A mulher de 30 anos não era nascida no 25 de Abril de 74; não ouviu radionovelas e não vibrou com o Festival da Canção. A mulher de 30 anos tropeçou em dois séculos e está aqui! Também opina, ainda não é anciã e agora é mãe

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Boa noite,Como a entendo.Uma coisa é fazer o "que ...
É tão giro encontrarmos desenhos antigos, retratam...
Compreendo perfeitamente! É tão difícil deixá-los ...
Domingo, 30 de Dezembro de 2007

Para contrabalançar opessimismo latente no meu último post...

Apresento aqui em primeira mão...

 

O GatoGaspar!  O primeiro nome é mesmo Gato; o apelido: Gaspar!!! [parece aquele fado... "de seu nome Maria, de apelido Lisboa...", não parece?]

 

 

Para desejar de novo BOM ANO!!!

 

 

Este post com o gato da trintona é mesmo fofinho e queridinho e e inho, inho e essas coisas todas....

 

Agora, se vissem como ele morde... Já não achavam o mesmo.

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publicado por amulherdetrintaanos às 16:35
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Vem aí um rito colectivo e hiperagregador!!!

A Passagem de Ano.

 

Acontecimento fatal como o destino.

 

Passagem de quê... ah?... de ano?

 

Se partilhasse culturalmente os valores da China não tinha de passar de ano agora; se o nosso calendário não fosse gregoriano também não.

 

No fundo, bem lá no fundo é uma noite igual a outras. Não se passa nada. As horas passam como todos os dias e a meia noite acontece como sempre; não nos transformamos em vampiros, nem em abóboras, nem ficamos melhores pessoas, nem vamos ver, de manhã, o extracto do multibanco cheiinho de dinheiro; o que nos preocupa continuará a preocupar-nos.

 

Pior ainda é que o mundo não vai ser um lugar mais pacífico; nem mais limpinho; nem mais estável, climática ou politicamente falando.

Em 2008, neste século que ainda é novo, somos todos cidadãos do mundo. Isto acresce o número de preocupações com que uma pessoa pode lidar.

Assassinaram a Benazir Bhutto. Mais um passinho para a radicalização planetária. De um lado o ocidente, do outro o Médio Oriente. No meio tudo metido ao barulho. Escarafuncha-se o conceito de terrorista, indiscriminadamente aplicado para definir o outro e a nós, pelo caminho.

Mais uma mártir para o povo chorar. Mais um conflito para ajudar a afuguentar os Estados Unidos do Paquistão. Mais 40 mortos pelo caminho entre assassinatos e homicidios sob o argumento de uma ideia de paz que há muito vai no caminho errado. Tanto no Ocidente como no Médio oriente.

O mundo já não é seguro. Já não podemos partir à descoberta das maravilhas escondidas. Estranho. Hoje, que as comunicações nos aproximaram tanto, há cada vez mais lugares proibidos. Ah? Quem quer ir passar de ano ao berço civilacional, simbolicamente representado pelo Iraque?

Houve uma cimeira em Lisboa. Quem se lembra da Cimeira em Lisboa? Daqui a cem anos quem se vai lembrar da cimeira de Lisboa? Por acaso até conheço um rapaz que se irá lembrar e perpetuar a memória da comitiva feminina amazona do Kadafi, mas só isso.

O IVA continua a ser de 21%. Os portugueses continuarão a endividar-se. A taxa de juro da Euribor leva-nos tudo... até aquela dívida ao banco a que chamamos de casa.

Os hospitais, os serviços de atendimento permanente, os correios e as escolas sofrerão mais uns encerramentos de rompante e, um destes dias, quando acordarmos estarão os dez milhões de portugueses a viver, nas grandes cidades, em cima de nós, em barracas, como no século XIX quando a industrialização serviu de isco para a maioria das almas rurais. Qualquer dia já não há interior. Fica vazio. Será conhecido como o deserto transmontano e farão uma reserva. Mas quem é que quer viver em cidades sem hospital próximo?

Este texto está estranho, não está? Também o mundo.

E com esta sensação de estranheza me despeço de 2007.

Com votos de um mundo melhor para todos em 2008. E com aquele voto tão português, mas que vai na volta é mesmo a sabedoria popular no seu melhor:

SAÚDE para todos. Que uma pessoa sem saúde é que não pode mudar nada!!!

publicado por amulherdetrintaanos às 15:31
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Sexta-feira, 28 de Dezembro de 2007

Olha uma das minhas prendinhas de Natal...

 

Ah? Coisa mais boa! Não é que me ofereceram o Vinicius com a Maria Creuza e a Bethânia em Buenos Aires no corrido ano de 1971?! Ai que gostei tanto.

 

Fica aqui a "minha" Elis com a cantoria escrita pelo delicioso Vinicius.

 

Ainda estou em êxtase!

 

" class="ljvideo"> 
publicado por amulherdetrintaanos às 16:28
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Há, não há?

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

                A poesia é encontrar, 
na junção do ritmo e do sublime, 
a inteligibilidade daquilo que nos escapa tão somente porque é real. 
Fica aqui este do Alexandre O'Neill, um dos meus preferidos.
Entre o Natal e o novo ano fico assim...
publicado por amulherdetrintaanos às 16:10
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Quinta-feira, 27 de Dezembro de 2007

Ele voltouuuu!!!

Com curativos realizados na hora, uma fonte de alimentação nova e uma reconfiguração da placa de rede e eis o meu menino de volta!!!!

 

Estranha esta relação afectiva-possessiva que desenvolvo com o meu pc...

sinto-me: estupidamente alegre
publicado por amulherdetrintaanos às 12:57
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Quarta-feira, 26 de Dezembro de 2007

Sou só eu ou é geral?

Nesta época, mais do que nunca, o sentimento irritante e frustante que se abate sobre a minha pessoa atinge o auge: aos trinta... e um... alguns elementos da famelga ainda me conseguem fazer sentir como se tivesse dez. Esta gente gosta de me infantilizar.

 

Já passou. Vou tratar disto e recompor-me com uma sessão isolada de auto-avaliação pessoal para ver se no próximo Natal, a vítima é outro.

 

Vou estar fora uns tempos. O meu pc vai para o hospital dos computadores.

 

Até jááááá!

publicado por amulherdetrintaanos às 23:38
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Quinta-feira, 20 de Dezembro de 2007

Os canais televisivos “generalistas” passaram-se de vez, não?

Há anos que levamos com o Natal dos Hospitais. Um clássico de mau gosto, mas um clássico. È ver ali metidos a garnel cançonetistas que a gente nem conhece, todos muito solidários a querer participar (pois, pois); acaba um e vem logo outro, tudo em playback, tudo contente e depois os grandes planos aos doentes (como é que ainda permitem que os filmem? Como ainda vão para ali bater palmas todos tortos e de pijama, despenteados e de chinelos?!)... Foi o início. Da falta de gosto nunca mais nos pudemos queixar desde então na nossa televisão. A ideia era tão boa que os outros canais foram atrás e agora é ver os locais públicos de saúde a transformarem-se em mega estúdios de televisão por todo o país. Não é normal! Será que, se tivermos o azar de ter um acidente, chegados à triagem do hospital da nossa área de residência ainda nos dizem: “Vai ter de esperar, o doutor está a fazer figuração junto a dois doentes acamados e vai demorar”?
 
Será que alguém ainda tem pachorra para ver Malatos, Júlias e ademais com barretes vermelhos a falar do Natal sob qualquer pretexto e felizes, felizes da vida a praticar “solidariedade” com o dinheiro alheio?!
 
O entrevistado entra. Primeira pergunta: “Como era o Natal da sua infância?”. Mas quem é que quer saber o que o Toy fazia quando era (ainda) mais pequeno?
 
Outra pérola é juntarem, aos apresentadores, as suas famílias. E o telespectador leva com a rapariga apresentadeira a chorar copiosamente porque a avózinha foi lá e que gosta dela e que querida e a minha vózinha para aqui e para ali e que a trato bem e ela a mim... pois, ´tá bem, tu e muitos milhares de pessoas e, ainda bem, porque a excepção a isso não é normal, mas não fazes mais do que a tua obrigação e pára lá com a choradeira que estás a ficar com a cara às cores porque a base está a sair toda.
 
O que é que nós temos a ver com a vida doméstica da rapariga?! E nisto o Baião chora também, com a mãe ou a avó ao lado, não percebi, começa-lhe a tremer o beicinho e a lagriminha a aflorar (grande plano da lágrima). Momentos kodak sem necessidade de ir para o ar, digo eu.
 
E depois acrescentem-se momentos arrepiantes, e a roçar o moralmente pornográfico, de completo aproveitamento das desventuras da vida alheia. Qual solidariedade, qual quê, isto é mesmo caridade na pior acepção do termo!
 
A desgraça ou a idiotice sempre deram audiências, mas no Natal devem dar ainda mais a atentar no descalabro que se vê: desde casais desavindos, alcoólicos, sem dinheiro, desempregados, toxicodependentes em convalescença, vítimas de violência doméstica, crianças vítimas de maus tratos, doentes, inválidos, doentes inválidos e sem dinheiro e desempregados e vítimas de violência, há de tudo, escolhidos a dedo. As pessoas nem percebem ao que vão e quando percebem ainda agradecem!!!
 
Ainda bem que não estou obrigada a ficar em casa, tipo, prisão domiciliária; nem tenho noventa anos e com este frio não posso sair, pois, o mais certo era também cair no visionamento desta idiotice pegada.
 
E que tal fazermos um bloqueio a estas calamidades. Vá lá, toda a gente a desligar os televisores. Acabou, só os voltamos a acender no dia 1. Ah? Que tal? Era bem feito, não era?
 
 
 
 
 
 
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publicado por amulherdetrintaanos às 22:56
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Terça-feira, 18 de Dezembro de 2007

Fumar / Não Fumar

Não se trata de uma abordagem ao tabagismo como causa e efeito de uma reviravolta existencial como no(s) filme(s) homónimo(s), mas antes de um post relacionado com os direitos e deveres individuais na esfera colectiva.
 
Ser fumador não é sinónimo de se ser um desviante social. Trata-se de um acto individual profundamente enraizado na cultura portuguesa e, por entre contextos e conjunturas, transversal a todos os cidadãos, independentemente da classe social, da região onde habitam ou da profissão.
 
Entre fumar e o hábito de beber café a toda a hora que a maioria dos portugueses têm pouca diferença existe. Aliás, uma e outra coisa são quase indissociáveis (pelo menos para os fumadores).
 
Para além da adicção que causa, antropologicamente falando fumar é um hábito cultural. Um exercício social num contexto cultural que, no ocidente, o foi promovendo e divulgando desde que, no século XVI, trouxeram as plantinhas das Américas.
 

Olha a Lauren e o Humphrey tão sensuais: mulher fatal, fumava; homem machão também.

 
Fumar é um negócio milionário para as indústrias tabaqueiras. E para o Estado que arrecada milhões de euros com os impostos que do tabaco derivam.
 
Fumar faz parte integrante de um imaginário português boémio, associado às tertúlias, ao cultivo da amizade, da intelectualidade e da espiritualidade existencial. Fumar nos cafés entre grupos de amigos é-nos descrito como um prazer quase espiritual (leiam lá as descrições do Júlio Dinis ou do Eça).
 
E o Fernando? Haviam de lhe dizer que não podia fumar na “Brasileira” ou nos “Irmãos Unidos”! Por esta ordem de ideias tirem o cigarro da mão da estátua.
 
Assim, e desde sempre existiram fumadores e não fumadores. Hoje a discussão já vai longe de mais e já se nebulizou entre os argumentos de uns e de outros em relação ao acto de fumar em locais públicos. Contudo, em vivência democrática nunca é demais evocar a máxima “a minha liberdade começa onde a tua acaba”. Dois exemplos extremos que me sucederam há pouco tempo:
 
  1. Lá vou eu na rua, com um saco de compras de Natal, acendo um cigarro (em espaço público comum, vulgo meio da rua literalmente) e nisto, ao meu lado, em andamento também, um sujeito (decerto esquizofrénico paranóico grunho) que começa a tossir para cima de mim. Ok, falamos de uma avenida, larga e espaçosa e o gajo estava mesmo em cima de mim. Olhei de soslaio para o dito. Foi a oportunidade pela qual a alma desvairada esperava. Começou a berrar (não falar, não gritar, mas a berrar): “Tenho de levar com o fumo dos outros, não há respeito. Sua porca (sim, chamou-me isto!!!), estúpidos, eu não fumoooo!”. Continuei a andar como se nada fosse e com o meu saco (que até era pesado) em posição de ataque defensivo caso a estupidez alheia passasse à acção. Mas não, o desalmado ficou parado a berrar no meio da rua. Sinistro no mínimo, não?
 
  1. Estou sentada no café onde diariamente vou pela manhã (cinzeiros em todas as mesas, ausência de letreiro anti-fumo). Está vazio à excepção da minha pessoa e um casal. Sento-me, afastada do dito, pois vou fumar enquanto bebo um café. Minutos depois entra uma família com duas criancinhas (eu estou a fumar, ainda) e onde se sentam? Ao lado da minha mesa. Não escolheram os lugares mais afastados, não, foi mesmo ali ao lado. Instantes a seguir começa o pai a tossir, segue-se a mãe (tuberculosos? não creio). Não apago o cigarro. O patriarca da famelga levanta-se e vai ao balcão reclamar que não há direito, que as criancinhas vão comer e estão a levar com o fumo dos outros, que só quando for mesmo proibido é que “esta gente” deixa de fumar nos cafés, e rebéu. A dona do estaminé a alertá-lo que ali ainda se pode fumar, que há mesas mais afastadas, que o café é espaçoso e o inalador de fumos novo e blábláblá. Mas o homem não, ninguém o demovia, que se sentava onde quisesse, que os outros deviam era respeitar, e o ar poluído e os pulmões das crianças...
 
Isto não é normal e nem sequer aceitável. Eu não vou para o degredo só porque sou fumadora, ai não vou não.
 
E a Mae West? Há oitenta anos praticar princípios feministas de emancipação passava pelo cigarro.
 
Apesar da nossa cultura ocidental nos ter desde sempre inundado com campanhas explícitas e implícitas pro-fumo, hoje, e em meia dúzia de dias, espera-se mudar radicalmente comportamentos de décadas. As leis mudam, mas as pessoas demoram muito mais tempo, ok? Bora lá todos a exercitar a tolerância.
 
Eu não acendo um cigarro num café que tenha um cartaz “Agradecemos que não fume” e nem acendo um cigarro num café apinhado. Mas nunca, nunca mesmo acendo um cigarro quando estão crianças sentadas em mesas próximas; não deito beatas para a areia quando vou para a praia (trago-as para o caixote num lindo cinzeiro de funil que alguns concessionários nos davam). A bem dizer hoje em dia não fumo em locais públicos fechados. Não fico incomodada, tem toda a lógica. Lá por ainda há 40 anos andar o pessoal a fumar nos autocarros (lembram-se ainda dos cinzeiros de metal nas costas dos bancos), nos hospitais, nos bancos, nas repartições públicas, não quer dizer que fosse uma atitude muito saudável, o contexto é que era diferente.
 
O meu avô, e alguns milhares de imberbes, começou a fumar aos 12 anos, na altura em que começou a trabalhar. Era quase um ritual de passagem, a subida ao estádio mais próximo dos adultos. As senhoras da elite económica também o faziam, era chique, reproduzindo a moda europeia da época. As da classe baixa não, se fumassem eram “de má vida”. Os intelectuais sempre cultivaram o acto de fumar como um emblema distintivo do seu estilo de vida.
 
Homem de barba rija fumava. Que morresse depois de cancro pulmonar (também pode ser atropelado antes, é verdade) é secundário. Macho que se prezasse tinha, até há 20 anos, um cigarro no beiço.
 
E depois os filmes, a publicidade e o anúncio do Artur Agostinho a esfumar-se todo na televisão, mais os programas culturais com o pessoal das letras e das artes a fumarem que nem doidos enquanto debatiam a revolução, as formas cooperativistas, a alfabetização de adultos e outras questões prementes.
 
Até se percebe porque está lá o cigarro. Condiz. È a tal coisa do estilo, do modo de vida e do imaginário intelectual urbano. Era inteligente e brilhante, mas fumava. A Natália estava no direito dela, o fumo do seu cigarro no topo da boquilha nunca matou ninguém. Gostava de a ouvir versar sobre esta lei que vai sair.
 
Passaram trinta anos, mas trinta anos não é nada nestas coisas. Parece que se passa do oito para o oitenta e se criou um fosso enorme entre quem fuma e quem não fuma. Parece-me que se atribui hoje mais poder aos não fumadores, o que lhes aumenta a prepotência de acharem que têm uma razão universal do seu lado (com as costas quentes da lei que vai agora sair) e então sentem-se no direito de atentar deliberadamente contra a liberdade alheia. Alguns consideram-se detentores de uma moral superior que, consequentemente, traz ao de cima o pior que nós humanos temos: o sentimento de mesquinhez. A segregação é uma coisa perigosa.
 
Eu fumo e tal coisa só a mim me diz respeito. Que faça mal à minha saúde, que o Estado seja sobrecarregado se eu ficar doente, azar, eu desconto muito dinheiro todos os meses para a segurança social. Sou dona da minha vida e tenho a liberdade de ser fumadora. Não tenho a liberdade de impingir o meu fumo aos outros, pois não, mas também não o faço. Eu até concordo com esta lei que vai sair a 1 de Janeiro. Eu fumo em locais para fumadores e fumo em locais omissos. Se estão lá crianças, nem entro, vou a outro café ou restaurante, mais amplos. Se não está lá muita gente, se há espaço e outros fumadores, abanco-me e fumo também. Um pouco de bom senso de ambas as partes nunca fez mal a ninguém.
 
Pessoalmente causam-me o mesmo asco os radicais antitabágicos como os fundamentalistas tabágicos. Bom senso, criaturas, só isso.
 
Porque se eu já estou num café a fumar porque raio é que entram e trazem as criancinhas para cima de mim? Porque não fazem o mesmo que eu faço na situação inversa e que é andarem mais meia dúzia de metros e entrar noutro café? É a mesmíssima coisa.
 
 
 
 
 
publicado por amulherdetrintaanos às 22:23
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Segunda-feira, 17 de Dezembro de 2007

Este é o último post do dia... juro

Ah! Gostaram? Isto é um clássico. Ok. A postura é datada, a interpretação muito formal... Mas é um clássico e daqueles que são bons de inverno.

 

Isto a acompanhar as tais filhoses caseiras é que era!

publicado por amulherdetrintaanos às 19:27
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A acompanhar com filhoses

esta musiquinha do Henry Mancini, cantada pelo Andy Williams (pois, o mesmo meloso que cantava a do "Love Story").

 

"Moon River" escrita e composta para o "Breakfast at Tiffany`s".

 

Venham as filhoses e um chazinho de menta misturado com um pouquito de ervas de princípe e doce lima.

 

" class="ljvideo"> 
publicado por amulherdetrintaanos às 19:20
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Vai uma filhós?

Ir até ia, mas ao preço que estão não marcha nada.
 
Será que ainda existem avós tradicionais e cozinheiras de primeira água que passem dois dias a cozinhá-las? A minha fazia filhoses. E boas. Elaboradas à mão e com a massa a levedar num grande alguidar vermelho com um paninho de cozinha a cobri-lo (a ASSAE até se passava se já existisse). Depois distribuía as ditas pelos filhos, irmãs e algumas vizinhas. Boas filhoses... e saíam baratas.
 
Hoje não. Peço uma filhós para acompanhar o cafézinho matinal no café da D. Rosa e toma lá com um euro pela bolinha carcomida, oleosa e enfezada coberta de açúcar e canela!
 
Olho em volta e que vejo? Um cartaz natalício “Vendem-se filhoses à unidade!”. Até lhe perguntei, incrédula, se o negócio tinha saída e vai- se a ver tem mesmo.
 
Estou na profissão errada. Devia ser pasteleira.
sinto-me: saudosa de filhós
publicado por amulherdetrintaanos às 18:51
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Sexta-feira, 14 de Dezembro de 2007

Porque é que as mulheres têm laivos de insegurança?

Rebecca

 

Não sei, não percebo. Quando tudo está bem, tem-se a tendência para achar que está bem demais.

 

Miserabilismo cultural chamar-lhe-ia eu.

 

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publicado por amulherdetrintaanos às 11:37
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Quinta-feira, 13 de Dezembro de 2007

Constipação e (des)Contentamento

Eis duas palavras que não se conjugam lá muito bem. Uma pessoa até está contente; aliás muito contente, mas nada vence as vias respiratórias obstipadas; a dor de cabeça, a sensação duradoura de nariz entupido ou a tosse cavernosa consequente.
 
Por muito contente que uma pessoa esteja não há energia para comemoração ou exteriorização da dita. Estou farta dos lenços de papel e das gotas para o nariz. Quero a minha saúde de volta!
 
Mas que estou contente estou.
 
Estou aliás muito contente.
 
Agora as razões do meu contentamento estão em proporcional relação com a mediocridade do país que temos. Por isso também devem ser medíocres. Contudo, como vivo aqui sou uma idiota poucochinha como o meu país, vou enumerá-las só para que vejam como nós, portugueses, somos mesmo pouco ambiciosos (tal como o país):
 
Estou contente porque:
 
  1. finalmente tenho um emprego para o qual os meus looongos anos de estudo até importaram, ou seja, estou numa área que tem mais ou menos a ver (polivalência, século XXI, choque tecnológico e outros);
 
  1. estou constipada. E sempre que estou doente ponho-me a pensar em como deve ser tão difícil a vida das pessoas que estão sempre doentes; aí sinto-me uma sortuda e prometo a mim própria que, quando me sentir em condições, vou aproveitar a minha saúde ao máximo;
 
  1. estou contente por comparação (aqui entra a intrínseca característica da inveja ou fatalismo português) porque vi numa reportagem televisiva uma corajosa senhora que trabalha numa indústria têxtil a carpir a sua desdita profissional e o facto do ordenado mínimo nacional não aumentar ainda este ano para atingir aquela meta progressivamente (eles enganam-nos e a gente chora a nossa sorte) dos 450euros. Acaba ela a sua intervenção dizendo uma coisa deste género: “Aiii! Os quinhentos eurinhos é que era! O desafogada que ficava se chegasse aos 500 euros!”. Aí uma pessoa pensa que tem realmente sorte (não se comparada com um luxemburguês por exemplo, mas pronto); mas, por outro lado, constata que vive num país tão merdoso que nem incentivo ao trabalho sabe dar. È que eu se ganhasse o ordenado mínimo a trabalhar das 8horas da manhã às 5 da tarde ficava era em casa a arranjar estratégias para “papar” os míseros 300 euros ao Estado que, entre rendimento mínimo, complemento social solidário e outros afins até devia dar mais. Mas não, as pessoas ainda teimam em trabalhar e depois toma lá com estes trocos, vai pagar a renda, luz, água e comida, o passe e põe os filhos na escola, compra-lhes roupa e não digas que vens daqui.
 
  1. Estou contente porque faço parte duma elite que foi à escola e não sofre de iliteracia e não está sujeita às arbitrariedades mais bárbaras que atentem contra os seus direitos porque tem consciência deles e sabe que os pode reivindicar. Um exemplo: há pessoas hoje que pensam que não têm direito a receber os dias que têm de férias porque o patrão lhes disse: “Onde é que já se viu receber quando não se trabalha? Acha que tem sentido? Pois não, os dias de férias não são pagos nem podiam nunca ser e isso do subsídio de férias não se aplica ao tipo de trabalho que faz.” E toma. Então a pobre alma responde: “Ah, então não, não posso ficar sem receber, tenho uma mãe doente, os meus filhos estão na escola e o meu marido desempregado. Não quero ter férias.” Responde o trafulha: “Faz bem, eu no seu lugar também não queria, é que assim tem sempre o ordenado e já sabe com o que conta.” Isto é verdade e acontece porque me contou a pobre alma ludibriada. Agora são estes trafulhas que ficam apoplécticos quando o Estado lhes diz que até 2011 o ordenado mínimo chegará aos 450 euros!
 
Vistas as coisas assim e numa escala de mediocridade absoluta, na individualidade da minha vida pessoal, até estou contente. Agora isto é sol de pouca dura e esbatece por completo mal acendo a televisão ou leio o jornal ou falo com pessoas reais que são a maioria dos cidadãos deste país e que parece que têm ainda um “Salazar” dentro de si. Têm medo de questionar porque tudo lhes parece inquestionável e aceitam, e choram, e reclamam e remoem e não fazem nada. Merecem o país que têm porque incapazes de o mudar. Nem pedir o livro amarelo ou o de reclamações ou ir ao tribunal do trabalho. Nada. Têm medo. Não sabem ser cidadãos, não foram educados para isso. Os portugueses não reclamam, remoem. Os “outros”, o “governo”, “eles” é que nos estragam a vida. Não, quem estraga a vida aos portugueses são os próprios portugueses. Foram eles que votaram, é a eles que o governo serve. Os cidadãos são a parte forte do Estado; o governo sem cidadãos não existia. Por isso, acordem. Se a vida vai mal, associem-se, reivindiquem, façam-se ouvir.
Já não há pachorra para lamúrias quando isto vai de mal a pior e uma pessoa fica feliz só por ter um emprego, isto é, só por a deixarem trabalhar.
 
 
 
 
 
sinto-me: constipada e desconfortável
publicado por amulherdetrintaanos às 23:29
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Segunda-feira, 10 de Dezembro de 2007

Um post de ontem à noite, mas sempre muito actual

Pronto, abri formalmente a minha época natalícia.

 

Isto já é Natal desde o feriado de 1 de Novembro quando toda a gente desatou a correr para os centros comerciais porque, nesse dia, inauguraram as decorações da quadra.

 

Eu bem tentei resistir até... conseguir. Mas não, ontem eu e meu par resolvemos que pronto, vá lá, já apetece, `bora lá fazer a árvore.

 

"Fazer a árvore" é mesmo uma expressão parva. Primeiro a árvore já foi comprada feita; depois, estava guardada na despensa que, aqui em casa, é sinónimo de "lugar onde se amontoam coisas" durante todo o ano e se guardam três prateleiras para enlatados e afins que se compra nos hipermercados. Mais, "fazer a árvore" é, no mínimo, muito controverso se vocês forem interpretar isto no sentido literal ou noutro mais amoral .

 

Depois ainda, uma pessoa vai fumar um cigarro à janela e o que vê? Pais Natal a subir aos prédios; luzes multicolores a enquadrar janelas e terraços e varandas, estores abertos com um frio de rachar só para que os vizinhos vejam as árvores de Natal a piscar lá dentro da casa de cada um...

 

Pronto, lá "fizemos a árvore".

 

 

A mancha castanha no canto inferior direito é o gato Gaspar que está, desde então, a tentar descobrir uma forma de dar cabo de todas as "bolas" da dita.

 

Eu que até não aprecio especialmente a data e que passava bem sem estes rituais anuais demoro muito a assimilar a época e a entrar na onda zen natalícia. Isto foi o primeiro passo; o próximo é só mesmo na noite de Natal. Acabou. As prendas estão compradas e feitas por mim (essas sim), embrulhadas e a adornar a árvore.

 

A única concessão que faço é gostar de ouvir esta música (e dentro da data faz mais sentido) que está quase, quase no limite do suportável tal é o uso que dela fazem os tais centros comerciais e lojas afins nesta altura.

 

Aqui fica.

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sinto-me: quase natalícia
publicado por amulherdetrintaanos às 20:57
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Quinta-feira, 6 de Dezembro de 2007

Isto é que é inovação, hein?

Sei lá eu porquê. Apeteceu-me. Coloquei um contador de visitas. Tamanha inovação merece um post.

 

E qual é a razão para se ter um contador de visitas?!  Para além da evidência narcísica da coisa, também tem muito de terapêutico: faz bem ao ego; é bom alguém ler o que escrevemos; sabemos que não estamos a escrever para o boneco e ficamos estupidamente felizes com o aumento do número de visitantes. É uma coisa automática. Mal tinha inserido o contador aqui, fui ver se estava bem lá no sítio que tinha definido e toma lá com 4 visitas. Fascinante!!!

 

Pronto, o último parágrafo confirma tudo. Estou mesmo sempre a justificar-me...

 

 

sinto-me: justificativa
publicado por amulherdetrintaanos às 18:31
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Segunda-feira, 3 de Dezembro de 2007

Fui onde gosto de ir às vezes

Pode parecer redundante, mas não é.

 

Fui a um sítio onde gosto de ir à vezes. Já fui mais, agora vou menos, mas continuo a passar por lá.

 

Fui ver a exposição temporária do Centro de Arte Moderna da Gulbenkian. Ficção e Realidade é o nome (ou estou a trocar, já não sei). Interesante a leitura que propõe a quem visita ou vê ou experimenta. Hoje em dia as vivências contam mais do que as leituras direccionadas...

 

Gostei. Não estou aqui a cair para o lado de deslumbramento, mas gostei. Em súmula trata-se de uma abordagem ao cinema enquanto objecto filtrado pela lente de quem filma e do puro estilo fantasista, vamos entrando pelo mais subjectivo até ao documentário. Vários estilos, vários artistas, vários locais e diferentes abordagens a temáticas actuais, mais mediatizadas e menos. Interessante também é a instalação com que principia a exposição em que cada visitante é actor da exposição, filmado pelas câmaras que a percorrem e no centro da instalação/ficção.

 

Agora, mesmo bom, mas mesmo uma delícia, é a colecção permanente do Centro.

 

 

Desde o Amadeu de Souza Cardoso ao fascinante e integral Almada, o modernismo nas suas múltiplas expressões individuais... E é sempre uma alegria para o espírito (na acepção kantiana) ver ao vivo o "Fernando Pessoa lendo Orpheu"!

 

 

Claro que ao vivo as cores falam com cada um de nós e o quadro não é baço como aqui.

 

Uma pérola!

 

 

sinto-me: embevecida
publicado por amulherdetrintaanos às 22:41
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