A mulher de 30 anos não era nascida no 25 de Abril de 74; não ouviu radionovelas e não vibrou com o Festival da Canção. A mulher de 30 anos tropeçou em dois séculos e está aqui! Também opina, ainda não é anciã e agora é mãe

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Boa noite,Como a entendo.Uma coisa é fazer o "que ...
É tão giro encontrarmos desenhos antigos, retratam...
Compreendo perfeitamente! É tão difícil deixá-los ...
Sexta-feira, 29 de Fevereiro de 2008

Pois, a culpa é da natureza! É que não me lembraria de culpar mais ninguém...

O que é isto?!
   Mar volta a retirar areia da Praia de Alvor, pondo restaurantes em perigo
Alvor, concessionário ameaçado (Jornal de Notícias on line, 25/02/2008)
 
Uma tentativa de decalcar as estâncias turísticas aquíferas da República Dominicana para a costa portuguesa?!
 
Isto é somente uma construção sem sentido num local propenso a estes tipo de acontecimentos, feia como o raio. Em última instância, uma péssima propensão para o negócio de quem investe nestas condições e com estas condicionantes e uma má decisão da entidade reguladora que os deixou poisar ali.
 
 
E isto?!
 
Esposende, mas decerto não é caso único ( ondas.blogs.sapo.pt/arquivo/2005_01.html)
O cúmulo da insensatez e da ausência de política territorial e um falso compromisso. Obstipam o lençol freático (que neste país é noção desconhecida), impermeabilizam os solos, contribuem para a erosão dunar e depois vêm para a televisão queixar-se do “avanço do mar” e da “força da natureza”!!! Ó gente tosca!
 
E só mais este... para mim, paradigmático... Que significado tem esta aberração em plena Serra da Arrábida?!
 
Serra da Arrábida com uma cimenteira lá no meio ( etcetal.blogs.sapo.pt/5138.html)
Em Portugal sempre existiu um puro e completo desrespeito pelo património natural e pelo conceito de ordenamento territorial quase sempre seguido de perto, ou empurrado, por um pato bravismo do piorio ou uns lobbies daqueles bem fortes e que movimentam dinheiro e influências (daquelas mesmo boas e poderosas).
 
Antes de 1974 estas situações tinham implícita, lamentavelmente, a concordância do poder central e do local, este último estrangulado financeiramente por orçamentos ridículos, sem autonomia financeira ou administrativa para gerir e decidir sobre o seu território (se querem saber mais consultem a Constituição Portuguesa de 1933 da responsabilidade do Salazar). Assim, a inexistência de uma autoridade local autónoma, afirmativa e actuante, a que se acresceu a pressão das necessidades habitacionais, principalmente, nos centros urbanos e litorais do país, saturados com os contínuos fluxos do êxodo rural, foram factores concorrentes para o rápido esquartejar desses territórios, retalhando zonas agrícolas, ribeirinhas, baldios, matas e tudo o que mais houvesse disponível para construir, construir, construir. Construir de preferência em altura, comprometendo qualidade e salubridade, ordenamento e qualificação, mas, em contrapartida, especulando nos preços dos imóveis, num negócio lucrativo para poucos e que, por um lado, afastou demasiada gente do mercado habitacional legal hiper inflacionado e, por outro, fez florir o mercado habitacional paralelo, clandestino e ilegal (onde o negócio do aluguer de quartos, compartimentação de anexos e construção desorganizada e sem aprovação camarária imperava) em sítios rocambolescos sem rede de água, electricidade ou saneamento, ladeados, não por frondosos jardins, mas por poças infectas de dejectos, lixos e ademais. A pérola destes tempos foi a auto construção (conceito pomposo para descrever a construção da própria casa abarracada), única alternativa da grande maioria da população portuguesa, analfabeta e esquálida de fome que, entre morrer lentamente nos campos como acontecera às gerações passadas ou tentar a sorte nas indústrias, lá vinham para as cidades com os filhos atrás e mais a mulher procurar emprego precário, mal remunerado e morar, na melhor das hipóteses, numa cave infecta e, na pior, numa barraca ao pé da fábrica. Esse crescimento desordenado e movido pela riqueza rápida de uns poucos contribuiu, em muito, para os níveis de densidade de construção que hoje caracterizam as áreas metropolitanas.
 
Depois veio a revolução e nasceram as autarquias locais autónomas. Anos e anos para colmatar ausência de infra-estruturação e falta de alojamento. Valeu-lhes também a entrada na velhinha CEE e os quadros de apoios a que as 300 e poucas autarquias portuguesas se puderam candidatar. Depois o Estado, sob a égide europeia, decreta a obrigatoriedade dos Planos Director Municipais e elas cumpriram. Desatam as câmaras municipais a elaborar planos directores, definir áreas agrícolas, reservas ecológicas, perímetros de orlas costeiras, áreas com potencial turístico, zonas REN e RAN, reservas ecológicas e outras ademais. Era uma tentativa macro de ordenamento e qualificação do território, tendo em conta o longo prazo, a preservação dos recursos para as gerações vindouras e que foi realmente seguida por algumas. Contudo, no grosso de todo o território português continuam a emergir notícias de infracções ou atropelos aos planos. Existem hoje cerca de 300 mil construções ilegais e a Ria Formosa, só como exemplo, congrega uma percentagem considerável!
 
Este país, ainda hoje, continua a "usufruir"  da secundarização de factores que deveriam ser determinantes, como o controlo da humanização da paisagem e de intervenções “artificiais” em ambientes frágeis do ponto de vista ecológico e ambiental.
 
Voltando ao início. Qual é o espanto dos concessionários do Alvor se habilitarem a perder os seus estaminés de praia? Nenhum. Aquilo está ali quase a pedi-las. Sim, não é construção cimentada, mas para onde vão os esgotos? Quais as condições de salubridade daquilo? Porquê literalmente dentro da praia e à beira do mar? Pois, o mar avança pouco a pouco e é provável que engula aquilo algum dia (ou pensavam que ficariam ali de estaca e toros para todo o sempre?!)... Para quê, então, gastar rodos de dinheiro a atirar areia para as periclitantes fundações de madeira que aguentam aquilo, num contra-relógio contra o estado do tempo do mês de Fevereiro? Só se for para gastar dinheiro público.
 
E, às vezes, a culpa é da chuva! Então, se chove pouco lá se vai a nossa micro-agricultura arcaica; se chove muito, a falta de escoamento de água provoca cheias... Pois, é capaz. No meio de tanto betão ainda ninguém se lembrou de colocar um mega autoclismo nos centros urbanos "de risco" para, quando chover, as Juntas de Freguesia os puxarem e evitarem assim o que anos e anos de avanços na engenharia mundial ou avisos de especialistas mais esclarecidos nunca conseguiram: uma organização racional do espaço com respeito pelas evidências da natureza!
 
publicado por amulherdetrintaanos às 23:03
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Quarta-feira, 27 de Fevereiro de 2008

Dias caleidoscopianos ou em espiral

Por vezes tenho a ligeira impressão que a sorte ou o azar são fenómenos aleatórios no nosso quotidiano, tal como ser premiada como a cliente 1 milhão dos supermercados ou acertar nos números do euromilhões, coisas que nunca me sucederam, com certeza só por mero acaso e, no caso do aeriomilhões, porque não jogo. Noutras alturas acho precisamente o contrário: devem existir forças conspirantes a pairar, alternadamente, sob a nossa tola ou uma nuvem kármica, a atirar para o escuro, sob o tecto do meu lar em particular (para além da mancha de humidade, herança do algeroz entupido) porque a junção de tanto azar sob duas pessoas, e em tempo reduzido, é quase anedótica.
 A ver, eu até considero provável aquela história apologista da energia boazinha por oposição à energia mázona. Qual Dr. Phil (sem bigode e mais melena) eu acredito que a mentalização positiva afasta coisas negativas e, mesmo que não afaste, sempre nos coloca mais bem dispostos e dá-nos aquela sensação confortável e reconfortante, partilhada em necessidade desesperada com o resto da humanidade, da esperança, da fé em coisas boas e blábláblá.
 
Tolice absoluta. Quando acontece uma coisa negativa o pessoal entra é numa espiral kármica de desgraceira absoluta. Até mete dó. Uma pessoa até fica com medo de sair à rua tal é o descambar de uma situação estranha para uma sucessão de acontecimentos insólitos.
 
Isto começou há uns dias com o meu gato doente e umas idas, milionárias, ao veterinário. De permeio situações mais ou menos insólitas, mas nada de grave. E pronto. Uma pessoa pensa assim: “Caramba pá, que azar, a ver se isto pára aqui!” Mas não. Chega-se, um belo dia, a casa à hora do almoço. Mete-se a chave à porta e o que acontece? Entramos em casa e almoçamos? Não. Parte-se a chave na fechadura! Super normal. Deve ser uma coisa que se farta de acontecer. Cinco horas depois e um homem desesperado, que já antevia alucinadamente nunca mais entrarmos em casa, mais um serralheiro e uma porta trancada, uma chave falsa, limada vezes sem conta, mais uma fechadura desmontada e, três horas (!!!) depois lá se consegue entrar em casa. Entrámos, mas a porta não fechava. O serralheiro permanece no hall e desmonta tudo, mais uma vez, volta a aparafusar porta, fechadura e tal e... a porta fecha, mas agora não abre. Eram 17 horas! Cinco da tarde de um domingo perdido, a ver o desinteressante traseiro empinado do serralheiro agachado no meio da minha entrada, quando o homem se foi e a porta fechou e abriu como era sua função desde o início! Nem vou referir valores para não chorar...
 Lá consegui salvar este domingo e, à noite, fui ver o “Haverá Sangue” que não seria um excelente filme se não estivesse lá o Daniel, mas vale bem a pena as quase três horas de duração. Claro que a maré de pouca sorte ainda não tinha totalmente passado e vi-me obrigada a encetar nova deslocação cinéfila à capital do país. COMEÇO A PASSAR-ME COM ESTA POLÍTICA SUBURBANA DE DISTRIBUIÇÃO DE FILMES DA LUSOMUNDO!!! Hello, senhores da Distribuidora em questão, na periferia não vivem só grunhos e analfabetos e qual é a ideia de continuar com uma porcaria de filme chamado o “Rei das bolas” (ou alguma coisa deste género) há quase mês e meio em cartaz a tirar lugar aos novos filmes???!!! Ah? Parvalhões!

 

 
Hoje não me aconteceu nada, mas ainda estou condicionada com tantos acontecimentos estrambólicos. Vou ler o meu horóscopo só para confirmar se a confluência negativa já passou, pelo sim, pelo não. Uma pessoa devia ser previamente preparada para estas coisas.
sinto-me: quase aliviada
publicado por amulherdetrintaanos às 14:59
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Domingo, 24 de Fevereiro de 2008

A escolha de Sofia (não da Merly, mas minha)

 

Terei certamente uma semana cinefilamente muito ocupada, pois estou com um atraso de filmes como há muito tempo não tinha e agora lembraram-se todos de desatar a estrear para fazer pendant com os óscares. Não há fôlego que aguente, ainda por cima a política suburbana da Lusomundo já me custou pessoalmente o filme do Ang Lee e, face a esta catadupa de filmes, já me remeti apenas ao meu pessoal essencial.

 

E assim estou a tentar um alinhamento cronológico futuro entre este

 

 

mais este, quase a expirar o prazo,

 

segue-se este, já atrasado também,

mas primeiro tem de ser este, por duas razões só minhas:

acho o gajo mesmo giro, mas mesmo muita giro. Ok? Este homem para mim pontapeia o Pitt e o Cloney para longe, mas bem longe (e ainda por cima faz sapatos em Itália o que deve dar sempre muito jeito e poupa-se um dinheirão em capas e solas. É só ganho).

E depois porque é indiscutível e uma verdade universal que, se o cinema é uma arte, este homem é o verdadeiro artista. É mesmo bom naquilo que faz. Nunca é mau. Não consegue. Nem fraquinho. Nem assim, assim.

Por isso, vai este primeiro

 

simplesmente porque não podia ser outro, até já se fala da melhor interpretação de um actor neste século!!!

____**_________________**_____________**____

E aviso desde já que nem vale a pena comentarem depreciativamente o facto de eu achar o Daniel Day Lewis giro porque já ouvi exclamações de incompreensão, ao longo da minha vida, sobre este facto e tal não me faz inverter a opinião. Mas eu sei que há mais como eu...

sinto-me: mortinha por 1 sala de cinema
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publicado por amulherdetrintaanos às 00:20
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Sexta-feira, 22 de Fevereiro de 2008

Olha, um desafio!

Bem, eu hoje não páro!!!

E aqui vou eu, já prestes a desfalecer para cima do teclado, de tanto teclar, mas sempre pronta para um desafio, responder ao desafio da minha amiga pirata, lançando-o aos referenciados no fim deste post. Têm de escolher 12 palavras.

 

Atrofiado Psicopatia Chupista Crápula Badagaio Imbecil Picuínhas Caramba Absurdo Esganar Manhoso Escrever Sono Tosco Tramado Memória Catita Rasca Esmifrar Ruminar Ausência Caos Vómito Macambúzio Indómito Náusea Hipócrita Pirraça Cabeçudo Liberdade Manhã Migalha Panda Peste Cósmico Sovina
E passo a vocês:
gaja
fátima
tg
sonjita
framboesa
mak

Humm... isto deve dizer alguma coisa sobre nós... Hummmm....

publicado por amulherdetrintaanos às 00:07
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Quinta-feira, 21 de Fevereiro de 2008

Olha os títulos infantis!!! (tipo pregão)

Os livros infantis estão, cada vez mais, no top das minhas coisas preferidas. Confirmam, os entendidos nestes assuntos, o facto de toda a gente possuir uma criança dentro de si (excepto as grávidas, que nessa ordem de ideias, carregam três ou mais). O meu ego infantil revela-se mais nesta apetência por leituras infantis. Pronto.
 
De vez em quando ofereço um a uma criança alheia, mas sou daquelas compradoras de livros infantis para consumo próprio.  
Gosto de uma boa estória no papel mas, ainda mais, se acompanhada dumas ilustrações a condizer. Existem ilustrações fabulosas e outras de fugir. Com colagens, desenho, recortes e fotografias, tudo misturadinho; de um minimalismo irresistível, linhas, traços, formas desconstruídas, com perspectivas e sem perspectivas; com desenhos aguarelados impressionistas, as ilustrações que me deixam a imaginação à soltasão as minhas preferidas. Odeio aqueles desenhos, metidos à força no meio dos textos, previsíveis, monótonos e decalcados da história que não lhe acrescentam nada.
 
Entre o tempo em que eu era piriri até hoje, o mercado editorial infantil sofreu um boom enorme. Ou a culpa era dos meus pais (do resto da família e também dos pais dos meus amiguinhos) ou não havia mesmo muita opção de escolha: “fazes anos? Surprise! Toma lá a Anita está doente!”; “É Natal? Toma lá a Anita mamã! Ainda não tens esse, pois não?”; “Queres um livro? Escolhe lá um da Anita!”. Era tanta a fartura que a minha mãe, mulher pragmática, guardava os livros repetidos para, num acto pioneiro de reciclagem, os voltar a colocar na esfera da troca em aniversários vindouros de coleguinhas da filha. Resultado: mesmo assim e não tendo para troca, sou hoje uma orgulhosa proprietária de uma valente estante cheia de "Anitas" editadas entre 1979 e 84...
Cronologicamente ensaduichados entre a “Anita” e os livros “com mais letras que desenhos” estavam as bandas desenhadas do mainstream da época: o tio patinhas, a Mônica e o Bolinha, tudo em português de outro continente, o que, face a críticas sobre os perigos para a incorrecção linguística infanto-juvenil, tenho a testemunhar o contrário e a engrandecer essas edições pelo enriquecimento intercultural de gerações de criancinhas: uma pessoa aprendia sinónimos muito interessantes, tipo “ônibus” (em vez de autocarro), “caipira” (em vez de saloia), “casquinha” (em vez de gozar), “bala” (em vez de rebuçado); o que, neste ponto, questiona a criatividade de um anúncio televisivo de um treinador de futebol. Do Donald e do Mickey nunca gostei, o primeiro era parvo todos os dias e mais ingénuo que eu, na altura, o segundo era um convencido arrogante. E o Pateta fazia juz ao nome.
 
Depois e pela ordem natural das coisas, comecei a ler literatura mais densa (eh, eh,eh). Os livros da Condessa de Ségur e outros autores do século XIX, tipo, Frances Burnett e Francine Fontainet, numa colecção imensa de uma editora que eu penso que já não existe, a Editorial pública, em que alguns dos títulos faziam chorar as pedras da calçada!!! Eu bem lia aquilo e achava o contexto das histórias um bocado moralista demais. Aquela fixação na educação e na bondade também me faziam torcer o nariz desconfiada; ainda mais estranho era o facto de quase todos os personagens viveram em mansões e palácios ou então em casebres infectos e nenhum, nenhunzinho, viver num prédio! Mas quando somos pequeninos o conceito de tempo não tem lá muito sentido e eu ia feliz lendo aquelas histórias a achar que, em França, o número de órfãos e orfanatos era assustador e que ainda toda a gente vivia em palacetes no campo e não havia prédios. Contemporâneos desta colecção foram os livros da Alice Vieira, da Sophia de Melo Breyner e umas histórias do Connan Doyle sobre o Sherlock condensadas nuns livrinhos de capa rija. Os “cinco” vieram depois, mas a epopeia “Uma Aventura” não me convenceu (depois de tanto século XIX, aquilo devia parecer-me actual demais).
Outros houveram, mas agora não me apetece estar a nomeá-los a todos...
 
Hoje uma pessoa vai à Fnac e fica boquiaberta com a quantidade e, no meio de tanta fartura, apaixono-me pelas ilustrações. Aqui há uns dias, depois de andar algum tempo a conter-me, lá comprei estes, portadores de ilustrações tão “quicas”, se bem que muito diferentes um do outro, e umas histórias muito bem contadas. Não são nenhuma novidade editorial poqrque já têm uns dois a quatro anos. Eu não resisti:
Neste não resisti ao rato e aos desenhos e aos pormenores das ilustrações no cabeçalho das histórias, muito barrocas e arte nova. A autora é uma americana que se farta de ganhar prémios e já tem outros livros traduzidos para português (As aventuras de Winnie Dixie é dela, mas não tenho a certeza se o título é este).

 

"A Lenda de Despereaux", Kate DiCamillo. Edições Gailivro.

 

E este, para quem gosta de BD e já conhece o Neil Gaiman  e o Dave Mckean, a história é do primeiro, pois claro, e as ilustrações (espectaculares), do segundo. As crianças devem ficar fascinadas porque é uma aventura muito provável na imaginação de uma criança e, para os pais, é sempre muito pedagógico para ver o que vos acontece se caem na rotina de não terem tempo para as vossas crianças!

 

"O Dia em que Troquei o Meu Pai Por Dois Peixinhos Vermelhos" da Colecção Vitamina, da Devir

Já os li e recomendo!

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publicado por amulherdetrintaanos às 23:36
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Olha! Tenho um prémio!!!

Bem, pá, uma pessoa até fica a bater mal com tanto elogio e nomeações. Eu até já me sinto capaz de ir mandar fazer (repararam "mandar fazer"- é mesmo à pobrezinho; eu nem disse ir comprar um igual, não, foi mesmo "mandar fazer".) um vestidinho igualzinho ao da Knitley, a mocinha do "Expiação"; com aquela cor acetinada e verde, compridão, decote nas costas até ao cóxis...

 

Então não é que a super framboesa, dona de um blog hiper personalizado e que conseguiu uma super página, cor e movimento, me presenteou com este award!!!

 

este Blog não me sai da cabeça

Framboesa amiga blogsferiana, agradeço com modéstia (), e retribuo também. Qualquer dia faço o mesmo, agora não porque até pareço copiona!

 

Epá, eu assim até fico sem palavras...

 

 

 

sinto-me: alegre contemplada!!!
publicado por amulherdetrintaanos às 23:25
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Terça-feira, 19 de Fevereiro de 2008

Eu vou lá (lálálálálala)!!!

 

A 21 de Abril, em Lisboa, ou, no dia a seguir, no Porto!!!

 

sinto-me:
publicado por amulherdetrintaanos às 22:27
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Segunda-feira, 18 de Fevereiro de 2008

A reunião de condomínio

Titiri, tiriri, tiriri (com entoação do sound trek do "Phyco")...

 

Não estivesse eu tão assoberbada de trabalho e seria mais assídua a postar aqui no blog.

 

Não estivesse eu tão consumida de energia e estaria com mais paciência para uma reunião de tão grande magnitude psicológica.

 

Não estivesse o meu par com compromissos académicos inadiáveis e tinha ele rumado, escada abaixo, ao encontro dessa pequena multidão tresloucada a que, e à falta de outra designação, nos habituámos a chamar de "vizinhos".

 

Ora uma reunião de condóminos na sua essência até podia ser uma coisa agradável. A gente levava uns bolinhos, umas cadeirinhas, sentava-se, comia, fumava um cigarrito e ia discutindo as questões prementes que se colocam a um prédio que, de novo, só mesmo a conduta de água do ano passado.

 

Mas não. É velho o prédio e são velhos e rabugentos os donos. Isto é como tudo na vida: a acção gera reacção e no meu prédio é só gerar acção para ver quem é mais mauzinho e tem a pior reacção para depois se agir novamente e, como no ditado, "com ferro queimas" e com outra coisa pior levas (que agora não se me está a vir à memória o resto ), as reuniões do meu prédio servem de terapia de grupo para duas coisas: fazer as pazes de anteriores discussões vicinais e, ao mesmo tempo, firmar novas discussões, fazendo rodar a quem se deixa de falar este ano.

 

Isto é uma coisa anual (aaallleluuuuiia) mas que deixa marcas para o ano inteiro e se vai arrastando, transformada em histórias míticas do prédio" ad eternum.

 

Estava eu a ver se não adormecia no sofá, à espera das 19h, para descer até ao hall quando abro os olhos e vejo que já passavam 10 minutos! Nem foi preciso espreitar, já se ouviam os gritos do sr. O., intercalados com a afónica voz da vizinha E. Lá vou eu, sem me pentear nem nada, em direcção à peixeirada (para o que uma pessoa está guardada!- como diz a minha avó a propósito de qualquer situação chata ou inesperada).

 

No átrio do prédio estavam o já citado sr. O., pessoa "muito calma" (cit.) mas que, por qualquer motivo inexplicável, fala a gritar fazendo uso e abuso do seu vozeirão de homem grande e boçal. Tem uns laivos de falsa modéstia que apimenta com os seus dotes escondidos de engenharia (estruturas e betão explicam todo o mal do prédio, da rua e da freguesia) e faz brio em usar palavras "caras" a meio das frases mais básicas e, sem querer, altera-lhes completamente o sentido, o que faz com que a característica que se lhe destaca é o facto de ninguém o entender bem e de cada vez que fala ou há alguém que pergunta "desculpe, não percebi" ou então ficamos calados com medo da interminável explicação, desconexa, mais uma vez.

 

Lado a lado, a dupla E., reformada e cusca de profissão actual e sua inseparável vizinha maravilha, a dona C., proprietária de um cabelo super oleoso que se resolvia facilmente com um tratamento dermatológico (digo eu, mas não sei), adepta do Benfica e da selecção nacional (em dia de jogo é vê-la à janela a discutir futebolada com a amiga cusca e vestida de vermelho, barrete e cachecol, mais os dois filhos menores a gritar "vamos ganhar, vamos ganhar" no hall comum). Fazem lembrar aqueles fadistas das desgarradas pois terminam as ideias e as frases de cada uma.

 

Estava também, hoje um pouco amorfo e cabisbaixo (a mulher não é vista há algum tempo...) a pessoa mais paciente do mundo (e o meu vizinho menos antipático), o administrador cinquentão do ano transacto. Pessoa pacata e afável que fala quando é mesmo necessário, não quer saber de histórias, nem da vida alheia e tem um sentido de humor muito próprio, embora numa reunião de condomínio ninguém o consiga apreciar devidamente ou perceber completamente.

 

Falta mencionar o sessentão sr. H. (se o zezecamarinha tivesse um irmão mais velho, seria ele) homem casado com uma esposa que só é vista a estender roupa e, de resto, vive enclausurada no lar. O H. tem uma história de vida muitooo misteriosa (dizem as más línguas que já cantou em casinos, já foi comerciante em "África" e é "pessoa de muitas posses"). Ora posses o H. pode ter, mas tento na língua, não tem. Para além de uma evidente tendência machista muito vincada e que a mim me causa hiper irritação (do género de me chamar "menina", mas ao meu par vai de "senhor", só para exemplificar) é um homofóbico de primeira água e um racista insuportável. Para ele todos os males do prédio se devem (não à engenharia e ao betão) mas aos dois homens "de leste" ("deléste" qualquer dia já é nacionalidade, pelo menos no meu prédio) e a um brasileiro que andaram há um ano (há um ano, senhores!!!) a mudar a conduta de água!

 

E estava eu. Rapariga ensonada e cansada, mas desempoeirada que ainda tentei entalar o pseudo engenheiro O. com umas perguntas técnicas mais complicadas e fi-lo gaguejar (yaaa!!!) e ainda dei um ar da minha graça a tentar acalmar o sr. H, dizendo "tenha calma que já não tem idade para se enervar assim" com ar de sonsinha só mesmo para chatear (penso que consegui pois fulminou-me com um olhar machãozão, mas que só na mulher dele deve surtir efeito... gargalhei interiormente, devo confessar).

 

Discutia-se a requalificação do prédio e outros assuntos banais, mas que têm toda a razão de ser nalguma dimensão deste universo ou de outro paralelo: quem se esquece mais vezes de fechar a porta do prédio; a barata avistada há umas semanas nas escadas; quem atira espinhas para a varanda do 1º andar (urgh que nojo! Eu não sou!) e la crème de la crème: um saco que apareceu misteriosamente no átrio e que lá ficou quase um mês e a E. mais a C. até pensaram tomar a iniciativa de chamar aquela "polícia dos terroristas", mas depois procuraram nas páginas amarelas e não vinha o nº (onde?- pensava eu- na letra "p" de "polícia de terroristas"?!) e só finalmente quando a E. "apanhou" o carteiro é que lhe pediu para abrir o saco e contou a história e "até o senhor ficou com medo" e não o quis abrir e aconselhou a chamar a polícia!!! Isto é normal?! O saco lá ficou e foi o administrador quem o foi abrir. Aí a C. e a E. não o largaram para ver o que tinha dentro (e eu pensava "e então se a pseudo bomba rebentasse?") e vai-se a ver tinha papel de jornal e outros papéis, tudo amachucado. Este episódio deu para uma hora de converseta e discussão, pois o H. gritava que era alguém do prédio a gozar com ele (porquê ele? aquilo estava no r/c, pensava eu...) e que se descobrisse, "a coisa fia mais fino" (espectáculo, tanto cliché provoca-me ondas de irritação) e o "outro que não pagou 2 meses" e ninguém o adverte e a administração que não faz nada, nem muda lâmpadas...

 

Um filme! Isto foi uma curta metragem com duração de filme porque só jantei duas horas depois, não aprendi nada e estou aqui, desde então, a fazer contas para ver se consigo mudar-me nos próximos anos para um prédio com vizinhos normais!

 

 

 

 

publicado por amulherdetrintaanos às 21:58
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Sexta-feira, 15 de Fevereiro de 2008

Coisas sem importância nenhuma

... mas que aprendidas mais cedo evitariam alguns dissabores desconcertantes.

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Ainda sobre essa construção anglo saxónica de ontem que, qual halloween, invadiu o país aqui há uns anos com os profs de inglês todos mobilizados, ele era o ensaio da escrita inglesa e outros pretextos gramaticais. Chegava-se a Fevereiro e era fatal: bora lá desatar a escrever cartas em inglês para os nossos "valentines" (que se não tivéssemos não fazia mal, pois então, até se enviam cartões aos amigos...). Sob essa imagem da minha dinâmica professora de inglês do 6º ano em êxtase curricular fase à aproximação da data (e ao nosso olhar pueril de indignação, reflexo da ausência de sentido tuga para a coisa- que vergonha, quem, aos onze anos, vai escrever uma carta de amor para entregar a um colega?! Quem? Ou se fica com a reputação estragada ou se é gozada até ao 9º ano pela proeza! E, em associação livre, passei do santo valentino para os namoros e daí para o meu ajuntamento (não, ayuntamento que em espanhol é outra coisa) quase a comemorar aninhos de vivência/demência em comum...

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E quem deixa a casa dos pais, não tem o livro de Pantagruel e se decide residir com outra pessoa virgem em “morar sozinho durante mais do que um mês” depara-se com coisas sem importância aparentemente nenhuma, mas que se vai a ver e até têm.

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Após parcos anos a residir conjuntamente com o "meu rapaz" irei agora compartilhar pormenores dessa arte descobertos pela prática. Pormenores impensáveis para mim até surgirem, inesperados, perante o meu espanto e colocarem a nu, a minha/nossa fraca apetência para “fadas/duendes do lar”.

    -       Saber fazer arroz. Mas arroz a sério: nem papa de arroz, nem compacto de arroz. Quem mora sem a mãe e sabe fazer arroz é um potencial chef, não contrai escorbuto e não enjoa as massas e os cuscus.


    -       Encontrar um sentido para as grandes limpezas gerais à habitação que as mulheres da minha família anualmente executavam e eu nunca tinha percebido bem porquê. O propósito único e inigualável só pode ser retirar as microscópicas traças e aranhas fossilizadas que, envoltas em fino e delicado cotão translúcido, se acoplam aos cantos dos tectos vá-se lá saber como e porquê.


    -       Fazer uma descoberta deveras interessante: o peixe congelado não vem arranjadinho! E isto depois de investirmos em várias tipologias piscíscolas para armanezamento mensal. Não há coisa mais triste do que olhar para um pargo com guelras, escamas e coisas indecifráveis no interior da sua barriguinha e sermos incapazes de lá mexer. A sedução feminina, nestes casos, é uma mais valia. Basta usar um olhar semicerrado e perguntar com voz lânguida: “Fazes tu? Temos umas luvas de borracha na despensa...”

    -       Descobrir que há vizinhos e vizinhos e os nossos vizinhos não são os vizinhos dos nossos pais e nem, de longe, os simpáticos e familiares vizinhos dos nossos avós. Os nossos vizinhos são potenciais psicóticos que geralmente nos batem à porta, não para pedir salsa, mas para nos incomodarem com assuntos tão triviais como o aparecimento de duas baratas no patamar do seu piso. Com o argumento de que é espaço comum e está em causa “a saúde pública no prédio”, já vêm munidos de orçamentos de empresas de extermínio debaixo do braço e com os olhos brilhantes de dever cumprido a aguardar a nossa mobilização imediata perante uma causa tão nobre.


(há-de continuar que isto não pára aqui...)

publicado por amulherdetrintaanos às 13:16
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Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2008

Os dias em que todos nós tropeçamos na História

 Há acontecimentos cuja importância é dada no imediato; é possível antever reacções e conjunturas e relacioná-las prospectivamente e, a seguir, vem sempreeee alguém de reconhecido mérito político-analítico à televisão, rádio, jornais, revistas cor de rosa e diz: “Estamos a viver um momento histórico.” E a gente, pois, acredita. O especialista é o homem. Às vezes até precisamos de realizar um grande esforço de abstracção para perceber as consequências de um acontecimento e acompanhar os raciocínios paralelos; outras, nem por isso; as coisas estão lá e é quase tão óbvio que, sim, estamos realmente a viver a História.
 
Isto, para além de me lembrar a minha professora de História do 12º ano e a sua fixação no esquartejamento do conceito de Tempo Longo, faz-me interrogar se, enquanto andamos por cá, na nossa vidinha, não estaremos também a tropeçar na História e nem damos por isso quer porque no momento em que as coisas acontecem realmente não se pode antever a sua órbita de consequências, quer porque hoje já estamos tão ligados ao resto do mundo que a informação que recebemos é tão em excesso e todos os dias acontecem coisas neste mundo que, neste afã diário, quase ninguém tem tempo para pensar a fundo nestas coisas (para além dos analistas políticos).
 
Fiquei encalhada neste raciocínio muito senso comum desde há dois dias quando, no meu sofá, vi a emissão ser interrompida devido aos atentados ao presidente da República de Timor.
 
E nestas coisas da História, isto é tudo muito bonito, mas o que fica aqui na cabecinha do pessoal é o que estávamos nós a fazer quando X evento aconteceu (pelo menos a mim, retrospectivamente). Isso acentua-me a constatação de que somos mesmo um pontinho escuro no mapa da História. Insignificantes quase e, a ver as minhas lembranças, um pouco ridículos. Vai uma aposta...
 
Quando o avião do Sá Carneiro caiu, eu era xiripititi, vulgo mesmo chavala e que estava eu a fazer? A brincar com peças lego na sala da minha tia!
Massacre no cemitério de Dili? Pelo menos quando soube estava a comer um salame de chocolate no bar da escola secundária.
O ataque àsTorres Gémeas. E eu? A alambazar-me no restaurante num dia de trabalho!
O ataque de há dois dias? A enfardar umas torradas no sofá.
Hummm, comer e ver televisão...
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publicado por amulherdetrintaanos às 22:51
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Quinta-feira, 7 de Fevereiro de 2008

O meu primeiro prémio

Ai que estou tão contente, ai que estou tão contente, ai que estou tão contente, ai que estou tão contente!!!

Recebi um prémio!!!

De entre 10 blogs para atribuir este prémio, a tg colocou-me lá. Obrigado!

 

 

Querida fashionista: não me canso de agradecer. Muito obrigada mais uma vez (reverência nobre, com um ligeiro dobrar de pescoço a acompanhar e com a classe a que nos habituaste)! Estou mesmo sensibilizada! É sempre bom sabermos que alguém nos lê, pois as almas que vão aumentando o contador de visitas podem muito bem vir cá parar ao acaso, à procura do livro do balzac ou outras coisas menos próprias que a designação "mulher" + "trinta anos" lhes suscite. É sempre bom saber que alguém nos lê, não somos virtualmente invisíveis e ainda... parece que gostam de ler. thank you, thank you...Retribuindo, muito justamente, pioneira do dito prémio, estás no meu top ten também!

Hummm, parece pouco modesto este post? Paciência!

Ai que estou tão contente, ai que estou tão contente, ai que estou tão contente, ai que estou tão contente!!!Ai que estou tão contente, ai que estou tão contente, ai que estou tão contente!!! 

sinto-me: uma feliz contemplada
publicado por amulherdetrintaanos às 19:15
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Dissertações 1/5

 Após passar incólume por mais um Carnaval... (ena, ena que já mergulhámos nos quarenta dias antes da Páscoa. É semp`ábrir!) e em fase de enterro de bacalhau, queima do judas e quaresma estamos simbolicamente num limbo entre o que foi e o que há-de ser (pena que o limbo tenha sido abolido no actual papado, mas ainda custa retirá-lo assim do vocabulário tão de repente) e assim aproveito para deixar dois apontamentos:

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1. ai senhores, ai senhores!!! (grito feminino berbére a acompanhar), então não é que eu, num post colocado o mês passado, vergonhosa e imprudentemente escrevi "jocosamente" com "ch". A alma que reparou e que efectivamente me comentou o facto, fê-lo para o meu mail, não nos comentários ao post. Obrigado, obrigado, obrigado, mas podes envergonhar-me publicamente que eu mereço. Aproveito a quaresma para me auto-penitenciar e a situação do país e a minha financeira para voltar a bater com a cabeça na parede umas quantas vezes por dia...

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2. E esta é para comentar, em simultâneo, os posts dos blogs da pirata e da dona de casa...

Eu fui ver o Swenney Todd, meninas, e... desculpem lá a franqueza... fiquei à espera de mais.

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Não vou dizer que não gostei, mas também não posso dizer que adorei. Até estou triste com a minha pessoa, mas senão formos sinceras conosco, quem será? As minhas expectativas são sempre muito altas com o Tim e o Jonhizinho... ainda para mais com a sua esposa Helena que eu pessoalmente acho muito bonita, pois tem uma cara que irradia personalidade, mas penso que as subi em demasia.

Aqui vai uma crítica ao filme em forma muito pouco cinéfila: excelente fotografia e excelente produção: o contraste entre o antes feliz e luminoso e o agora sem futuro e escuro, a luz e a cor vs a depressão e a negritude da loucura... muito bom mesmo!

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A cor da cidade, o ambiente, os cenários, espectacular, mas também não podia ser de outra maneira, pois que o Tim já nos habituou a cenários e ambientes fantásticos, não seria agora que lhe dava para disparatar. A cor do sangue e, principalmente, a imagem final... quase desenhada... sem palavras! Eu sou uma pessoa avisada e sabia previamente que era um musical. Eu gosto de musicais, não é por aí. As letras das canções, sem as quais, se perderia o fio condutor do enredo funcionam muito bem e cumprem a sua missão. Agora que achei o ritmo do filme um pouco arrastado, epá... achei. O facto dos actores cantarem quase sempre no mesmo registo (pois que não são profissionais das cantorias) torna todo o filme um pouco monocórdico e empastela o ritmo. Agora o Jonhnny, desculpem lá, mas a postura é toda o Eduardo: ele em pé, de perfil com o cabelito no ar e eu a lembrar-me constantemente do Eduardo com as suas mãos de tesoura... e se calhar foi uma das razões pelas quais eu não consegui mergulhar completamente no filme e quando isto me acontece, eu não consigo adorar.

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Charlie e a Fábrica de Chocolate, ainda em nº1 no meu top Tim Burton+Deep... Sorry...

publicado por amulherdetrintaanos às 18:18
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Segunda-feira, 4 de Fevereiro de 2008

Carnaval na eira, Páscoa à lareira

 A minha interpretação deste provérbio é somente: "trabalhaste hoje, mas não te apanham cá na Páscoa".

Há coisas constantes nas nossas vidas (que, embora possamos detestar, simplesmente existem) e o Carnaval, sejamos francos, existe, seja lá ele o que for. E eu tenho de levar com ele.

Compreendo que é a festa, a erupção do profano para confirmar o sagrado, a desconstrução da ordem das coisas, a permissividade e a regra, a identidade, o colectivo... ai, ai, ai... que saudades do Roger Callois... Pronto, já olhei saudosa para o livro... continuando

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Careto/Lamego

 

O Carnaval está incluído na minha lista pessoal de coisas perfeita e estimadamente detestáveis. Desde sempre. Desde os anos mais verdes da minha vida e até onde a memória me permite recuar, entre uma minhota e um xerife, lá estou eu, com ar de enfado e esborratada. Nunca gostei do Carnaval ou, pelo menos, nunca gostei da forma como a época é festejada aqui. "Aqui" é uma mistura de formas de celebração espontâneas ou mal organizadas, com tiques sul americanos, e frio de rachar, português, um misto de brasileirismos à tuga.

A começar na Mealhada, a passar por Sezimbra ou por Ovar, sejamos conscientes: estamos no Inverno. Mas... persistem mulheres de fibra que se abanam ferosmente em biquini! Branquinhas do inverno a alternar com roxinhas de frio, mas estão ali. E isto começou tudo com a "Grabiela" que como diz um sénior (não idoso) da minha família ensinou as portuguesas a andar "descascadinhas" (expressão deveras urghh...).

Mas há coisas bem portuguesas e que vincam um povo, do género dessa apetência pelos trajes femininos que os homens portugueses recalcam anualmente e, no Carnaval, usam e abusam (a imagem de um homem horroroso vestido de mulher, minisaias e ligas, pêlos e saltos altos que, já ébrio, se passeava num cortejo tuga persegue-me... é que era mesmo uma visão feia e obscena). O resultado é tão assustador que até os designam de matrafonas. Assustador...

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Ora aqui e no Carnaval também, as criancinhas são sacrificadas, sem se lhes ouvir opinião; são torturadas, tendo de sorrir para o fotógrafo impaciente debaixo de saias, saiotes, capas e esborratadas de pintura; saem depois à rua para desfilar nessa figura pouco digna, passeando tristemente pelas ruas agarradas às saias dos familiares, eles, sim, irropendo numa felicidade extrema e orgulho desmedido e competindo com a vizinhança pelo "melhor fato" da sua criança.

E depois juntam-se a isto imagens tenebrosas como a do Alberto João suado e ofegante a tocar energicamente num tambor; os putos da minha rua e os balões de água; a repetição estúpida daquele provérbio que parece terminar cada conversa "no carnaval, ninguém leva a mal" e que é irritante e idiota e... pronto, não gosto, não me apetece e não... não vou a nenhuma festarola mascarada!!!

Mas divirtam-se... quem for.

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publicado por amulherdetrintaanos às 19:17
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Sexta-feira, 1 de Fevereiro de 2008

Coff... Coff... Coff... e as contradições entre a memória e a história

Emergi lá dos píncaros dos prédios estreitos.
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Lá onde as águas furtadas têm janelas pequenas e respiramos o cheirinho do papel amarelecido: os últimos pisos onde se localizam os arquivos do nosso país!
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O facto de, só por si, eu não começar o post com emergi “lá de baixo” é motivo de congratulação colectiva: em Portugal tarde se percebeu que um arquivo numa cave era sinónimo de “não me queimas agora, mas estás-me a arrumar com os dias contados” (isto era o pensamento do papel). 
Acometida de uma ligeira dor lombar e uma pequena crise alérgica, resquícios da minha semana onde, curvadinha sob dossiês, caixas e calhamaços encadernados onde jaziam jornais, revistas, documentação enviada e recebida, postais, fotografias, negativos e positivos e outros, ia lendo, sorrindo, escrevinhando, espirrando e limpando o nariz. E mesmo assim hoje, após ingestão de alguns anti-histamínicos, ainda tenho a sensação de terem restado uns quantos ácaros que se passeiam alegremente pelo interior das minhas vias respiratórias e acamparam para o fim de semana de Carnaval no meu nariz.
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Como o objecto da pesquisa era um acontecimento de simbologia maior na vida pública portuguesa de meados do século XX, lá andei a tropeçar, entre outras coisas, em discursos do, então, Cardeal Patriarca de Lisboa, Manuel Cerejeira. Aguçou-me o interesse histórico essa figura poderosa cujos princípios político-teológicos se tornaram omnipresentes na construção ideológica do Estado Novo e, se, por um lado, a ideia de “nação” tinha na figura patriarcal de Salazar, a imagem, um dos seus bracinhos, foi, sem dúvida, o Cardeal.
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Ora bem, dizem-me os meus pares, mais velhos que eu, que o homem foi um dos piores filhos de sua mãe de todos os tempos. Pois. Percebo. Academicamente percebo tudo muito bem. Agora, eu nasci no ano em que se votou pela primeira vez em Portugal em 50 anos (sem manipulação de votos, com pluripartidarismo e tudo). Sei lá eu experimentar o que é viver em ditadura! Sei lá eu o que é crescer numa aldeia onde o pároco debitava o que o cardeal pensava e fazia o que o cardeal mandava fazer!
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Desculpem lá, se me atrevo a dizer que era inteligente e que, de acordo com o que tinha delineado para a Igreja, a sua acção foi coerente. Desculpem lá, se a figura histórica do homem me desperta o interesse, afinal conseguiu driblar a Lei da Separação entre o Estado e a Igreja, alcançada com a República, e mais, preservou muito bem as amizades dos tempos de juventude cristã, ainda conseguiu restaurar os antigos privilégios clericais e, à força de se manter sempre muito promiscuamente colado ao regime, ainda lhe emprestou uma arma de destruição maciça: a religião. E ainda houve mais... após quase quarenta anos a “fazer forcinha” para convencer o Estado de que o ensino podia ser partilhado com a Igreja, lá conseguiu para o fim, fundar a Universidade Católica.
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Assim, Portugal embruteceu, empobreceu e foi guerrear, mas sempre com muita fé e a partilhar da religião oficial da nação, a católica e mais nenhuma. Religião católica, por um lado e União Nacional, por outro, Cerejeira e Salazar e 50 anos de miséria, analfabetismo e pulverização das mentes pensantes contrárias. Eu sei. Era mau como as cobras? Ok. Mas para se perceber a história recente do país, não convém nada apagar da história o homem. Podíamos olhá-lo como ao Marquês de Pombal, com objectividade e sentido historiográfico crítico, mas ainda passou pouco tempo, também sei.
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Se serve de consolo ainda viveu para ver os movimentos progressistas católicos e a queda do regime. Morreu três anos depois da revolução de Abril. Ainda pasmado... digo eu.
publicado por amulherdetrintaanos às 21:35
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