saúde, educação, trabalho e cultura. Coisa pouca, portanto.
Adenda: se for assim um mês demoníaco com carro avariado, IMI´s, seguros de carro e afins, a poupança acumulada dá muito jeito. Claro que a sensação de desperdício também é grande, afinal, sempre se podia ir viajar com ela em vez de a "esbanjar" assim. Decisions, decisions...
De TeodoroPetiz a 3 de Abril de 2014 às 10:09
Por de parte?????? era bom era!!!!
De KCLOVEBUZZ a 3 de Abril de 2014 às 17:38
Era bom conseguir pôr dinheiro de parte!
Os meses demoníacos pede-se ajuda aos papás...
Esta ainda é a mais triste realidade!
A ideia da poupança é também poupar a geração mais sénior, já tão sacrificada e deixá-la sossegadinha.
De Anónimo a 3 de Abril de 2014 às 15:41
Exacto! Pôr de parte é luxo ou comédia.
Ou a realidade. Cortaria a net, por exemplo, se precisasse. Ficaria apenas com TDT e poria de parte esse valor se não conseguisse mais outra forma de o fazer.
Tenho-nos em conta (ao meu agregado familiar) de sermos uns fiéis resistentes da classe média - a tal em vias de extinção. Volta na volta sentimos pelo menos um dos pés a resvalar para o 'piso inferior', mas ainda conseguimos recolocá-lo no mesmo lugar.
Mas juro que ao ler o teu post me senti numa realidade paralela. 15% do rendimento familiar de lado? Mais 2,5%?
Não tenho vergonha nenhuma em assumir(pesem embora os meus 46 anos) que desde que o meu pai faleceu tenho pavor de cair do trapézio, pois que me tiraram a rede de segurança, que mesmo a não ser usada estava lá. Com uma 'cabeça de casal' a recusar partilhas e a guardar ciosamente os bens a dividir por três, se caio, estatelo-me de vez.
Por isso acho alguma piada. Não ao TEU caso, repara, que não tem nada a ver com o meu -o meu filho tem consutas mensais na pedopsiquiatra no valor de €85, tem psicoterapia semanal, tem aparelho ortodôntico, o meu carro para ir à inspeção levou-me 900 euros, e tenho aquelas ninharias que toda a gente tem: agua luz+gás, telefones, cabo, combustível... ah, e comemos . Nomeadamente o pikeno, que come por dois - ou três.
E éramos quatro cá em casa - a minha filha emigrou vai para quatro anos.
Agora estou desde Dezembro a chutar para canto todos os exames que eu tenho de fazer, a fingir que me esqueço, já que vão doer, nomeadamente a colonoscopia (sou de alto risco) que a sedação ainda me fica nos olhos da cara. Mas 'tenho-me esquecido...'
O que eu não pago e os outros todos pagam? Renda.
O que eu não aufiro? Rendimento. Somos três com um ordenado de Funcionário Publico, mileurismo e uns trocos. E vêm aí mais cortes, pelo que estimamos que o mileurismo vai deixar de o ser.
17,5% de lado todos os meses?
- Sci-Fi.
Espero, honestamente que consigas manter-te assim.
(sou casada há 20-quase-21 anos e as minhas férias são na praia do rei, todos os anos... já tenho saído do país, mas das últimas vezes só vai um matar saudades da mocinha, que os três é incomportável...)
Mas um dia de cada vez.
Beijos para ti e para a tua criança que já deve estar enorme :)
Olá Fátima! A ginástica necessária para a minha poupança pressupõe despesas fixas onde se inclui comida e saúde. A primeira é para onde vai quase tudo; a segunda, felizmente, leva pouco. Contudo, dada a degradação do SNS, essa área é um grande móbil para me fazer continuar a poupar. Aqui somos dois a auferir remuneração, eu funcionária pública, congelada salarialmente e sem nenhuma perspectiva de avançar, e um trabalhador por contra de outrém, congelado também e com a empresa em redução de pessoal. A minha preocupação em garantir um pé de meia é a conjuntura, mas também poder usufruir de alguma tranquilidade caso aconteça o precalço do desemprego. Serve também para 3 semanas de férias num ano! E isto não é inflexível, a percentagem pode ser menos ou mais. Agora, é possível. Dá uma vida espartana, mas são opções que se fazem. Está enorme:) bj
De Rosa a 3 de Abril de 2014 às 16:56
Dou-lhe os meus parabéns por conseguir poupar, a maior parte dos da sua geração mal ganham (a trabalhar em part-time ou com vencimentos de ordenado mínimo, não dá mesmo) para as despesas e se não fossem os pais passavem fome.
A maior parte das pessoas da minha geração e que conheço estão a trabalhar, cá ou fora de Portugal, felizmente ganhando mais do que o ordenado mínimo. A geração com vinte e poucos-quase trinta, que eu conheço, é mais afectada em termos de empregabilidade. Fui, durante 7 anos, trabalhadora com contrato precário, descontando muito acima e sem direitos de segurança social como subsídio de matrnidade ou de desemprego ou baixa. Recorrer aos pais só em último recurso. Acredito que a rede de apoio é fundamental, mas como adulta sou eu é que tenho a obrigação de garantir a minha subsistência. Aqui ou noutro sítio do mundo. Não seria capaz de viver dependente sem plano futuro. Sei que há muita gente sem recursos para tentar a independência, mas quem tem as ferramentas académicas e uma rede de apoio não pode desistir.
De o sacrificado por11 anos p manutençao Autoeuropa cá.Pagamento indeminizaçao p falta de encomendas e subsidio desemprego a 4 de Abril de 2014 às 08:17
2,5% de 178,62€ é uma fortuna para por de parte
Nem essa nunca foi a ideia implícita neste post!
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