A mulher de 30 anos não era nascida no 25 de Abril de 74; não ouviu radionovelas e não vibrou com o Festival da Canção. A mulher de 30 anos tropeçou em dois séculos e está aqui! Também opina, ainda não é anciã e agora é mãe

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Boa noite,Como a entendo.Uma coisa é fazer o "que ...
É tão giro encontrarmos desenhos antigos, retratam...
Compreendo perfeitamente! É tão difícil deixá-los ...
Segunda-feira, 2 de Março de 2009

Esta música que agora vos deixo

 

... não é do Festival da Canção!!!
 
É caso para dizer "iupi!!!", não é?
 
Eu sei, eu sei, já não há pachorra. Para qualquer lado, televisivamente falando, que uma pessoa se vire parece lá estar omnipresente a Sílvia Alberto, melga e feliz da vida, a apresentar vezes sem conta as canções festivaleiras desde o século passado, ano por ano, canção por canção, vira o disco e literalmente toca o mesmo.
 
Eu até gosto da "Desfolhada". Tem um poema do Ary dos Santos. Eu acho piada à história da "Tourada" cantada pelo Fernando Tordo quando era giro. Eu até acho piada a esse, hoje elevado a, ícone pop que graça por José Cid e àquela canção que reptia o amor em línguas estrangeiras. E claro, também considero que o "E Depois do Adeus" para além de bonita é muito simbólica e isso tudo. Mas, por favor, parem lá com os concursos para eleger a melhor canção de sempre de um festival que já morreu! A seguir a isso vem o quê? A eleição do melhor episódio do "Dallas"?! E depois? Passamos três anos com a Sílvia Alberto a apresentar cada um deles? E o pessoal em casa a votar?!
 
Bem, isto tudo para dizer que nas minhas andanças laborais por, longos e tortuosos caminhos, andei a dar uma de etnomusicóloga e a descobrir uma a uma... não, não foram as canções do Festival!
 
Andei a redescobrir as "Canções Heróicas".
 
daqui
Para quem não sabe houve um músico, compositor, maestro, professor, musicólogo (pois, a área não é só lobby do maestro amigo da Bárbara Guimarães) que, fascinado e inspirado pelo Béla Bártok, deixou um vasto legado ao panorama musical português. E mais, na língua universal que adoptou, das suas composições resultaram, não só trechos para quem já carregava uma educação/erudição musical, mas sobretudo a composição musical de canções populares (como o "milho verde") passíveis de serem tocadas e cantadas por qualquer orfeão de qualquer colectividade por mais recôndita e amadora que fosse. O seu conjunto inicial designava-se de "Canções Regionais Portuguesas".
 
Fernando Lopes Graça (n. 1906;m.1994) foi fundador do Coro de Amadores de Música de Lisboa e não teve uma vida fácil durante o Estado Novo, o que (a atentar na temporalidade da sua vida) lhe cerceou projectos, profissão e intimidade.
 
Ora as "canções heróicas" nascem da adversidade e emergem como projecto nessa relação estreita que a música e a literatura possuem quando se tenta exprimir ideias, afirmar ideologias, instruir e alargar horizontes. Num período em que a resistência ao regime salazarista se fazia de modo mais directo, mais indirecto, mais na sombra, no exílio ou totalmente na clandestinidade, Lopes Graça fê-lo através da música. E isso também não o livrou da prisão.
 
Como para os regimes autoritários os livros e a música (agora a internet também) costumam ser um alvo prioritário a abater e esta ideia, só por si, é fascinante: os livros e a música terem poder de implodir as ideias que neles estão contidos, estas "canções" que vos falo nunca viram em todo o seu esplendor a luz do dia, através de uma edição maior ou passagem na rádio ou na tv, até 1974. Contudo, tornaram-se um símbolo da mobilização em torno de uma ideia unitária de oposição política; no fundo são canções da resistência.
 
Assim existem, pelo menos, 11 canções incontornáveis (eu comecei a debruçar-me melhor sobre isto há pouco, ainda me faltam ouvir umas quantas e ler mais coisinhas) com excelentes poemas da crème de la crème da nossa literatura na esteira neo-realista do Fernando Namora: desde o José Gomes FerreiraCarlos de Oliveira ou a José João Cochofel, entre outros.
 
Deixo-vos as letras de duas... e se quiserem mais vão ouvir as "Canções" ou lerem os livros...
 
Livre (Carlos de Oliveira)

Não há machado que corte
a raíz ao pensamento
não há morte para o vento
não há morte

Se ao morrer o coração
morresse a luz que lhe é querida
sem razão seria a vida
sem razão

Nada apaga a luz que vive
num amor num pensamento
porque é livre como o vento
porque é livre

 
Acordai (José Gomes Ferreira)
Acordai
acordai
homens que dormis
a embalar a dor
dos silêncios vis
vinde no clamor
das almas viris
arrancar a flor
que dorme na raíz

Acordai
acordai
raios e tufões
que dormis no ar
e nas multidões
vinde incendiar
de astros e canções
as pedras do mar
o mundo e os corações
 
Acordai
acendei
de almas e de sóis
este mar sem cais
nem luz de faróis
e acordai depois
das lutas finais
os nossos heróis
que dormem nos covais
Acordai!
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publicado por amulherdetrintaanos às 23:08
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