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O meu gato espraiou-se completamente pela estação que desponta e não larga o cobertor polar encardido, arrastando-o para todo o lado, mordiscando-o e, de quando em vez, soltando uns grunhidos esquisitos.
Concluo que o meu gato é muito viril, mesmo castrado, ainda restaram bastantes hormonas. Apetece-lhe, pronto. Sinto-me um pouco penalizada. Tenho uma parte de responsabilidade pela castração da sua líbido. Qual Rapunsel, mas sem tranças, está encarcerado num 4º andar e não fora o cobertor, não teria qualquer prazer nesta vida. Pobrezinho...
[olha, lá vai ele com o cobertor arrastado para a varanda...]
Para quem não tem gato, que felizmente não é o meu caso: podem sempre caçar com lebre.
Como o meu sonho era ter uma casinha, coisa pouca, assim a lembrar aquela do Frank Loyd Wright lá num bosque, com as cascatas perto e debaixo, mais os troncos ali ao lado e os passarinhos e os ângulos, mais as janelas simétricas e muita luz por todo o lado, este "faça você mesmo" deu-me inspiração. Já comecei a procurar a mata mais próxima para o meu projecto de auto-construção pessoal.
Decerto que este nosso amigo proprietário também tinha o seu sonho consumista. Ficou à espera que a crise passasse? Ficou inerte após o banco lhe recusar o crédito? Pois não. Como poucos, construiu e, mais, decorou. Dentro de cada um de nós há uma costela de fofinha viterbo. Esta é a prova. Há. Pois, há.
Gosto da assumida ironia e da humildade da aspiração. Havia um sonho, o da vivenda e havia a partilha do sonho. Essa é a parte mesmo bonita. Face à aparente ausência de critério decorativo, o arquitecto deve ser um homem. Um homem, decerto, senão não haveria um batman a metaforizar a virilidade do sonho, nem estava espetado no topo, como que a comprovar a solidez do telhado. Um homem que odeia bonecas, que as decepa, mas que, por outro lado, assume o seu fascínio por esse universo generalizadamente feminino. Ou isso, ou tentou fazer surpresa à mulher. Logo, um homem. Mais ninguém se lembraria de surpreender o outro de forma tão parva. Mas, pronto. O sonho, a vivenda é deles (se bem, que não concebo nenhuma mulher a lá entrar) e ninguém tem nada a ver com isso. Nem o representante da lonely tunes pelo enforcamento do gato à entrada, nem a edp pelo uso clandestino da energia que, estou certa, iluminará aquela lâmpada em noites menos claras. A barbatana, aquela ali do lado esquerdo, marca a posição geográfica de proximidade ao mar e a porta semi torta, mas quase aberta, lembra-nos que numa casa portuguesa quem bate à porta (se esta não cair) é para se sentar à mesa ca´gente.
Destas histórias de resiliência e motivação não reza a história, mas tenho para mim, que isso pouco importa ao proprietário da vivenda o nosso sonho. Valente!
Depois de um hibernanço, i´m back, feliz da vida e em grande combate à humidade ainda latente em casa (que isto de viver num último andar é desafiante quando não pára de chover há meses, ou dito de outra maneira, as casas deste país não são para aguentar torrentes de água).
O selo é engraçado e o título dá-nos vontade de espirrar, ou ao blog, pelo menos...
1.
Dizer qualquer coisa sobre a minha pessoa...
Sendo minha, a minha pessoa, nunca iria falar mal dela. Sou muito, muito positiva, mas às vezes contrabalanço; deveras pragmática, extra organizada e extremamente sensível (aos males do mundo, à arte, às coisas esteticamente deslumbrantes, à inteligência dos outros e à ignorância alheia). Gosto muito de pessoas e de animais, mas gosto mais de mim. Gosto de escrever e gosto de arquitectura e, às vezes de canoagem. Gosto da adrenalina de entrar no mar na praia do Meco e gosto de engolir pirolitos a seguir. A minha pessoa começa a deleitar-se com música clássica e descobre novas paixões com frequência. A última é a ópera e hortas urbanas. Gosto do sol e de margaritas, mas já enjoei as caipirinhas. Pareço pouco modesta neste post, mas isso não corresponde à realidade; logo, sou muito dada a ter´interpretações erradas a meu respeito: o meu segundo nome: idiossicrancia.
2.
Dizer qualquer coisa que goste do blog que me deu o selo
O selo foi o kick off para este post e é da Fátima. Thanks. Para além de fazer anos no mesmo dia em que eu, aprecio no blog dela o equilíbrio, faz-me lembrar a revista Marie Claire pela diversidade de temas postados, não é temático, mas faz dela o tema, o que é muito apreciável e suaviza vários aspectos da vida que não é só feita de política, nem de poemas, mas vai mergulhando naquilo que lhe apetece: não é lamechas, às vezes é bruta, outras opinativa, tem humor e, no fundo, tem bom astral.
3.
Desafiar 5 blogs, oferecer-lhes o selo e caracterizar os blogs em questão
Desafio quem se sentir desafiado. depois digam, que eu vou cuscar.