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Terei certamente uma semana cinefilamente muito ocupada, pois estou com um atraso de filmes como há muito tempo não tinha e agora lembraram-se todos de desatar a estrear para fazer pendant com os óscares. Não há fôlego que aguente, ainda por cima a política suburbana da Lusomundo já me custou pessoalmente o filme do Ang Lee e, face a esta catadupa de filmes, já me remeti apenas ao meu pessoal essencial.
E assim estou a tentar um alinhamento cronológico futuro entre este
mais este, quase a expirar o prazo,
segue-se este, já atrasado também,
mas primeiro tem de ser este, por duas razões só minhas:
acho o gajo mesmo giro, mas mesmo muita giro. Ok? Este homem para mim pontapeia o Pitt e o Cloney para longe, mas bem longe (e ainda por cima faz sapatos em Itália o que deve dar sempre muito jeito e poupa-se um dinheirão em capas e solas. É só ganho).
E depois porque é indiscutível e uma verdade universal que, se o cinema é uma arte, este homem é o verdadeiro artista. É mesmo bom naquilo que faz. Nunca é mau. Não consegue. Nem fraquinho. Nem assim, assim.
Por isso, vai este primeiro
simplesmente porque não podia ser outro, até já se fala da melhor interpretação de um actor neste século!!!
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E aviso desde já que nem vale a pena comentarem depreciativamente o facto de eu achar o Daniel Day Lewis giro porque já ouvi exclamações de incompreensão, ao longo da minha vida, sobre este facto e tal não me faz inverter a opinião. Mas eu sei que há mais como eu...
Bem, eu hoje não páro!!!
E aqui vou eu, já prestes a desfalecer para cima do teclado, de tanto teclar, mas sempre pronta para um desafio, responder ao desafio da minha amiga pirata, lançando-o aos referenciados no fim deste post. Têm de escolher 12 palavras.
Humm... isto deve dizer alguma coisa sobre nós... Hummmm....
"A Lenda de Despereaux", Kate DiCamillo. Edições Gailivro.
E este, para quem gosta de BD e já conhece o Neil Gaiman e o Dave Mckean, a história é do primeiro, pois claro, e as ilustrações (espectaculares), do segundo. As crianças devem ficar fascinadas porque é uma aventura muito provável na imaginação de uma criança e, para os pais, é sempre muito pedagógico para ver o que vos acontece se caem na rotina de não terem tempo para as vossas crianças!
"O Dia em que Troquei o Meu Pai Por Dois Peixinhos Vermelhos" da Colecção Vitamina, da Devir
Já os li e recomendo!
Bem, pá, uma pessoa até fica a bater mal com tanto elogio e nomeações. Eu até já me sinto capaz de ir mandar fazer (repararam "mandar fazer"- é mesmo à pobrezinho; eu nem disse ir comprar um igual, não, foi mesmo "mandar fazer".) um vestidinho igualzinho ao da Knitley, a mocinha do "Expiação"; com aquela cor acetinada e verde, compridão, decote nas costas até ao cóxis...
Então não é que a super framboesa, dona de um blog hiper personalizado e que conseguiu uma super página, cor e movimento, me presenteou com este award!!!
Framboesa amiga blogsferiana, agradeço com modéstia (), e retribuo também. Qualquer dia faço o mesmo, agora não porque até pareço copiona!
Epá, eu assim até fico sem palavras...
A 21 de Abril, em Lisboa, ou, no dia a seguir, no Porto!!!
Titiri, tiriri, tiriri (com entoação do sound trek do "Phyco")...
Não estivesse eu tão assoberbada de trabalho e seria mais assídua a postar aqui no blog.
Não estivesse eu tão consumida de energia e estaria com mais paciência para uma reunião de tão grande magnitude psicológica.
Não estivesse o meu par com compromissos académicos inadiáveis e tinha ele rumado, escada abaixo, ao encontro dessa pequena multidão tresloucada a que, e à falta de outra designação, nos habituámos a chamar de "vizinhos".
Ora uma reunião de condóminos na sua essência até podia ser uma coisa agradável. A gente levava uns bolinhos, umas cadeirinhas, sentava-se, comia, fumava um cigarrito e ia discutindo as questões prementes que se colocam a um prédio que, de novo, só mesmo a conduta de água do ano passado.
Mas não. É velho o prédio e são velhos e rabugentos os donos. Isto é como tudo na vida: a acção gera reacção e no meu prédio é só gerar acção para ver quem é mais mauzinho e tem a pior reacção para depois se agir novamente e, como no ditado, "com ferro queimas" e com outra coisa pior levas (que agora não se me está a vir à memória o resto ), as reuniões do meu prédio servem de terapia de grupo para duas coisas: fazer as pazes de anteriores discussões vicinais e, ao mesmo tempo, firmar novas discussões, fazendo rodar a quem se deixa de falar este ano.
Isto é uma coisa anual (aaallleluuuuiia) mas que deixa marcas para o ano inteiro e se vai arrastando, transformada em histórias míticas do prédio" ad eternum.
Estava eu a ver se não adormecia no sofá, à espera das 19h, para descer até ao hall quando abro os olhos e vejo que já passavam 10 minutos! Nem foi preciso espreitar, já se ouviam os gritos do sr. O., intercalados com a afónica voz da vizinha E. Lá vou eu, sem me pentear nem nada, em direcção à peixeirada (para o que uma pessoa está guardada!- como diz a minha avó a propósito de qualquer situação chata ou inesperada).
No átrio do prédio estavam o já citado sr. O., pessoa "muito calma" (cit.) mas que, por qualquer motivo inexplicável, fala a gritar fazendo uso e abuso do seu vozeirão de homem grande e boçal. Tem uns laivos de falsa modéstia que apimenta com os seus dotes escondidos de engenharia (estruturas e betão explicam todo o mal do prédio, da rua e da freguesia) e faz brio em usar palavras "caras" a meio das frases mais básicas e, sem querer, altera-lhes completamente o sentido, o que faz com que a característica que se lhe destaca é o facto de ninguém o entender bem e de cada vez que fala ou há alguém que pergunta "desculpe, não percebi" ou então ficamos calados com medo da interminável explicação, desconexa, mais uma vez.
Lado a lado, a dupla E., reformada e cusca de profissão actual e sua inseparável vizinha maravilha, a dona C., proprietária de um cabelo super oleoso que se resolvia facilmente com um tratamento dermatológico (digo eu, mas não sei), adepta do Benfica e da selecção nacional (em dia de jogo é vê-la à janela a discutir futebolada com a amiga cusca e vestida de vermelho, barrete e cachecol, mais os dois filhos menores a gritar "vamos ganhar, vamos ganhar" no hall comum). Fazem lembrar aqueles fadistas das desgarradas pois terminam as ideias e as frases de cada uma.
Estava também, hoje um pouco amorfo e cabisbaixo (a mulher não é vista há algum tempo...) a pessoa mais paciente do mundo (e o meu vizinho menos antipático), o administrador cinquentão do ano transacto. Pessoa pacata e afável que fala quando é mesmo necessário, não quer saber de histórias, nem da vida alheia e tem um sentido de humor muito próprio, embora numa reunião de condomínio ninguém o consiga apreciar devidamente ou perceber completamente.
Falta mencionar o sessentão sr. H. (se o zezecamarinha tivesse um irmão mais velho, seria ele) homem casado com uma esposa que só é vista a estender roupa e, de resto, vive enclausurada no lar. O H. tem uma história de vida muitooo misteriosa (dizem as más línguas que já cantou em casinos, já foi comerciante em "África" e é "pessoa de muitas posses"). Ora posses o H. pode ter, mas tento na língua, não tem. Para além de uma evidente tendência machista muito vincada e que a mim me causa hiper irritação (do género de me chamar "menina", mas ao meu par vai de "senhor", só para exemplificar) é um homofóbico de primeira água e um racista insuportável. Para ele todos os males do prédio se devem (não à engenharia e ao betão) mas aos dois homens "de leste" ("deléste" qualquer dia já é nacionalidade, pelo menos no meu prédio) e a um brasileiro que andaram há um ano (há um ano, senhores!!!) a mudar a conduta de água!
E estava eu. Rapariga ensonada e cansada, mas desempoeirada que ainda tentei entalar o pseudo engenheiro O. com umas perguntas técnicas mais complicadas e fi-lo gaguejar (yaaa!!!) e ainda dei um ar da minha graça a tentar acalmar o sr. H, dizendo "tenha calma que já não tem idade para se enervar assim" com ar de sonsinha só mesmo para chatear (penso que consegui pois fulminou-me com um olhar machãozão, mas que só na mulher dele deve surtir efeito... gargalhei interiormente, devo confessar).
Discutia-se a requalificação do prédio e outros assuntos banais, mas que têm toda a razão de ser nalguma dimensão deste universo ou de outro paralelo: quem se esquece mais vezes de fechar a porta do prédio; a barata avistada há umas semanas nas escadas; quem atira espinhas para a varanda do 1º andar (urgh que nojo! Eu não sou!) e la crème de la crème: um saco que apareceu misteriosamente no átrio e que lá ficou quase um mês e a E. mais a C. até pensaram tomar a iniciativa de chamar aquela "polícia dos terroristas", mas depois procuraram nas páginas amarelas e não vinha o nº (onde?- pensava eu- na letra "p" de "polícia de terroristas"?!) e só finalmente quando a E. "apanhou" o carteiro é que lhe pediu para abrir o saco e contou a história e "até o senhor ficou com medo" e não o quis abrir e aconselhou a chamar a polícia!!! Isto é normal?! O saco lá ficou e foi o administrador quem o foi abrir. Aí a C. e a E. não o largaram para ver o que tinha dentro (e eu pensava "e então se a pseudo bomba rebentasse?") e vai-se a ver tinha papel de jornal e outros papéis, tudo amachucado. Este episódio deu para uma hora de converseta e discussão, pois o H. gritava que era alguém do prédio a gozar com ele (porquê ele? aquilo estava no r/c, pensava eu...) e que se descobrisse, "a coisa fia mais fino" (espectáculo, tanto cliché provoca-me ondas de irritação) e o "outro que não pagou 2 meses" e ninguém o adverte e a administração que não faz nada, nem muda lâmpadas...
Um filme! Isto foi uma curta metragem com duração de filme porque só jantei duas horas depois, não aprendi nada e estou aqui, desde então, a fazer contas para ver se consigo mudar-me nos próximos anos para um prédio com vizinhos normais!
... mas que aprendidas mais cedo evitariam alguns dissabores desconcertantes.
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Ainda sobre essa construção anglo saxónica de ontem que, qual halloween, invadiu o país aqui há uns anos com os profs de inglês todos mobilizados, ele era o ensaio da escrita inglesa e outros pretextos gramaticais. Chegava-se a Fevereiro e era fatal: bora lá desatar a escrever cartas em inglês para os nossos "valentines" (que se não tivéssemos não fazia mal, pois então, até se enviam cartões aos amigos...). Sob essa imagem da minha dinâmica professora de inglês do 6º ano em êxtase curricular fase à aproximação da data (e ao nosso olhar pueril de indignação, reflexo da ausência de sentido tuga para a coisa- que vergonha, quem, aos onze anos, vai escrever uma carta de amor para entregar a um colega?! Quem? Ou se fica com a reputação estragada ou se é gozada até ao 9º ano pela proeza! E, em associação livre, passei do santo valentino para os namoros e daí para o meu ajuntamento (não, ayuntamento que em espanhol é outra coisa) quase a comemorar aninhos de vivência/demência em comum...
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E quem deixa a casa dos pais, não tem o livro de Pantagruel e se decide residir com outra pessoa virgem em “morar sozinho durante mais do que um mês” depara-se com coisas sem importância aparentemente nenhuma, mas que se vai a ver e até têm.
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Após parcos anos a residir conjuntamente com o "meu rapaz" irei agora compartilhar pormenores dessa arte descobertos pela prática. Pormenores impensáveis para mim até surgirem, inesperados, perante o meu espanto e colocarem a nu, a minha/nossa fraca apetência para “fadas/duendes do lar”.
- Saber fazer arroz. Mas arroz a sério: nem papa de arroz, nem compacto de arroz. Quem mora sem a mãe e sabe fazer arroz é um potencial chef, não contrai escorbuto e não enjoa as massas e os cuscus.
- Encontrar um sentido para as grandes limpezas gerais à habitação que as mulheres da minha família anualmente executavam e eu nunca tinha percebido bem porquê. O propósito único e inigualável só pode ser retirar as microscópicas traças e aranhas fossilizadas que, envoltas em fino e delicado cotão translúcido, se acoplam aos cantos dos tectos vá-se lá saber como e porquê.
- Fazer uma descoberta deveras interessante: o peixe congelado não vem arranjadinho! E isto depois de investirmos em várias tipologias piscíscolas para armanezamento mensal. Não há coisa mais triste do que olhar para um pargo com guelras, escamas e coisas indecifráveis no interior da sua barriguinha e sermos incapazes de lá mexer. A sedução feminina, nestes casos, é uma mais valia. Basta usar um olhar semicerrado e perguntar com voz lânguida: “Fazes tu? Temos umas luvas de borracha na despensa...”
- Descobrir que há vizinhos e vizinhos e os nossos vizinhos não são os vizinhos dos nossos pais e nem, de longe, os simpáticos e familiares vizinhos dos nossos avós. Os nossos vizinhos são potenciais psicóticos que geralmente nos batem à porta, não para pedir salsa, mas para nos incomodarem com assuntos tão triviais como o aparecimento de duas baratas no patamar do seu piso. Com o argumento de que é espaço comum e está em causa “a saúde pública no prédio”, já vêm munidos de orçamentos de empresas de extermínio debaixo do braço e com os olhos brilhantes de dever cumprido a aguardar a nossa mobilização imediata perante uma causa tão nobre.
(há-de continuar que isto não pára aqui...)
Ai que estou tão contente, ai que estou tão contente, ai que estou tão contente, ai que estou tão contente!!!
Recebi um prémio!!!
De entre 10 blogs para atribuir este prémio, a tg colocou-me lá. Obrigado!
Querida fashionista: não me canso de agradecer. Muito obrigada mais uma vez (reverência nobre, com um ligeiro dobrar de pescoço a acompanhar e com a classe a que nos habituaste)! Estou mesmo sensibilizada! É sempre bom sabermos que alguém nos lê, pois as almas que vão aumentando o contador de visitas podem muito bem vir cá parar ao acaso, à procura do livro do balzac ou outras coisas menos próprias que a designação "mulher" + "trinta anos" lhes suscite. É sempre bom saber que alguém nos lê, não somos virtualmente invisíveis e ainda... parece que gostam de ler. thank you, thank you...Retribuindo, muito justamente, pioneira do dito prémio, estás no meu top ten também!
Hummm, parece pouco modesto este post? Paciência!
Ai que estou tão contente, ai que estou tão contente, ai que estou tão contente, ai que estou tão contente!!!Ai que estou tão contente, ai que estou tão contente, ai que estou tão contente!!!
Após passar incólume por mais um Carnaval... (ena, ena que já mergulhámos nos quarenta dias antes da Páscoa. É semp`ábrir!) e em fase de enterro de bacalhau, queima do judas e quaresma estamos simbolicamente num limbo entre o que foi e o que há-de ser (pena que o limbo tenha sido abolido no actual papado, mas ainda custa retirá-lo assim do vocabulário tão de repente) e assim aproveito para deixar dois apontamentos:
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1. ai senhores, ai senhores!!! (grito feminino berbére a acompanhar), então não é que eu, num post colocado o mês passado, vergonhosa e imprudentemente escrevi "jocosamente" com "ch". A alma que reparou e que efectivamente me comentou o facto, fê-lo para o meu mail, não nos comentários ao post. Obrigado, obrigado, obrigado, mas podes envergonhar-me publicamente que eu mereço. Aproveito a quaresma para me auto-penitenciar e a situação do país e a minha financeira para voltar a bater com a cabeça na parede umas quantas vezes por dia...
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2. E esta é para comentar, em simultâneo, os posts dos blogs da pirata e da dona de casa...
Eu fui ver o Swenney Todd, meninas, e... desculpem lá a franqueza... fiquei à espera de mais.
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Não vou dizer que não gostei, mas também não posso dizer que adorei. Até estou triste com a minha pessoa, mas senão formos sinceras conosco, quem será? As minhas expectativas são sempre muito altas com o Tim e o Jonhizinho... ainda para mais com a sua esposa Helena que eu pessoalmente acho muito bonita, pois tem uma cara que irradia personalidade, mas penso que as subi em demasia.
Aqui vai uma crítica ao filme em forma muito pouco cinéfila: excelente fotografia e excelente produção: o contraste entre o antes feliz e luminoso e o agora sem futuro e escuro, a luz e a cor vs a depressão e a negritude da loucura... muito bom mesmo!
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A cor da cidade, o ambiente, os cenários, espectacular, mas também não podia ser de outra maneira, pois que o Tim já nos habituou a cenários e ambientes fantásticos, não seria agora que lhe dava para disparatar. A cor do sangue e, principalmente, a imagem final... quase desenhada... sem palavras! Eu sou uma pessoa avisada e sabia previamente que era um musical. Eu gosto de musicais, não é por aí. As letras das canções, sem as quais, se perderia o fio condutor do enredo funcionam muito bem e cumprem a sua missão. Agora que achei o ritmo do filme um pouco arrastado, epá... achei. O facto dos actores cantarem quase sempre no mesmo registo (pois que não são profissionais das cantorias) torna todo o filme um pouco monocórdico e empastela o ritmo. Agora o Jonhnny, desculpem lá, mas a postura é toda o Eduardo: ele em pé, de perfil com o cabelito no ar e eu a lembrar-me constantemente do Eduardo com as suas mãos de tesoura... e se calhar foi uma das razões pelas quais eu não consegui mergulhar completamente no filme e quando isto me acontece, eu não consigo adorar.
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Charlie e a Fábrica de Chocolate, ainda em nº1 no meu top Tim Burton+Deep... Sorry...
A minha interpretação deste provérbio é somente: "trabalhaste hoje, mas não te apanham cá na Páscoa".
Há coisas constantes nas nossas vidas (que, embora possamos detestar, simplesmente existem) e o Carnaval, sejamos francos, existe, seja lá ele o que for. E eu tenho de levar com ele.
Compreendo que é a festa, a erupção do profano para confirmar o sagrado, a desconstrução da ordem das coisas, a permissividade e a regra, a identidade, o colectivo... ai, ai, ai... que saudades do Roger Callois... Pronto, já olhei saudosa para o livro... continuando.
Careto/Lamego
O Carnaval está incluído na minha lista pessoal de coisas perfeita e estimadamente detestáveis. Desde sempre. Desde os anos mais verdes da minha vida e até onde a memória me permite recuar, entre uma minhota e um xerife, lá estou eu, com ar de enfado e esborratada. Nunca gostei do Carnaval ou, pelo menos, nunca gostei da forma como a época é festejada aqui. "Aqui" é uma mistura de formas de celebração espontâneas ou mal organizadas, com tiques sul americanos, e frio de rachar, português, um misto de brasileirismos à tuga.
A começar na Mealhada, a passar por Sezimbra ou por Ovar, sejamos conscientes: estamos no Inverno. Mas... persistem mulheres de fibra que se abanam ferosmente em biquini! Branquinhas do inverno a alternar com roxinhas de frio, mas estão ali. E isto começou tudo com a "Grabiela" que como diz um sénior (não idoso) da minha família ensinou as portuguesas a andar "descascadinhas" (expressão deveras urghh...).
Mas há coisas bem portuguesas e que vincam um povo, do género dessa apetência pelos trajes femininos que os homens portugueses recalcam anualmente e, no Carnaval, usam e abusam (a imagem de um homem horroroso vestido de mulher, minisaias e ligas, pêlos e saltos altos que, já ébrio, se passeava num cortejo tuga persegue-me... é que era mesmo uma visão feia e obscena). O resultado é tão assustador que até os designam de matrafonas. Assustador...
Ora aqui e no Carnaval também, as criancinhas são sacrificadas, sem se lhes ouvir opinião; são torturadas, tendo de sorrir para o fotógrafo impaciente debaixo de saias, saiotes, capas e esborratadas de pintura; saem depois à rua para desfilar nessa figura pouco digna, passeando tristemente pelas ruas agarradas às saias dos familiares, eles, sim, irropendo numa felicidade extrema e orgulho desmedido e competindo com a vizinhança pelo "melhor fato" da sua criança.
E depois juntam-se a isto imagens tenebrosas como a do Alberto João suado e ofegante a tocar energicamente num tambor; os putos da minha rua e os balões de água; a repetição estúpida daquele provérbio que parece terminar cada conversa "no carnaval, ninguém leva a mal" e que é irritante e idiota e... pronto, não gosto, não me apetece e não... não vou a nenhuma festarola mascarada!!!
Mas divirtam-se... quem for.