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A minha interpretação deste provérbio é somente: "trabalhaste hoje, mas não te apanham cá na Páscoa".
Há coisas constantes nas nossas vidas (que, embora possamos detestar, simplesmente existem) e o Carnaval, sejamos francos, existe, seja lá ele o que for. E eu tenho de levar com ele.
Compreendo que é a festa, a erupção do profano para confirmar o sagrado, a desconstrução da ordem das coisas, a permissividade e a regra, a identidade, o colectivo... ai, ai, ai... que saudades do Roger Callois... Pronto, já olhei saudosa para o livro... continuando.
Careto/Lamego
O Carnaval está incluído na minha lista pessoal de coisas perfeita e estimadamente detestáveis. Desde sempre. Desde os anos mais verdes da minha vida e até onde a memória me permite recuar, entre uma minhota e um xerife, lá estou eu, com ar de enfado e esborratada. Nunca gostei do Carnaval ou, pelo menos, nunca gostei da forma como a época é festejada aqui. "Aqui" é uma mistura de formas de celebração espontâneas ou mal organizadas, com tiques sul americanos, e frio de rachar, português, um misto de brasileirismos à tuga.
A começar na Mealhada, a passar por Sezimbra ou por Ovar, sejamos conscientes: estamos no Inverno. Mas... persistem mulheres de fibra que se abanam ferosmente em biquini! Branquinhas do inverno a alternar com roxinhas de frio, mas estão ali. E isto começou tudo com a "Grabiela" que como diz um sénior (não idoso) da minha família ensinou as portuguesas a andar "descascadinhas" (expressão deveras urghh...).
Mas há coisas bem portuguesas e que vincam um povo, do género dessa apetência pelos trajes femininos que os homens portugueses recalcam anualmente e, no Carnaval, usam e abusam (a imagem de um homem horroroso vestido de mulher, minisaias e ligas, pêlos e saltos altos que, já ébrio, se passeava num cortejo tuga persegue-me... é que era mesmo uma visão feia e obscena). O resultado é tão assustador que até os designam de matrafonas. Assustador...
Ora aqui e no Carnaval também, as criancinhas são sacrificadas, sem se lhes ouvir opinião; são torturadas, tendo de sorrir para o fotógrafo impaciente debaixo de saias, saiotes, capas e esborratadas de pintura; saem depois à rua para desfilar nessa figura pouco digna, passeando tristemente pelas ruas agarradas às saias dos familiares, eles, sim, irropendo numa felicidade extrema e orgulho desmedido e competindo com a vizinhança pelo "melhor fato" da sua criança.
E depois juntam-se a isto imagens tenebrosas como a do Alberto João suado e ofegante a tocar energicamente num tambor; os putos da minha rua e os balões de água; a repetição estúpida daquele provérbio que parece terminar cada conversa "no carnaval, ninguém leva a mal" e que é irritante e idiota e... pronto, não gosto, não me apetece e não... não vou a nenhuma festarola mascarada!!!
Mas divirtam-se... quem for.