Sexta-feira, 13 de Junho de 2014

Logo à noite vou à feira do livro (sem correr atrás de uma bebé desalmada numa maratona desenfreada, cima-abaixo, no parque Eduardo VII) e vou aos santos (expressão tão estranha) preocupando-me apenas a dar de comer a mim própria, a pôr-me só a mim a fazer chichi e outras coisas triviais assim. Sem bebé. Eu confesso. Sou uma mãe que sofre de saudades por antecipação, pela hora do apartamento (de apartar) e pela conjectura hipotética da ausência. Sem bebé?! WTF?! OMG!
Quarta-feira, 11 de Junho de 2014
Para além da Trafaria
Minha mãe, haverá mundo
para além da Trafaria?
Não sei, meu filho. Não sei.
Tudo aquilo que sabia
já no meu sangue te dei.
Que serras são estas, mãe,
que não nos deixam ver nada?
São rugas que a Terra tem.
Não maces a tua mãe.
Deixa-me estar descansada.
Ó mãe, que rio é aquele?
Onde nasce e onde morre?
Ó filho, é Deus que o impele.
Entretém-te a olhar para ele.
É um rio. Tem água. Corre.
Quando eu for crescido, mãe,
quero saber e entender.
Ó filho, o supremo bem
é cada qual, com o que tem,
resignar-se e agradecer.
Deus faz tudo pelo melhor.
Não se engana nem se esquece.
De todo o mal, o maior,
seria sempre pior
se Deus assim o quisesse.
Ninguém foge ao seu destino.
Está tudo determinado.
Não penses com desatino.
Dorme, dorme, meu menino,
Um soninho descansado.
António Gedeão, in Poemas da Gaveta: Poesias Completas- 1956-67
Queria eu dizer, cinquenta dias sem fumar.
O meu update versa apenas no seguinte: a mentalização psicológica é poderosa; quem diz que não faz confusão nenhuma deixar de fumar após anos e anos ou é uma excepção digna de registo nos anais da psiquiatria ou então é presunçoso; a parte social e a do hábito influem muito, mais de 75%, digo eu; é necessário redefinir padrões mentais na socialização que, individualmente, estão alicerçados no acto de acender e fumar um cigarro em estruturas de rotinas e práticas, analogias agora órfãs. Voltando ao início, a mentalização psicológica é poderosa e constatei isso antes de ontem quando saí à noite com uma amiga e, não fumando um cigarro, consegui não gastar mais de 15%, das 3 horas e pouco em que estivemos juntas, a pensar nisso.
Segunda-feira, 9 de Junho de 2014
Sexta-feira, 6 de Junho de 2014
Quando se consomem muitas notícias, se fala sobre as notícias, discutem-se notícias, fico sem paciência para dissecar notícias aqui. Este blog não se substitui a uma boa discussão política. Aqui não me apetece fazê-lo. Depois, sem muito tempo útil de lazer, consumo muitos blogs. Gosto de os ler. Verdade. Isso também retira móbil para postar. Nunca tive vocação para os diários na pura acepção etimológica do termo. Nunca escrevi todos os dias neles o que comia, com quem falava, o que via. Fazia-o uma e outra vez, parava, quando voltava havia passado muito tempo. Daí os meus diários infanto-juvenis se parecerem com pequenos ensaios individuais sem intersecção temporal entre eles e nenhuma linearidade cronológica. Restam-me para aqui os desabafos, pensamentos soltos (muito blasés quiçá), uns laivos de registo observante, pouca comida, alguns livros, selfies com filtro... Daí esta intermitência a que tem estado votado este diário que não o é. Começo a considerar o meu blog como o contra-senso do que se apregoa como a principal característica identitária de um blog: uma linha editorial. Um tema. Espero que esta desarrumação conceptual tão grave não afaste ninguém, mas não consigo prometer rubricas e organização. Mesmo assim, a emissão seguirá dentro de momentos...