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Estou contentinha. Contente de estar aqui, no início da década de 10 do novo milénio. No início daquilo a que o Buck Rogers nos prometia para o século XXI: abundante tecnologia, novas fronteiras, outros mundos dentro do nosso. Apesar das novas farpelas insosas derivadas do latex, a ética permanecia e os princípios humanistas fortaleciam-se face ao confronto com outros.
O prolema é que deverá ser preciso um novo século para emergir uma noção qualquer de terráqueos, um novo slogan do género: habitantes do planeta Terra uni-vos! Questões como o aquecimento global, a fome, a desertificação continuam a ser nichos de interesses. O terrorismo, essa concepção que nada tem de global, apesar de advir da globalização, parte a nossa ideia de mundo ao meio. Mais uma vez ficaremos privados de uma metade do planeta e, novamente, por muito tempo. Colocaram-nos sobre os ombros uma nova fidelidade, a de sermos europeus unidos, mas podemos deixar de acreditar de vez nessa frágil construção artificial da nova economia a que chamamos União Europeia a qualquer momento simplesmente porque lhe falta uma coerência e identidade histórica marcante.
Não sei o que será a interpretação desta década daqui a 50 anos, mas estou contentinha por estar dentro dela. Também não tenho outro remédio. As influências para a minha vida imediata não são muitas, mas consigo relevar as seguintes:
- já não existem ídolos planetários; agora multiplicam-se cantores, actores, artistas plásticos, anónimos face booquianos e afins para toda a gente e pessoas como o Mika ou a lady gaga ficam quietinhas no cantinho da mtv que hoje já é só uma aldeia provinciana;
- podemos reivindicar tudo aquilo que quisermos; podemos é continuar a não ser ouvidos, mas podemos reivindicar, assinando por clique petições on-line expresso.
- estamos muito, muito informados sobre tudo e, ao mesmo tempo, sobre nada: o nosso, e os outros, parlamentos eleitos por nós continuarão a decidir questões sobre as quais não temos qualquer informação e a democracia participativa crescerá em desproporção à nosa sub informação sobre questões centrais para a nossa existência.
- acreditamos na ilusão de que podemos chegar a qualquer parte do mundo e qualquer parte pode chegar até nós. O problema é que essa parte é uma elite proporcional àquela a que pertencemos. Os milhões de famintos do mundo, os milhões de refugiados e os milhões de pessoas que sobrevivem para lá da definição de pobreza estão a anos luz da nossa ilusão.
Bom Ano para todos, seja lá o que isso for. Para mim será a tentativa de praticar o contínuo exercício da capacidade de conseguir ser feliz.