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Fashion adviser: fotografia não editável e intragável se forem fashion victims. Chamo-lhe "outfit à la kusturika". Foi ela quem o escolheu: em cima de um belo fato de treino, um pijma de verão da minie. Atenção tudo em torno de pantone roxinho, rosinha e fuschia. Atenção aos ténis hello kitty, só mesmo para ser criativa.
Isto é o máximo até onde vou em termos de exposição.
Porque, apesar de ser ecologicamente responsável, vários álbuns de fotografias com legendas personalizadas são muito mais engraçados, na minha perspectiva, do que um babyblog. Ao que se acresce o facto de, no fundo, as coisas relacionadas com a minha filha serem dela, não minhas, apesar de eu achar o máximo e não esquecer o dia em que naquele bacio se defecou uma bonita pôia, pela primeira vez fora da fralda. Isso e toda a historiografia do seu crescimento pertencerem a ela e à família e, lamento, desconhecidos, sabem-se lá vindos de onde e para onde, não serem metidos nem achados na sua vida.
Segundo porque se eu tivesse nascido e crescido com a internet não ia achar mesmo piada nenhuma a que fotografias da minha pessoa em vários estádios da minha existência pululassem virtualmente por aí para sempre, que me reconhecessem, que os meus amigos partilhassem parte da minha vida, qual Ed tv e que eu pudesse ser reconhecida por responsabilidade de outros que não eu, a mais interessada, mas que fui sendo escarrapachada na internet anos a fio sem me perguntarem nada. Não é a minha atitude parental.
Não acho bem nestes tempos de hiper-exposição em que a imagem vale mesmo mais que muitas palavras, em que ela domina e dela emanam juízos de valor, em que a imagem se sobrepõe a princípios, a valores e, sobretudo, em que o livre arbítrio é cerceado pela constante rapidez de imagéticas sobre tantos e tão variados assuntos, onde se cerceiam os tempos naturais da assimilação e formação de cadeias entre signos, significantes e significados, não acho bem, dizia eu, que se atirem seres cognitivamente em desenvolvimento e incontinentes (aka bebés e demais crianças) para um universo paralelo desregrado e acessível onde essa imagem pode servir interesses muito beatíficos, mas outros completamente doentios. Por causa destes últimos, diluídos entre muitas pessoas normais e idóneas, estou certa, é que não há fotografias para ninguém aqui neste blog e, por outro lado, por respeito à privacidade da minha descendente é que não há grandes descrições das suas conquistas naturais de pessoa em desenvolvimento.
Espero ter respondido à questão que, regularmente, me fazem, apesar da resposta ser sempre a mesma, mas com a diferença de que, a partir de agora, posso remetê-los para este link.
Olha, estive quatro semanas em casa. Doente.
Já passou.
Hoje foi o primeiro dia de trabalho. Ainda custa mais do que após as férias apenas porque estive, literalmente, sem me mexer durante quase um mês em que não sai de casa sem ser para ir fazer exames e visitar doutor ao Hospital.
Estou muito contente. A mima rotina faz-me bem e a liberdade também.
Nota: estou há 25 dias sem fumar!
Outra nota: bebé vai ao bacio como gente grande. Há oito dias a esta parte, apenas dois deslizes urinários. Valentona! E é, mais ou menos, assim. Com muito entusiasmo à mistura!
E o que é que se faz quando nâo se tem nada para fazer? Ter, ter, até teria, mas a prescrição médica de não apanhar correntes de ar e descansar mesmo muito não deixa motivação para grandes planos. Estar em casa a aboborar não é, de todo, a coisa mais feliz do mundo. Assim enquanto espero resultado do último exame que me há-de dar libertação caseira tenho dormido em quantidades generosas como não o fazia há mais de dois anos. Mamãe e homem de trinta anos são chefs gourmets. Filhinha dita não vai à rua, mamã doente.
Assim, oscilo entre tentativas de leitura
Folhear de revistas coloridas
Planos de bricolage desmotivadores
Pentear cabelos com o meu alisador pouco utilizado
Comer
Comer
Nos intervalos, comer
Pouca tv
Muita net
Arrumações pequenas
E este sábado culminava um trabalho de 5 meses de intensa pesquisa, trabalho de campo e recolha oral inédita e eu não vou estar lá para ver os olhares das pessoas que viveram aquilo e a quem só passados 50 anos lhes pediram para contar como foi. Pedimos, eles contaram, relembraram, buscaram documentos e fotos e coisas e outros nomes e nomes que já são óbito, mas que para eles estão tão vivos como há meio século atrás. E mesmo que não gostem da forma irão sempre comover-se pelo conteúdo que são eles pelos olhos dos outros, mas são eles. No seu discurso, através das suas memórias, são eles a lembrar outros, sem o desconhecimento e a incerteza de então, sem o medo, mas com a mesma esperança de quem reconhece a liberdade porque nasceu e cresceu privado dela e o arquétipo mais parecido era um ideal. Uma geração inteira de pessoas livres a quem privaram da liberdade anos a fio. E eu vou estar em casa. A recuperar.