. Bom dia
. Finalmente, toda uma cole...
. O que é a amizade depois ...
. Da epifania televisiva de...
. Hoje constatei que é dia ...
. Discurso directo I e II (...
. Os dias em que todos nós ...
. outros lugares
. grilinha
. leelala
. oh joy
. the busy woman and the stripy cat
. Blogs de outras mães (e pais)
. mãe 360
. caco mãe
Ups!!! Ai senhores, ai senhores (com entoação fadista) que eu escrevi "quotas" com "c" no post abaixo, mas vou assumir as minhas faltas e fica assim, até porque o meu computador está tão lento que nem vale a pena. Estou aqui que não me tenho perante tal erro... A minha cabeça está dividida entre a Edite Estrela, o Diogo Infante e o novo acordo ortográfico...
Uma ideia no ar... também pode ser adivinha, só para iluminados:
e quando nos dizem: "O seu colega está?" e depois de resumirem a coisa, viram-se para outra colega e atiram "Ah, uma colega tão novinha?! Tem uma carinha de miúda!" e nós ali!
Nós devemos...
primeiro:
pensar assim "que querem falar com o nosso colega mais velho porque acham que ainda somos novinhas demais para perderem tempo; no fundo, umas autómatas inseguras e insensatas. E isso é parvo como o raio porque somos extremamente competentes, assertivas e rápidas a resolver tudo e viramos costas a deglutir, em eco imaginário, um "velha estúpida, vai ser paternalista para a gruta de onde saíste!"
ou, segundo:
pensamos "Fixe pá, devo ´tar mesmo bem?! He, he, he... cara de miúda e já quase 32!!! Será o creme hidratante extremamente caro que resulta, retardando, efectivamente, os efeitos do envelhecimento? Será que o tabaco até faz bem à pele e ainda não se descobriu?" e nem nos lembramos de nos sentir insultados, pois a sensação de euforia egocêntrica ocupa-nos o cérebro inteirinho e até soltamos, alegremente, umas endorfinas a mais?
Decididamente, não consigo ascender à zenitude da segunda...
Eu, às vezes, sou rapariga para demorar um bocado a perceber certas coisas. Ando a assimilar por osmose as coisas, a ser bombardeada com elas, metaforicamente falando, e até parece que me atravessam, mas não retenho nada.
Então, não é que eu pensava que a adorável ideia (no mínimo, pois tenho vontade e audácia para adjectivá-la de desnecessária) de que toda a gente era um potencial sócio da selecção só era passível de ser adquirida com aquele kit maravilha do supermercado a que se associou a rtp. Pensava eu que, uma pessoa ia comprar umas laranjas e um sabonete e via o kit, comprava e lá dentro devia vir um cartão de sócio, acompanhado de um formulário e instruções que congratulavam o feliz comprador, desde então, intitulado de sócio. Qual quê?! Eu fui hoje esclarecida por um iluminado que kit era kit e só trazia cachecol + bandeirinha com cores certas! Ser sócio era outra coisa. Era gratuito e para qualquer mortal.
"Mas sócio, sócio como...?" dizia eu ao meu colega, "sócio" pode ser sinónimo de compincha; amigo; camarada; companheiro; bacano"...
E agora perguntam-se vocês "mas esta moçoila passou-se de vez ou não tem mais nada para escrever?"; ao que eu respondo que não, não me passei e sim, não me lembrei de mais nada. Mas a história não termina porque esse meu colega gastou o meu intervalo cafezeiro a dissertar sobre essa intenção maravilhosa que era permitir que o universo "associativo" da selecção nacional futebolística pudesse crescer até mais não. Para quê? Essa parte não percebi. Ele é sócio da selecção. Aí juntaram-se mais colegas. Houve uma que, não saindo da linha patriótica de algibeira, até tentou desviar a atenção para outro feito, o da cantante que foi ao estrangeiro e ficou bem classificada; outro ainda, puxou à conversa a atleta do triatlo, mas nada, nada podia parar aquela conversa ciclónica, tão intrinsecamente vazia, do cartão de sócio da selecção. Outro perguntou se, ao menos, nos davam em troca qualquer coisa, mas ninguém soube responder... "Não basta ser português para se saber de antemão que se apoia tranquilamente a selecção?"- eu outra vez, "Claro que não!", responde o colega já a sentir o sabor amargo de ser uma minoria... Ninguém o torturou por tal, até porque diz que é muito nervoso e toma muita medicação, deu-se-lhe o desconto...
Ora bem, se ao efectuar esse acto tão simbólico, uma pessoa tivesse acesso a privilégios de foro patriótico, tipo ir a Belgrado ver o Festival da Canção e ficar a conhecer a cidade; ir a Bruxelas visitar a sede da UE e visitar o Museu do TimTim; ganhar um passe gratuito ao género do inter-rail para experimentar o TGV na Europa e depois opinar sobre o dinheiro que vai sair do bolso dos sócios da selecção para o pagar, ainda vá que não vá. Eu até acredito que, mesmo se só fosse oferecida uma viagem excursionista até Alcobaça com paragem nas Caldas para comprar loiça brecheira e umas cavacas, o número de associados seria bem grande, mas assim, sem dar nada em troca... hum...
Estas coisas irritam-me e não lhes dou importância. Daí a negação e a confusão depois feita sobre questões de interesse altamente nacional. Mas, por outro lado, também me despertam uma análise deveras irritada e muito subjectiva.
Vamos lá a ver. Em Portugal há uma crise de cidadania. As sondagens europeias mostram que estamos sempre na cauda de qualquer sondagem sobre participação pública, associativismo, defesa de direitos e por aí. Ou seja, português que é tuga só se interessa por alguma coisa quando de colectiva lhe toca na sua individualidade. De resto, grandes causas, grandes reivindicações, grandes ideais ou solidariedades é para os outros. Ou seja, português que se preze não se mete em confusões, não se chateia com pormenores, não toma grandes partidos; não tem tempo, não tem vocação. Não percebo onde se enraiza este comportamento, mas tentou-se semeá-lo há uns largos trinta anos e até hoje, mercê do clima, não cresceu.
Depois aparece uma Federação que é de futebol a fazer sócio quem quiser, indiscriminadamente e vai tudo inscrever-se. É certo que, nos dias que correm, ser gratuito é um grande atractivo e sai mais barato que comprar uma bandeira para pôr à janela. Contudo, qual é o alento de se dizer "sou sócio da selecção de futebol"? É redundante. Qualquer cidadão, já se sabe, num campeoonato europeu ou mundial, revê a afirmação da sua identidade através da equipa do seu país. Ninguém grita pela Rodésia ou pela China se estão a jogar contra Portugal (eu, para chatear até era capaz, mas pronto). Nenhum inglês, amante (salvo seja) de um jogador estrangeiro, tipo o Ronaldo, vai torcer por Portugal contra a Inglaterra certo? Nesta manobra de diversão que serve de argumento para a acção avestruz, o português médio, a empobrecer, endividado, deprimido, cinzento, triste, salariamente magro tem a oportunidade de, contra toda a adversidade, lutar porque é sócio da selecção! Dá alento. Está para agora como o Prozac para os anos 90. E isto é poderoso porque é uma característica inata de todos nós explorada por uns iluminados criativos, mas que é vendido como um dever patriótico de apoiar um bando de caramelos milionários que estão a fazer o que lhes é devido e a auto promover-se internacionalmente para serem comprados a preço de ouro, enquanto os outros sócios, andam a contar os tostões para comprar o cachecol. E quem é que os apoia a eles?
Ser português, neste país, não vem com cartão de sócio, mas vem com o de contribuinte. Se alguém se atreve a perguntar-me, mais uma vez que seja, se eu sou sócia do raio da selecção, eu digo que sim e espeto-lhe com o cartão de contribuinte à frente e até sou capaz de atirar a matar: "Sou sócia, sou, farto-me de pagar "cotas" e só sou chamada ás "reuniões da direcção" de 4 em 4 anos; é só desembolsar, desembolsar, mas não ganho nada com isso, nem uma consulta médica quando estou doente e não 2 meses depois quando já morri ou me curei naturalmente e nem tenho possibilidade de decretar falência nacional e reembolsar algum, é só perda, não há lucro! Toma, embrulha e manda para a ASAE!"
Quando estamos a meio de um seminário muito sério, profissional e composto e na fila de trás estão cinco espécimes do outro género que não o meu, já meio quarentões e perfeitamente engravatados, fatos excelentes, ipods e detentores de um ar muito yuppie e sério, nunca imaginaríamos que passariam as três horas seguintes a aflorar a meia voz assuntos tão sérios e controversos como:
- o cabelo de uma das convidadas, a blusa da convidada, a cara da convidada e a altura da convidada (ok, era muito volumoso, a rapariga era atarracadita, mas somente a constatação bastava, era escusado passar daí para as marcas de champon...);
- uma acessa discussão sobre a legitimidade ou falta dela pelo facto do Sócrates ministro ter fumado num avião fretado;
- a entrega dos globos de ouro e se o Jorge Palma ainda bebe, ou não, e se tinha bebido, ou não, quando subiu ao palco e foi atirado ao chão pelo Herman José...
e a cerejinha no topo do bolo...
- a falta de imagens nos power points que iam sendo apresentados...
Quando um bocejava, o outro ria, o outro acotovela-se o próximo e o seguinte atirava uma graçola ao primeiro. Consecutivamente, ao melhor estilo do "toca ao próximo e não ao mesmo"
Há por aí vozes a levantar falsos testemunhos. Vozes maldizentes apologistas da ideia, construída no tempo e no espaço por um homem qualquer, de que muito mulherio junto é sinónimo de galinheiro. Vocês nunca levaram com um grupo assim em toda a vida!
Escusado dizer que nem os olhares esgueirados por cima do ombro e a má cara da minha fila fronteira os incomodaram...
Os homens chegam aos 40 todos bloqueadinhos, já prescindiram de tudo o que havia para prescindir; têm fatos e gravatas e telemóveis e ipods, um carro e umas férias em Cancun, um molho de filhos, mas no fundo, no fundo, só precisavam eram de um recreio de vez em quando para interagirem em grupo ao estilo do bolinha onde "menina não entra". Como não têm tempo porque para comprar o carro, as férias, os fatos e as gravatas, têm horários de workaholic, só lhes resta o ginásio ou os seminários. Resultado: são deveras inoportunos nos timmings escolhidos para a terapia grupal do género e dão assim uma imagem de atrasados cognitivos bem vestidos.
E as mulheres é que têm conversas futéis, certo?
Quando o tempo está assim, instável e indeciso; quando o sol teima em desaparecer e a temperatura desce, desce, desce em proporção inversa à canção festivaleira sobre o balão que subia, subia, subia... e quando estamos a meio de Maio e o meu biquini novo, comprado na febre estival dos primeiros raios de sol primaveris e que aguarda dias melhores, está pendurado no roupeiro, e mal (porque pendurar um biquini de duas peças num roupeiro é difícil)... dá-me para ordenar ideias domingueiras, o que, nem sempre, é uma ideia fenomenal, pois é um exercício de retórica pouco profundo e um pouco disparatado. Afloram-se-me à ideia então questões tão profundas e pertinentes, mas incomodativas, contudo, pois não têm explicação fácil, apesar da aparente futilidade da coisa. Questões como:
- porque usa a mulher do Toni Carreira as suas sobrancelhas originais, pretinhas e farfalhudas (exemplo daquele adn tão português e transmontano, responsável pela propagação além fronteiras da ideia de que a mulher portuguesa era a mais peluda da Europa) e pinta o cabelo de amarelo? Nós olhamos e pensamos: epá, alto aí, volta atrás ou congela (para quem tem "meo")... há ali qualquer coisa que não bate certo...
- porque é que o Malato é tão valorizado? Nada como um talk show de one man only para se constatar o que há muito se intuía: falta-lhe qualquer coisa naquela hiperbolização de simpatia e bonacheirice; falta-lhe o resto, sobriedade e profundidade. E vem-me à cabeça a ideia de que, na parelha Malato/Merche, vai na volta, o cérebro era ela...
- porque é que ninhguém faz nada quando essa mega editora, glutona e implacável, expoente máximo do neo-liberalismo empresarial, faz birrinha e brinca com uma coisa tão séria e tão permanente na minha vida, esse happening primaveril que é a Feira do Livro?
- porque é que o linguado (o peixe) meu preferido está mais caro do que o bacalhau, quando este último é que está em vias de extinção?!
A crónica do Nick Paumgarten, intitulada "estórias de elevadores", foi inspirada neste acontecimento desesperante que aconteceu num movimentado edifício nova iorquino a um desafortunado.
É que ninguém deu por ele!
Pergunto-me o porquê de tanta câmara de vigilância. Ninguém as vê em tempo real. Aparentemente servem para a polícia em caso de desaire ou para as televisões em caso de ser um acontecimento desta natureza.
Da natureza de estarmos entregues a nós no meio da cidade...
chiririri-chiririri (entoação de filme de terror...)