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O senhor da lista da revista forbes que instalou a sua colecção no ccb e que, tendo um apurado sentido económico no acordo que fez com o governo, nos permite entrar sem pagar no museu colecção homónimo porque aparentemente o dinheiro que o estado lhe pagou para albergar a colecção e receber outras itinerantes sai dos bolsos de nós, visitantes anónimos e contribuintes, não nos faz assim um favor por aí além. Esta introdução foi só para esclarecer que se pagássemos bilhete o estaríamos a pagar duas vezes. O homem não enriqueceu por ser bonzinho e não o repreendo porque toda a gente precisa de amealhar para comer.
E nós, público anónimo, gostamos mesmo de arte. E da contemporânea. Adoramos ver coisas grandes e que foram ao estrangeiro e que o senhor do telejornal diz que é bom e a moura pinheiro, da câmara que não é escura, também. E a gente lá vai.
Somos tantos que nem se consegue circular. Todos juntos poderíamos muito bem nos juntarmos àquela associação dos ateus e fazer mesmo um barulho audível quando o chefe daquele Estado mais pequenino que o Lichenstein viesse cá alapar o cú no meio do Terreiro do Paço numa estrutura que também nós pagámos, mesmo os ateus, mesmo os católicos que não querem nada com a Igreja e com aquela horda de senhores somatizados no seu porta-voz homofóbico que vomita atrocidades atrás de atrocidades.
Mas, pronto, éramos tantos que entrei no primeiro buraco onde não havia ninguém. Era a exposição retrospectiva dos mega desenhos do Robert Longo. Os trios de imagens resultam muito bem e a seguinte, com escultura, sendo óbvia tem sempre o mérito de ser inteligível.
Men in the cities, a mais mediática.
Depois da exposição dos auto-retratos do mundo de Annemarie Schwarzenbach que vale pelo percurso da figura e pela conjuntura histórica da mesma, começamos a interrogar-nos se a produção do tal programa Cãmara branquinha, não sofrerá de falta de espírito crítico. Eu sei que o pessoal que faz exposições gosta de as ver divulgadas. Um imperativo hoje em dia, mas quem as divulga pode sempre dar um arzinho de crítica. As fotografias valem pelo tempo que já passou, por elas e pelos lugares que já não são aqueles, de resto a técnica e a aparente falta de coerência entre os conjuntos não chega para se designar uma exposição, "de" fotografia. Não gostei. Especialmente do conjunto de Lisboa. As da pesca do bacalhau são péssimas fotografias. Ganhei até uma certa irritação com a senhora: saí da europa irritada com a ascensão do nacional socialismo alemão e vai cair nos braços do António Ferro e do Secretariado da Propaganda Nacional portuguesa. Só vê a urbanidade de Lisboa?! acha-a pitoresca?! Só há pobres no Iraque e mulheres analfabetas no Irão?! Só há crianças descalças e andranjosas no Afeganistão?! É que nos anos 40 do século passado, o que não falatava era crianças com ranho no nariz e descalças em Lisboa.
Depois, irritada com tanta rebeldia ao volant de um cabriolet pelo mundo, lá contornei quinhentas mil crianças e consegui ver, tropeçando nelas, a exposição da Joana Vasconcelos.
Não gosto de tudo, mas gosto da escala de quase tudo. A escala afirma e afina o conceito.
e esta não me lembro o nome, mas é o que apetece fazer geralmente aos cães de loiça, logo... eu tinha o desejo latente em mim, só nunca tive a coragem de o fazer...
Pensava que ainda era maior, mas até não é. Parece uma coisa pouco conceptual, mas tem o mérito de dizer muito com pouco. Os tachos e panelas estão lá, mas a estética também. E o conceito. E a cultura portuguesa, mesmo dos emigrantes. Dificilmente alguém traduz a três dimensões a revoluçãozinha sexual portuguesinha, assim, de modo contido e shinny.
Esta é a minha preferida. É uma instalação, parca em som e parca em panóplias e adereços. É agressiva, insólita e resulta bem enquanto olhar ocidental sobre o que está atrás do título.
Esta faz sorrir e dá vontade dar beijinhos e coisas assim fofinhas,...
Havia ainda uma outra, essa não percebi, era já muito alta cultura, não costura. Era um um corredor com separadores que limitava que voltássemos para trás na exposição e tinha um segurança perto ao qual pedi para o abrir, para me deixar passar. Ele respondeu que era "uma obra de arte" e eu perguntei "onde" e ele respondeu que era o corredor. Não fui só eu, os que vinham atrás também não perceberam, houve até um que saltou o "corredor obra de arte". A massificação da cultura tem destas coisas...