
Não sei se já repararam, mas não ando lá uma blogueira muito activa.
Não tenho tempo.
Eu até gostava, mas não consigo.
O facto é que eu pertenço àquele grupo de pessoas com pouca sorte. Aos que acordam ao vigésimo nono toque irritante do despertador; aos que ficam com ar de peixe nas duas horas seguintes a se terem levantado da cama, por muito que lavem a cara, esfreguem os dentes, ponham creme; àqueles que não têm humor matinal e que fazem tudo de forma mecânica e nem se lembram onde estacionaram o carro no dia anterior. Eu sou uma "perdida matinal", uma olheirenta, trombuda e rouca (daquelas pessoas a quem as outras perguntam de manhã: "estás constipada? Estás tão rouca!").
Assumo: preciso de, pelo menos, dormir 9 horas (eu sei que é muito nos dias pós modernos que correm, mas mesmo antes dos dias que correm, eu já precisava de dormir esta catrefada de horas). Claro que tenho sempre presente na minha ideia o meu professor de filosofia do 12º ano, pessoa mui culta e interessante e que afirmava orgulhoso que “colhia da vida tudo o que ela tinha para dar”, pois só precisava de dormir 5 horas. Desde então, ando com uma sensação de vida a passar por mim que é qualquer coisa e a impressão de que me escapa da colheita muita coisa por… andar literalmente a dormir.
Depois uma pessoa faz as contas e entre as tais 9 horas perdidas entre baba e roncos, sem insónias pelo meio que eu quando durmo, durmo; somam-se mais 7/8 a laborar.
Já lá vão 17 e meia.
Mais meia hora para jantar, a que se acresce mais uma de intensa actividade cozinheira; duas para almoçar (eu sei, eu sei que pode ser demasiado, mas é assim, eu até preferia só meia hora e sair mais cedo, mas não vivo na Holanda, nem trabalho no IKEA).
Restam três horas.
Ora eu tomo banho. Aqui se perde mais uma (é um ritual, tem cremes que levam tempo a esfregar e um secador de cabelo retardado que parece ter uma daquelas lâmpadas amigas do ambiente que demoram uma eternidade para, do conceito, passarem à prática e dar luz que alumie alguma coisa).
Ficam duas horinhas.
Como eu até Dezembro tenho trabalhos de casa laborais para fazer estou completamente out de vida própria porque, no fundo, sou escrava de mim mesma- do meu sono, do meu trabalho, da minha higiene diária e desta terrível incapacidade que temos de viver sem comer e ainda termos de confeccioná-lo.
E como carrego dentro de mim uma organização tão organizada, mas tão organizada que irrita, passo mesmo estas duas horas à frente do computador com uma catrefada de papelada e livros e notinhas a trabalhar.
Agora que li isto parece uma vida muito triste, não parece?
Mas não é, estejam descansados, continuo a deixar espaço para os pequenos prazeres da vida. Têm é de ser mesmo muito curtos para não me dispersar.