Quarta-feira, 22 de Agosto de 2012
Não é que não confie na "nuvem", aquela espécie de ominipresença virtual, guardiã para todo o sempre de toda e qualquer inscrição na grande web. Também não é por nada, mas não me apetecia reduzir o meu blog somente a um babyblog e acho que ninguém tem nada a ver com as oscilações de percentil, baba, ranhoca e outras alegrias do meu pequenino rebento de soja. Assim e porque as coisas de casa é para ficarem em casa e eu sempre fui muito fascinada por memórias e conceitos associados a cápsulas do tempo, inspirada escrevi ontem uma carta à minha filha com a intenção de lha entregar num qualquer aniversário juvenil futuro.
A missiva saiu grande e com uma linguagem muito coloquial, mas lá tem uns laivos de humor. Começo logo por explicar que não aderi ainda ao acordo ortográfico (não vá a rapariga pensar que a mãe não sabe escrever). De resto, eu sou assim. No futuro ela já me deve conhecer bem. Parto do princípio que a minha futura filha adolescente vai reconhecer a sua futura, que se lhe apresenta como antiga, mãe-eu (só parece confuso no início da escrita, depois entra-se na lógica e parece quase normal).
Ora, lá vou eu divagando sobre o que de especial aconteceu no mundo no ano do seu nascimento, a Europa e a Grécia, o Óscar e o Leão de Ouro, os filmes, a música, o primeiro cocó transbordante da fralda, a chucha do seu coração, a Joana Vasconcelos em Versailles, a minha interpretação feminina do sapatinho da cinderela, o lembrete para o filme da Sophia Coppola, o preço da caixa da sua papa (isto nunca se sabe se ainda se sai do euro e a inflação endoidece), coisas quase yungianas de associação, coisas assim que uma pessoa pode esquecer, de contexto nada importante para a identidade de uma pessoa, mas engraçadas (excepto a parte da Europa e da Grécia).
E então não é que no meio daquilo, um trabalho de rememoração dos últimos meses para mim, eu percebi que as duas músicas que acalmam mesmo a minha superfofabochecuda é aquela espécie de tentativa de ironizar mas que no fundo é somente um exercício básico de vitimização masculina pós moderna cantada por aquele barbudo também com ar de xoninhas sobre os homens que são maus, feios, porcos e animais. Muito mau.
Salva-se a outra, a dos aviões que essa sim é milagrosa para acabar com birras de sono e passar da parte do huan, huan, huan-coça o olho- esfrega o nariz- huan, huan, huan-esperneia e volta a coçar o nariz para o adormecer mais profundo, dos Azeitonas. Esta eu também gosto.
Pronto, vou guardar a carta num sítio onde não me esqueça dela. Espero deparar-me com ela muitas vezes e não a perder. Espero que resiste a uns próximos 15 anos. Estou ansiosa por saber:)
De
Monóloga a 22 de Agosto de 2012 às 21:14
eheh... também escrevi uma cartita ao meu filhote, à uns anos atrás... não com tanta informação, apenas escrevi muito do que sinto por ele e em que cirsunstâncias nasceu... está guardadinha, para um dia também lhe entregar. (ele já tem 8 anos)
:)
De Margarida a 24 de Agosto de 2012 às 15:25
Que ideia maravilhosa!
É por isso que gosto de guardar as cartas! Também guardo as cartas dos dois filhos quando andavam na primaria.
Belíssimo texto.
Abraço
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