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de que havia um latente "make my day" escondido no filme!
Eu confesso aqui que a fase "Dirty Harry" nunca me convenceu. Já a anterior, a do western spaguetti, fez-me lentamente mudar de ideias. Ora bem, eu sou uma rapariga relativamente jovem e, se atentarmos que já o Clint andava a distribuir socos e chumbos ainda eu não era nascida, constata-se que não segui a carreira do senhor de forma muito cronológica. Logo, levei com os dirty harrys duma vez, em simultâneo com a ascenção do vídeo caseiro, e só mais tarde veio o Sergio Leonne, já com vhs. Assim, achava eu, até relativamente tarde confesso, que o Clint era um mix de Bud Spencer, mais magro, com a expressão facial congelada de um Segal (credo, as coisas que pensamos quando somos piquenos) e a sorte de lhe terem escrito uma fala que pegou, qual Schwarzeneger.
Ora a minha relação com o senhor senior mudou muito quando vi o filme Bird (em vhs, seguida duns lps do Charlie Parker); uma pessoa que soqueia a torto e a direito faz um filme assim... hum... Depois foram as Pontes de Maddison County onde, eu confesso senhores, que entre os meus olhos embargados até considerei que sim, estava enganada, o homem até tinha jeitinho para aquilo e não batia na Merly Streep, o que já era ganho.
E depois de muitos desencontros foi o Mystic River que o colocou num lugar cimeiro no top thwenty do meu coração cinéfilo.
E ontem fui deleitar-me com este filme que, não sendo o filme do ano, é o filme do trimestre. E só pelo facto do senhor senior se dar ao trabalho de realizar, produzir e actuar, escolhendo um argumento que retrospectivamente faz uso das nossas reminiscências dirty harrianas mais profundas para evidenciar o facto de que as coisas são como são, qual destino qual carapuça! A ideia de que com a idade cronológica possivelmente encontraremos sempre possibilidade de expiação sobre tudo o que nos vai acontecendo na vida por mais caquéticos que nos considerem ou estejamos é sempre uma mais valia. Logo, gostei deste filme, gostei do Clint, dos pequenos pormenores guturais e faciais, do uso que faz das suas limitações e da inteligente escolha de argumento.
E ainda sorri bastante, mesmo no final.
o que, a atentar no facto deste blog ter um ano e qualquer coisa, não é uma má média.
Esclarecendo:
este blog pode servir para tudo à excepção de ser um veículo para a propagação de ideias de extrema direita. Perceberam? Nunca!
Em relação ao último post obtive um comentário ao qual só posso retorquir com uma exclamação do género: tem lá paciência ó pequeno mussolini e vai tentar impingir essa pseudo ideologia de algibeira a outro!
O comentário foi apagado porque me causa impressão, porque está mal escrito, porque este blog é meu e não se move a ódios de estimação contra outras pessoas humanas. Porque eu sou uma cidadã do mundo e o meu mundo não é pequeno.
O que sempre me causou fastio e me colocou uma interrogação permanente é o seguinte:
como é que um desenraizado de ideias assentes no puro ódio religioso e cultural podem ser utilizadas para exigir uma superioridade artificial entre identidades nacionais, colocando todas as culpas por todos os males do mundo nos "outros" através de ideias históricas pouco fundamentadas e usadas deturpadamente e sem contexto; uma notória lacuna de suporte filosófico de carácter epistemológico e uma presunção sobre o facto de que os outros devem ser mentecaptos e que, em altura de crise, à falta de espírito crítico se podem virar para esse solilóquio esquizofrénico e desatar também a entoar o hino da juventude hitleriana, à falta de outra coisa para fazer?!
Não tenho paciência! Tomo como um insulto à minha inteligência frases desgarradas como o mal da crise financeira do mundo, dos E.U. ao Japão, ser de um grupo religioso (os nossos banqueiros são bem cristãos e fazem o acto de contrição com uma mão enquanto roubam com a outra). Queres culpar alguém recua à antiga Lídia (pois, não deves saber, mas era uma antiga civilização) e culpa-os pela invenção da moeda. E eu algum dia iria aplaudir alguma medida de um fascista italiano que só foi derrubado tarde demais (nessa verborreia de algibeira, esqueceste de mencionar o Marquês de Pombal, esse sociopata, mas bom urbanista, que tanto deves admirar, mas só pela expulsão do tal grupo religioso do país)?!
E quanto a lutar pelo reeerguer da economia nacional, fica sabendo que só o consegues fazer com imigrantes (isso e aumentar a taxa de natalidade também e agradecer aos imigrantes e aos seus filhos portugueses pelo atraso no colapso da segurança social), incluindo os da Roménia que, apesar do que as vistas curtas de muitos pretendem fazer crer, não são só indigentes. E, qual bolinha de neve, o milhão e tal de imigrantes portugueses no mundo que saíram do país, não porque são cobardes, mas porque, vá-se lá a saber, precisam de comer, também estão lá fora, e não são menos do que tu, apenas mais corajosos, quiçá.
E quanto à frase "portugal, não está de joelhos, pois não há meninos com barriga grande por causa da fome", acorda! A taxa de tuberculose aumentou, mas deve ser porque 25% da população portuguesa anda a fazer dieta!
Que fique claro que este blog e a sua dona não sofrem de nenhuma doença mental, acreditam que o holocausto aconteceu, repudiam todas as formas de nacional socialismo e estão à esquerda. Se lesses posts anteriores deverias perceber isso e poupares o blog e a dona a estas perdas de tempo.
Depois de ter ouvido o presidente da república do meu país a dizer isto a pessoas desempregadas que nenhuma culpa têm da inaptidão e incompetência governativas alheias:
«deixo-vos a minha solidariedade, o que é pouco, mas não tenho mais para dar»
ainda fui ouvir o Medina Carreira em repeat peremptório disto, frente a um Mário Crespo em estado catatónico, culminando com o esboço da ideia (que já toda a gente percebeu) de que se os partidos políticos são hoje estruturas perversas, uma espécie de trampolim para uso próprio sem qualquer noção de "coisa" pública, seria um regime presidencialista a solução mais lógica...
Eu afirmo aqui e agora que aos 32 anos estou deveras envergonhada com o estado a que este país chegou.
Aparentemente tudo começou no ano em que nasci.
Venho eu ao mundo no meio de tantas potencialidades e, antes de poder fazer alguma, lixam assim o país em proveito próprio e o país deixa.
Shame on you!
e os diálogos surrealistas ali proferidos escondem, no fundo, no fundo, a verdadeira essência popular: entre outras coisas muito interessantes, alguma confusão, geográfica e histórica!
senhora encasacada, de voz rouca de fadista, mas muito afirmativa: "Isto está tudo em crise. Não é só cá."
[reparem, com uma frase se explica um conceito tão complexo como a globalização, isto é sabedoria também e não estou a brincar].
amiga, também cinquentona, mais mal encarada, mas igualmente afirmativa: "É no mundo todo, é de norte a sul [e aquela pérola do senso comum que nunca fica mal para reforçar uma ideia], ninguém sabe onde é que isto vai parar!"
diz a encasacada, motivada pela deixa anterior: "Atão, até já em Moçambique..."
intervala logo a outra, ávida para fazer notar a actualização do seu conhecimento: "Ah pois, mataram o savimbi! [e qual matraca, continua] nunca se aguentou lá ninguém à frente daquilo, os diamantes, é por causa dos diamantes!"
Bloqueei. Mentalmente tentei mater-me lúcida: "Ok: Angola-Savimbi-morto há uns anos; Nino Vieira-Guiné; Angola-diamantes; Guiné... pimenta...?"
Não há machado que corte
a raíz ao pensamento
não há morte para o vento
não há morte
Se ao morrer o coração
morresse a luz que lhe é querida
sem razão seria a vida
sem razão
Nada apaga a luz que vive
num amor num pensamento
porque é livre como o vento
porque é livre