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Não houvesse este período pós eurístico assim para o apático. Não houvesse um cansaço cerebral nacional face à chegada da praia, do sol, das férias a crédito e das férias que de "vá para fora cá dentro" só se traduzem em "jantar na varanda e volta a pé na freguesia". Houvesse outro magote de greves para além dos protestos dos agricultures. E o que é que acontecia? Os amiguinhos comunicadores sociais não esgalhavam até à exaustão a história do tiroteio em Loures!
E era bem feito? Não, não era, mas é o que sempre fizeram nos outros milhares de acontecimentos iguaizinhos que anualmente se realizam.
Agora, e como sempre, este é empolado até à exaustão. Agarrado de tantas maneiras diferentes que é uma miscelânea de ideias mal cozinhadas, sem profundidade e a roçar o disparate que é a pura da generalização tosca.
E o governo? Ah? Dispara uns projectos com muita estatística á mistura que assim a discussão cai de vez na abstração e... é só.
E as partes envolvidas? Tudo igual: elas que se entendam que desde que fiquem no perímetro do bairro não causam mais mossa e está tudo controlado.
Não, não, não, diz aqui a modesta antropóloga. Ai, não, não.
A visibilidade é para estes grupos uma excepção. Só a violência, qualquer uma, lhes dá espaço para falar. O conflito é uma linguagem. E é a única partilhada na diferença dos grupos, verdadeiras comunidades e fechadas entre si, apesar de partilharem o espaço do bairro.
E avanço uma solução que não é nenhum avanço na discussão da heterogeneidade cultural em espaços fechados. A inclusão habitacional, mesmo quando em património público, pelas diversas zonas urbanas. A concentração de pessoas com características semelhantes nunca pode ser uma solução política de carácter social porque o problema também é cultural.
Isto é muito linear, não é uma visão paternalista nem politicamente correcta face à ausência de vontade ou a restrições orçamentais que não tentam experimentar o contrário: a qualificação dos bairros socialmente excluídos, "não problemáticos" (porque até no meu prédio existem "problemas") e isso passa pela inclusão de equipamentos sociais, culturais, desportivos; uma esquadra de polícia porque é necessário o mesmo ou maior acompanhamento e mediação em situações de conflito e, na constituição, todos os cidadãos têm direito à segurança. Isto entre outras coisas que não são novidade, até são senso comum.
Estes acontecimentos são sintomáticos de um mal estar social maior. Mostram como o equilíbrio entre grupos é frágil e como o conflito é, na sua óptica, um instrumento válido para a acção numa situação limite.
Há conceitos flexíveis consoante a representação social de cada grupo e de cada indivíduo e a forma como ele se posiciona no mundo ou na sociedade. Nestes casos, um deles é a ordem (neste caso, a pública); outro, a honra, outro ainda, a etnicidade.
Que fique claro, de uma vez por todas, isto não é multiculturalidade ou o seu resultado. Como diz o Miguel Vale de Almeida, uma cidade só é multicultural quando as pessoas juntas produzem algo novo que nasce da bricolage das suas culturas de pertença e cria uma cultura de refrência.
E agora, ideias desgarradas que só servem para confundir a opinião pública e acicatar a situação...
Esta pérola da interpretação... "ao lado"
Esta é um bocadito, convenhamos, deveras utópica...
Esta já faz um bocado mais de sentido...
E esta é a mais lúcida de todas, embora não desenvolva nenhuma metodologia para a acção...
Um último apontamento: estas situações nascem e são accionadas por uma minoria de habitantes. A maioria trabalha. Há muitos habitantes dependentes do Estado. Há economia paralela, mas também há solidariedades, crianças, jovens e idosos. A forma negativa como se abordam estes bairros (isso e o discurso paternalista) deturpa qualquer identidade positiva. É injusto e, acho eu, um dos maiores entraves à discussão sobre políticas sociais em Portugal desde há trinta e tal anos.