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E mais uns valentes milhares no resto do mundo, não? A "nossa" gripe da voz fanhosa e da ranhoca também é pandémica, não é?
O pânico está assim um bocado para o descontrolado ou não?
É que acabei de ver uma senhora no aeroporto da Portela a contar, desvairada, que uma chinesa lhe tinha tossido para cima durante o voo e que agora não sabia o que fazer!
depois disto pergunto-me como acabará agora a história dos três porquinhos...
Pobres de nós os que ousarmos apresentar sintomas gripais...
Porque passaram 35 anos (e uns 4 dias...) que a liberdade nos caiu ao colo e porque desde então não lh esgotámos possibilidades;
Porque a utopia da construção democrática há 35 anos parecia estar ali mesmo à mão;
Porque a democratização de acessos à saúde, à educação, à inclusão, à habitação, ao emprego ainda não foi cumprida;
Porque existiram milhares de pessoas presas, detidas, espancadas que hoje recebem reformas miseráveis quando foram movidas por uma ideia de liberdade colectiva e a colocaram acima do seu interesse individual;
Porque eu nunca percebi como as pessoas que as prenderam, torturaram e, nalgumas vezes, mataram nunca foram julgadas e hoje recebem reformas porque prestaram serviços públicos;
Porque a liberdade de livremente pensar, cantar e falar não tem preço que a pague;
Porque o facto de ter havido 25 de Abril e a guerra colonial ter terminado a seguir não fez da minha mãe viúva antes que, de potencial projecto, eu pudesse passar a coisa prática,
Porque como cantava o José Mário Branco, nós todos viemos de longe, de muito longe e passámos muito para aqui chegar.
Estas, entre outras e mais filosóficas, as minhas razões para não esquecermos o dia para que, os 48 atrás dele irremediavelmente associados, não se voltem a repetir.
Com atraso, mas com muita convicção!
Congrantulando-me pela visita da Primavera trabalhei hoje 12 horas.
E saí de lá contente.
Os sapatos que vós vedes são, em simultâneo, a minha ode primaveril pesoal e a confirmação da crise económica doméstica em que vivo. Creio ser a única pessoa do país que ainda não viu esses grandes benefícios apregoados e que versam sobre o pragmatismo da descida da taxa de juro sobre o crédito à habitação (do banco) que eu pago há seis anos. Aparentemente é só para o próximo mês. Logo os sapatos são símbolo da minha poupança mensal. São do ano passado e estão em bom estado; logo, serão muito usados até ao fim de Maio, data ainda primaveril em que me darei autorização para dispender mais euros dedicando-os aos meus pés. Isso e uma pedicura com massagem dedo-a-dedo.
As recorrências compartilhadas agora são uma mera constatação filosófica da minha própria existência e, aparentemente, coisas que, volta não volta, teimam em me acontecer. A minha amiga T., sabedora de reiki, dir-me-á certamente que fui eu, por alguma razão desconhecida de mim própria, que conjunturei em termos energéticos e semi-conscientes para essa atracção negativa, mas eu, alegre dogmática, só acho apenas que são coisas mesmo parvas. Assim e porque isto hoje não dá para mais, aqui vão:
- na sexta-feira fiquei fechada em casa, logo de manhã, quando tentava abrir a porta para ir trabalhar. Parti a chave na fechadura. O telemóvel não tinha bateria. Não encontrei o carregador à primeira. Meia hora depois estava a procurar o número dos bombeiros na net. Finalmente consegui que o homem de trinta anos me atendesse o telemóvel. Com um alicate consegui tirar o resto da chave. Liguei para o meu trabalho e eufórica contei em dez palavras a minha epopeia (que de resto devia soar a desculpa mesmo insólita, mas há verdades que são assim!). O homem de trinta anos chegou meia hora depois e abriu a porta em segundos. Gritei, grunhi e amaldiçoei o seu excesso de selo por fechar a porta a quatro voltas quando sai. Entretanto fiquei com a ideia de que a senhora que lava o meu prédio e que foi a minha interlocutora com o mundo exterior durante a longa hora da minha provação, tentando acalmar-me, quiçá pensando que me poderia atirar em pânico do 4º andar, ia falando comigo muitooo calmamente encostada à minha porta, ficou a desconfiar que eu seria uma espécie de mulher do Zé das Medalhas e que era costume o meu esposo me trancar em casa quando me porto mal :) Desde então cruzei-me duas vezes com ela e aquele olhar cúmplice de pena que me oferece pesa-me muito...
- depois, nesse mesmo dia, fui multada à porta do meu local de trabalho por ter ultrapassado em 25 minutos o prazo do parquímetro. Ora eu estava numa reunião, senhores!
- finalmente, no final da tarde desse mesmo dia, tive uma das minhas discussões pseudo- cinéfilas com o senhor do clube de vídeo (que não o Blockbuster) que tem a mania de opinar sobre tudo o que uma pessoa escolhe para alugar e que, como já constatei há dois anos, tem um gosto cinematográfico muito próprio. Não é que perdi uma eternidade a discutir se o género do "Labirinto do fauno" seria ficção (dizia ele) ou fantástico como eu tentava afirmar "Senhor, ficção é tudo o que tem aqui, desde aqueles porno e eróticos aos da comédia e ao meu "Labirinto do fauno"!", "Ai não, não, a menina veja lá que ficção é uma história que não é real da nossa realidade de todos os dias e esse filme que leva aí é ficção, tem monstros e entidades que não são reais!" E eu juro que ele usou a palavra "entidades" e que fez o tss, tss, no fim da frase. Não contente quando me está fnalmente a pôr a bolachinha dvd na caixa ainda se vira e atira-me esta: "Olhe se quer um filme mesmo bom leve este com o Liam Nesson. É um graaande filme!" Tinha assim um nome tipo "Fuga Impalcável" e até lhe dou o benefício da dúvida, mas não tem nada a ver. Isto é um exemplo da não ficção das minhas idas e recorrências ao video clube que noutro dia e não naquele teriam sido muito anti-stressantes.
Ah?! Isto é que foi um dia cheio!!!
No sábado fui à Feira.
No sábado comprei um vestido igual a este.
Igual, igual... não é bem assim. O meu não é da Ossie Clark, é de um anónimo, quiça produzido massivamente num vão de escada pejado de mulheres mal pagas que, neste momento, devem estar a costurar ferozmente para ver se o estaminé para onde trabalham não vai à falência...
Voltando ao meu vestido: tem todo este glamour vintage e mais algum. Só não tem o grande cinto com laço. O laço está no pescoço. E a altura. O meu assenta depois do joelhito. De resto está lá tudo: os plissadinhos, a manga três quartos, o tecido a fazer lembrar seda e a cor (que o padrão não é tão circular, mas cai bem à mesma).
Ora contas feitas, o meu vestido custou menos £993, o que dá qualquer coisa como mil e poucos euros.
De facto o meu vestido foi muito barato.
Vejamos: 2euros pelo dito + 2 euros para a senhora que me costura os arranjos, pois tinha a bainha descosida e uma pessoa não vai olhar a essas coisas, pois, na altura, está mais preocupada em tirar as moedas da carteira e a contá-las e a congratular-se em pensamento pelo magnífico negócio que se vai concretizar, mal encontrasse os 20 cêntimos que me faltavam para perfazer o montante!
E ajudei a economia doméstica do vendedor. Só vantagens!
E merecerá uma foto logo que a senhora costureira reformada mo devolver!