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Hoje alguém me evidenciou que o conceito norte americano de looser não tem correspondência com a realidade portuguesa, pois a pirâmide sócio-capitalista é diferente, mais as assimetrias e idiossincrasias multicurais do outro continente que conferem aos papeis sociais outras nuances que não as nossas não permitem a aplicação e blá, blá, blá.
Looser seria, no limite e digo eu, o nosso zé ninguém, mas nem assim está lá perto, não se chega a looser por uma questão de se ter azar na vida; não se é um desprotegido da sorte, não é preciso ser-se alcoólico ou toxicodependente, não é uma característica inata, adquire-se pela diferença e na comparação. Uma espécie de desviante social, a atirar para o azelha. O que está à margem, mas queria era estar lá dentro e chamar looser a outro. Uma espécie de Bobone da etiqueta ou de Tino da política. Para os norte americanos um looser é aquele que não é popular, que não atinge objectivos sociais, profissionais, afectivos e outros estereotipados pela sociedade dominante onde, desgraçadamente, está ou se quer ver metido. É aquele que fica com a mulher mais tosca, o que é gozado e abusado pelos colegas, em quem o chefe descarrega a frustração, enfim, o bode expiatório de tudo e de mais alguma coisa.
Então, e admito sem me conseguir desprender do paradigma americano, assomou-se-me logo ao cérebro um outro conceito fumegante e acabadinho de inventar para tornar inteligível à minha pessoa os 15 minutos de excruciante tormento televisivo a que ontem à noite me submeti no canal com nome de doente e que cumpre o seu desígnio em pleno. O de portugueses trash. E tudo isto porque ontem vi, e juro que só aguentei um quarto de hora na intermitência do zapping, aquele formato americanóide transposto para português da sick em que um otário qualquer faz o teste do polígrafo e leva atrás, para a humilhação pública, uma mulher deficiente emocional, um amigo dos copos e um irmão saloio.
E, alguns de vocês, caros leitores (se os houver), podem até argumentar: "mas quem és tu, ó mulher-de-trinta-anos, para fazeres juízos de valor sobre as pessoas, coitadinhas, que vão à televisão à procura de um complemento salarial e são corajosas e sinceras e humanas e que erram?! Todos nós erramos e tu a achares que és dona da verdade?!" Ao que eu, de antemão, respondo já que não vão por aí. O blog é meu. Logo, digo o que quiser.
Uma pessoa passa pela vida sem saber para onde vai, mas como no poema, ao menos que se saiba por onde é que não se quer ir. E quem anda à chuva, molha-se e outros clichés semelhantes.
Duas considerações
Aquela mulher desperta-me a vontade de lhe dar um estalo para ver se acorda, tamanha a demência da relação que alimenta: o homem faz sexo com outras sem preservativo; paga para ter sexo com companhias duvidosas; apelida as mulheres de fracas; não gosta de brincar com a filha; não a perdoaria caso ela (vá-se lá a saber porquê) cometesse adultério e ela ainda responde que não sabe se a relação tem futuro e que sim, ele a ela, assim, em casa, nunca lhe faltou ao respeito, é bom marido, é bom pai... Séria candidata a vítima de violência doméstica. Alguém a alerte.
Aquele homem é uma besta, sem subterfúgios ou máscara, é um perfeito imbecil que há 50 anos era um bom partido e hoje em dia só serve para ser sovado. Um deficiente emotivo, belo exemplar da tradicional educação que advém do "pobrezinho, mas honradinho" e dessa pérola que graça como "se tenho barba é para mandar". Aquele espécime é um básico do piorio: pensa de forma básica e articula a sua visão do mundo à volta daquilo, tipo pescada de rabo na boca ou burro com palas bem estreitas: um homem tem necessidades que a mulher não preenche; a mulher é mãe e uma boca que beija os filhos não faz coisas porcas e vai daí, vai ter com a profissional do sexo mais próxima com toda a legitimidade que a sua condição de género lhe garante. A mulher pertence à casa e é a sua extensão, ambas são coisas sagradas e que ninguém se meta com elas. Um homem tem uma rede social ampla e fortalece-a fora de casa numa alegre variante de orgias com os camaradas amigos (também extremamente másculos e viris) e a mulher faz vista grossa e sofre calada enquanto lhe lava a roupa interior e lhe faz o jantar. Mulher = metamorfose entre empregada doméstica e mãe. Homem = caçador (num sentido amplo) e autoridade. A mulher submete-se aos caprichos do homem porque é da sua costoleta que a mulher saiu e está à margem de qualquer crítica, pois ele, em última instância, é quem sabe, quem decide, quem manda. Manda na mulher e na filha e na casa dele. Nele ninguém manda, muito menos uma mulher.
Anormal! Daí a discussão entre o looser, o zé ninguém ou o atrasado mental. Arremato a 3ª e apelido estes belos exemplares de portuguese trash e estou a ser muito boazinha.
Quando a mediocridade, neste país, é premiada com a módica quantia de 50 mil contos, o que é que nos resta? O suicídio ou a emigração, dizem alguns de vocês, mais radicais. Uma depressão profunda ou a aquisição de hábitos alcoólicos, dirão outros, mais propensos ao bloqueio psicológico e que ainda não leram O segredo.
Torturei-me verdadeiramente enquanto via aquele programa asqueroso, é verdade. E voltava lá, só para ver a próxima pergunta e até onde ia a falta de amor próprio do interveniente. Esgotou tudo e ganhou. Ganhou dinheiro, mas deve habilitar-se a perder a mulher e o emprego. Ou então não. Torna-se apresentador de televisão e passa a integrar o rol de personagens vazios das revistas que custam menos de 1 euro e 50 cêntimos. E, no meio disto tudo, vai na volta, estou a ver tudo ao contrário e a looser sou eu.