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Ora se eu voltasse à escola, i. é, à faculdade e ainda fosse pequenina, i. é, se tivesse menos de 20 anos, fizesse tudo de novo e escolhesse o mesmo curso, o meu almoço hoje não seria apenas o momento em que engoli um arroz de pato espalmada contra uma parede e um grupo de sete pessoas.
O meu almoço dava um trabalho para qualquer cadeira do meu curso soubesse eu ontem o que sei hoje (o que não é muito por aí além, o tempo só acentua a sagacidade). Contudo, de todas as cadeiras eu só me lembrava da de etologia.
Sete homens (não eram anões) numa mesa. Um deles era notoriamente o macho dominante: voz grossa em altos decibéis, portentosamente assumindo o seu elevado colesterol e de cor hipertensa, opinava sobre tudo. Havia outro, mais redondo a fazer lembrar o frade Tuck, que terminava assuntos com uma anedota. Dos outros cinco, um fumava non-stop, um ria-se muito de tudo o que o alfa dizia e um outro, aquele que cá para mim pretendia destronar o líder, contradizia toda a gente. Os outros, felizmente, estavam invariavelmente calados.
No fundo eram uns chatos. Se aquilo fosse arquétipo para as relações de género, o masculino ficava mesmo a perder. Assuntos abordados:
- Touradas (nada de novo, uns contra, outros a favor) + anedota sobre dois ciganos forcados (!), um chamava o outro no meio da praça “Ó lé, ó lé!” e foi atacado (o outro chamava-se Lelo);
- Espanha, espanholas, cunhada moçambicana de um com origem indiana, constatação sobre a etnicidade de cada povo (iam no bom caminho, mas…) – anedota sobre a raspadinha e o tilak (marca na testa)- muito mau,
- Futebol, Benfica, o treinador que estragou dois campeonatos, um jogador sub aproveitado, nervos, vozes elevadas e outra anedota, esta muito demonstrativa de como os portugueses, não se revendo racistas, conseguem gerir muito mal a interculturalidade do país onde vivem.
No fim, sobremesa para todos, o líder não pagou, o homem das anedotas também não e os outros cinco dividiram a conta; o candidato a chefe da matilha esqueceu-se da maleta de tiracolo no banco e os outros brincaram com ele às escondidas.
Fazendo um paralelo político seria sempre bom ver qualquer candidato de cu para o ar a procurar a respectiva carteira.
Não sei se lha devolveram, vi-me embora a pensar como os almoços de mulheres conseguem ser bem mais interessantes (mas isso sou eu e não sou homem), mesmo quando juntam pessoas mais novas com outras mais velhas, mesmo quando se bebe, mesmo quando estamos pouco inspiradas. Pelo menos nunca me esconderam a mala. Fez-me pensar se todos os encontros com refeição masculina serão assim, uma confusão de gritaria com piadas chatas. São?!