Quarta-feira, 13 de Janeiro de 2010
assim estou eu.
Não me apetece falar de nada. Não me ocorre falar de nada. não se me assola realmente nada muito importante que me apeteça compartilhar. Empty brain. Conheço uma pessoa que, por muito menos (estava com falta de apetite), foi ao médico e saiu do gabinete diagnosticada com uma depressão. Para além do facto de me perguntar quem é que vai ao médico por andar a comer menos, imagino-me a sair de lá com uma carta de internamento numa unidade hospitalar vocacionada para o tratamento psiquiátrico. Eis o perigo de irmos actualmente ao médico: ascendendo a depressão a doença do século, a facilidade dediagnóstico da mesma é alarmante. Descobri em conversas de ócio que há, pelo menos, duas pessoas que conheço , "amigas de amigas", cujas crianças menores e deprimidas são medicadas. Nesta completa fobia pró depressão, esta condição (de desiquílibrio químico do metabolismo) acaba por ganhar todo um terrível e alargado mundo de possibilidades e cair no corriqueiro. Tal como as pessoas se medicam para a constipação anda meio mundo a medicar-se para a depressão, alguns sem diagnóstico, outros sem segunda opinião. E no meio onde fica o nosso senso comum? Hoje em dia já ninguém pode estar abatido? Triste? Tristonho? Aborrecido?
Estar alegre a toda a hora é sinónimo de se ser saudável? Vamos acabar de vez com o equilíbrio alegria-enfado e passar a ser pessoas felizes? Pergunto-me se esse medo actual do estado "tristonho" do ser, não será a negação da necessidade de introspecção, de empatia connosco próprios. É que ser alegre a toda a hora nunca levou a muita criatividade.
Conclusão: eu não mestou deprimida, estou como o tempo e penso sinceramente que o meu cérebro precisa tanto destes momentos como dos outros, opostos.
De cassandra a 13 de Janeiro de 2010 às 19:09
E pá, é isso mesmo. Tudo isso. Estou aborrecida até às entranhas com este tempo. Mas longe de querer ansiolíticos... contento-me com a Austrália :). Happy new year.
Ah, a Austrália... meia noite e mais 25 graus do que aqui... pezinhos na água do mar e estrelas no céu...
E pensas tu muito bem!
Há, de facto propensão ao erro de diagnóstico no que diz respeito a depressões. Hoje em dia os médicos vão todos pela facilidade, e passar uma receita de anti-depressivos e ansiolíticos é muito mais simples e rápido de que tentar perceber o que se passa de verdade.
A tristeza, segundo Eduardo Sá, é a constipação da alma. E a depressão será uma gripe. Não se tratam da mesma maneira. E se medicados precocemente, os miudos têm todas as probabilidades de desenvolverem verdadeiras doenças psiquiátricas, muitas vezes crónicas...
O que há a fazer, é, à partida, consultar um bom psiquiatra. É um mito, que eles te metem uma receita na mão e te entopem de medicamentos até à medula. Pelo contrário, têm know how, para avaliar o que é e o que não é uma depressão. Já os médicos de familia, às vezes, despacham o pessoal com um diagnóstico "ao lado"...
B'jinhos
É isso mesmo. Ainda nunca tinha racionalizado sobre o facto de cada vez mais pessoas, o mais grave são as que são crianças, medicadas "à bruta". Muito grave realmente...
De
Clara a 14 de Janeiro de 2010 às 14:41
Sofia,
esta sociedade simplesmente não permite a Tristeza. Tudo é produzido para nos manter num estado de perfeito júbilo, para que se mantenha a ordem social. Tudo isto soa a falso, porque o Homem é feito de emoções, de todas as emoções. Por isso, não é natural ignorar e recalcar essas mesmas emoções.
Às vezes, a tristeza elucida o nosso pensamento. Talvez seja por isso que a sociedade combate a tristeza porque não nos quer vejamos as coisas como elas são realmente...
Beijinhos
Percebo, anesteciados e alheados, todos magros, felizes e com dentições branquinhas à clinica personna! Que raio de mundo este!
De Elaine a 22 de Março de 2010 às 12:51
Incrivel como este tema é permanente na nossa sociedade...desculpa lá o blá blá blá mas gostei mesmo deste espaço e do conceito. a ideia dos 30, não ser nova mas ser um cadito cota...curiosamente ando com essa sensação em cima dos ombros, e não é que fiz 27 anos? outra coisa interessante são as mulheres da nossa idade que decidem viver sozinhas, ter um emprego(vs trabalho) e não precisam de um sustento masculino. No outro dia, notei que as minhas colegas de trabalho andavam a falar 'às escondidas' sobre gravidez....e como não sou casada ou 'junta' , nem sequer servi para a conversa...estas ideias irritam-me. Bem, tanta conversa para dizer que espero voltar aqui :) Gostei da liberdade de expressão!
Comentar post