Sexta-feira, 7 de Setembro de 2012
Troquei a telenovela pela leitura.
Assim, como assim, o tempo noveleiro é tão lento que permite duas visualizações por mês para se voltar a apanhar a historieta. Por isso, vós que escreveis argumentos de quilómetros para a produção nacional de novelas, tentai fidelizar espectadores e ide para além da infanto-juvenil dicotomia noveleira dos personagens bonzinhos vs sociopatas e contemplai os bonecos das vossas histórias com alguma consistência psicológica.
Apesar de bom para o cérebro (que assim descansa, passivo e dormente), a mim irrita-me o tempo dispendido (como às vezes na internet em que uma pessoa começa por procurar informação muito premente e acaba em coisas estúpidas como procurar actores há muito desaparecidos- isto por acaso até me é muito interessante, mas entretanto passaram duas horas).
Recorri à biblioteca porque o actual pacote quinzenal de fraldas (mais outros baby devises) é o meu antigo livro do mês.
Estou a acabar a Anatomia dos Mártires e com este livro, apesar de toda a envolvência que o rapaz sabe dar às suas histórias, começo a ficar com a sensação que à estrutura dos seus romances falta alguma coisa mais consistente. Este despertou-me para isso, talvez porque falar em conceitos que eu passo profissionalmente a vida a esmiuçar me deturpa a visão ficcional da leitura, talvez porque, apesar de tecnicamente, o emaranhado da narrativa seguir como qualquer romance deve seguir, com clímax pelo meio e tudo, é-me óbvio o enigma anunciado na contracapa.
Olha, falo tanto em consistência que, se calhar,
vou é experimentar fazer um bolo hoje: com boa textura e boa consistência.