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Uma pessoa sabe duma certa exposição ali para os lados da costa do sol. Uma pessoa sabe de muitas exposições neste país e no mundo porque gosta e porque são ossos do seu ofício. E pronto. Não se pronuncia porque não considera o caso por aí além. Afinal é uma exposição de fotografia. Mais uma. Mas não. Dias e dias a fio a deparar-se com notícias, mais opiniões, mais afirmações (algumas parvas como tudo), tomadas de posição, piadas no contra-informação e, pronto, não me controlo.
Era para comentar no blog com o post mais equilibrado que li (e eu li outros bem dementes), mas como tenho as ideias a precisar de espaço faço-o aqui.
Primeiro que tudo, o Centro Cultural de Cascais mostrou duas coisas.1- uma óptima estratégia de marketting pq o sexo, vá-se lá a saber porquê, sempre suscita alguma polémica (?) e, 2, um risco muito grande de exposição pelas razões erradas (cm se vê, com a maior parte da crítica da área da "cultura", ao lado, a questionar as opções expositivas e programa cultural desse município). Quanto à CPC assumiu a subjectividade do trabalho a que se propôs e expôs-se, sabendo perfeitamente qual seria o impacto do projecto, na nossa sociedade portuguesa que, no fundo, é constituída por meia dúzia de pessoas que constituem a elite intelectual "pescadinha de rabo na boca" que Portugal cultiva. O resto da sociedade ainda nunca entrou num centro cultural, nem sabe para o que serve. Não é nada de mais, pode esteticamente ser questionável, mas a subjectividade da ideia inicial e do resultado final nunca seriam consensuais. Não creio que se trate de uma atitude corajosa porque à CPC não lhe advém nenhum mal maior (não vai ficar sem fonte de rendimento, não vive numa aldeia, ninguém a vai ostracizar), creio, acima de tudo ser uma afirmação válida sobre o direito da mulher ao uso do seu corpo e da sua sexualidade, no fundo ao poder libertador que advém da possibilidade de escolher. Evidentemente acaba por ser uma atitude precursora somente pela exposição que a própria CPC já sobre si tem projectada (existem trabalhos de fotografia tão mais explicítos, como tecnicamente com melhor qualidade).
A mais valia que tem realmente é reafirmar que a mulher também tem orgasmos e gosta de os ter; não morre por causa disso e, como são dela, ela faz deles o uso que quiser. Isto para uma sociedade profundamente idiossincrática onde, em mundos domésticos, familiares e religiosos bem perto de nós, ainda se remetem ao sexo catástrofes, quase xamânicas, individuais e colectivas tem um valor social muito importante. E, neste aspecto, reside o interesse duma entidade pública ter acolhido esta exposição: cumpre um serviço público, actua como agente social activo na esfera cultural e desconstrói mitos rurais no mundo urbano onde está implantado.