A mulher de 30 anos não era nascida no 25 de Abril de 74; não ouviu radionovelas e não vibrou com o Festival da Canção. A mulher de 30 anos tropeçou em dois séculos e está aqui! Também opina, ainda não é anciã e agora é mãe

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Boa noite,Como a entendo.Uma coisa é fazer o "que ...
É tão giro encontrarmos desenhos antigos, retratam...
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Sexta-feira, 27 de Fevereiro de 2009

Psicologia inversa

Completamente aturdida pela notícia do jovem japonês que resolveu poupar e se predispôs a gastar semanalmente apenas o referente a 15 euros ponderei, durante breves instantes, a plausibilidade de entrar num negócio destes comigo própria.

 

A parte de preservar a sua fruição cultural quase me convence. Afirmava o rapaz que garantia idas ao cinema, compra de livros, uns concertos e umas teatradas, não tudo de uma vez, mas ginasticado durante o mês.

 

"Fogo, pá", pensei eu, é mesmo Japonês.

 

Se a notícia fosse planetariamente inversa e versasse no facto de ser um jovem americano a perder a casa, por falta de pagamento dos 20 cartões de créditos que esbanjou, eu também afirmaria: "Fogo pá, é mesmo americano".

 

Proximidades à parte da distância cultural e geográfica, de tanto pensar fiquei com fome: gastei os 15 euros de uma vez só num belo jantar.

 

Ainda nem passou uma semana e, apesar de eu ter um cartão "ilegal" da Zon e poupar assim nas idas em dupla ao cinema, já tenho outro jantar combinado. Depois, claro e porque estou perto, acabarei no Bairro Alto.

 

Resultado de tão profunda análise interior: no Japão não há Bairro Alto, o cartão equivalente ao da zon dá bilhetes gratuitos, os teatros são ao ar livre e com entrada à discrição, devem frequentar muito as bibliotecas e os seus sistemas de empréstimo livresco e vão jantar às rolotes de cachorros...quentes!

publicado por amulherdetrintaanos às 21:12
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Terça-feira, 24 de Fevereiro de 2009

Resume-se a isto, hoje, aqueles dias a que chamam Carnaval

Pela segunda vez desde domingo acabei de ver a derradeira analogia entre Carnaval e Crise-de-tudo:

 

no domingo foi um homem fanhoso, com um cachecol do Benfica, a bater numa branca de neve com metade do seu tamanho;

 

hoje foi uma neohippie cinquentona a berrar aos ouvidos de uma fada desfraldada...

 

Isto, meus caros, são as "cegadas" dos tempos modernos!

 

Agora vou só ali espreitar os Orishas que já que vieram cá à terrinha, uma pessoa aproveita.

 

Primeiro teremos de contornar um grupo de matulões imberbes e seus balões de água ao fundo da rua...

 

 

Ente superior, qualquer um, dái-me paciência!!!

publicado por amulherdetrintaanos às 15:13
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Sexta-feira, 20 de Fevereiro de 2009

Do pragmatismo ao cálculo matemático: rentabilizar dias de férias trabalhando esclavagisticamente será opção?

Eis o actual dilema!

 

 
Sou deveras calculista com todos os meus dias de férias. Não sou pessoa de discriminar este ou aquele dia. Para mim são todos iguais. Por eles faço tudo. Não é qualquer perspectiva de “ponte” que me convence, ai pois não! Não é o cheiro a primavera que anda por aí no ar, nem os programas de fugas “para fora cá dentro” dos outros, ai não é, não! Não, senhora, eu não gasto assim as minhas férias: eu tento preservá-las até ao último malabarismo permitido pelo calendário. Chega a ser ridículo e estou mesmo aqui e agora a considerar se não serei mesmo… parva!
 
Porque eu poderia ter agora um fim-de-semana prolongado. Pois podia. Mas não vou ter. Virei trabalhar na 2ª feira… sniff…
 
Pelas minhas contas isso dá-me possibilidade de atacar ferozmente aquela semana de Junho em que nos caíram, directamente do céu, dois feriados acasalados e logo, rende mais. Depois ficarei também com quatro semanas seguidas e ininterruptas de deleite, liberdade e descanso, apelidadas, carinhosamente por mim, de “férias grandes” e esse horizonte é das coisas mais convidativas do mundo para eu não andar por aí a gastar dias de férias em Fevereiro. Ou em Março. Ou mesmo em Abril. E já agora, nunca em Maio!
 
Ainda restam, desse modo, uns míseros diazinhos arrumados lá para perto do próximo Natal (pois, ou uma pessoa pensa no ano inteiro ou não pensa em nada e desata a marcar férias para já…).
 
Assim, até Junho consumir-me-ei a dizer adeus, de lencinho, aos colegas que apregoam, enquanto deslizam porta fora em passinhos suaves e saltitantes, entoando quase em formato de canção e com uma pontinha de pirraça um “Até daqui a 4 dias!!!” com ar de esfusiante alegria.
 
Decididamente, trabalhar não é uma coisa muito natural.
 
Para contrabalançar impregno-me de uma sensação de legítima auto-compensação pelo facto de ser uma matematicamente racional e previdente pessoa, defensora dos meus próprios dias de férias, e não farei nada daquilo que precisava ser feito nestes próximos 4 dias. Tenho por acaso um artigo para entrega, cujo prazo já expirou há duas semanas; um compêndio temático de bibliografia a encontrar para integrar um outro projecto que, por sua vez, necessita arduamente de um texto de proposta a atirar para o muito desenvolvido e que neste momento é um escanzelado conjunto de dois magros parágrafos, aos quais eu não consigo acrescentar mais nada, quer porque acho que estão muito pragmáticos e objectivos, quer porque estou a precisar realmente de férias, mas não tiro nem um dia agora para as poder juntar todinhas e parecer mais tempo lá para Julho ou Agosto.
 
Isto de se ser calculista no concernente a férias é muito contraditório. Os dias a usufruir são poucos, lá está. Se eu tivesse mais 5, só mais 5 diazinhos de férias, eu faria milagres com eles e este Carnaval era já a seguir: rumava não sei onde, poisava numa pensãozinha daquelas com bed e breakfast muito caseiras, passeava por sítios verdejantes e voltaria muito retemperada… mas não… sniff… vou cá ficar… entalada entre um domingo e um dia de Entrudo que não sendo mesmo feriado, toda a gente assim o assume. E assim se esgota a produtividade em auto comiseração e cansaço, mas reservam-se dias… de férias. E depois?
 
Depois na próxima segunda feira vou, quase de certeza, olhar pelo menos três a quatro vezes para o calendário e desenhar pequenas florinhas (que é quase tudo aquilo que eu consigo desenhar, pois não sou uma pessoa muito bafejada de jeito pictórico) nos 20 dias marcados para daqui a 5 ou 6 meses; suspirarei umas dez vezes; olharei para a janela da minha sala outras trezentas, constatando o bonito dia solarengo que está; voltarei a olhar para o calendário, desta vez tornando a riscar um grande traço em cada uma das 20 páginas de dias em que terei férias, após o que contarei uma a uma as páginas riscadas que é para parecerem MESMO muitaaaas, maravilhando-me com a antecipação de tanto dia acumulado.
 
Ah?! Isto é o que se chama de auto-conhecimento! Ou isso ou sou uma pessoa tão previsível que, neste momento, até me estou a irritar a mim própria.
 
Tentarei compensar com dois mega jantares já programados: um fora e outro em casa própria, pois o homem-de-trinta-anos adora praticar a gastronomia. E não é mau. E eu gosto. E é muito divertido. E os convidados são mesmo muito divertidos. E sempre é um fim de semana inteirinho!
 
E porque é que eu não tirei a 2ª feira de férias?!
sinto-me: na dúvida
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publicado por amulherdetrintaanos às 22:04
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Sexta-feira, 13 de Fevereiro de 2009

Tanta fita, tanto trailer, tanto filme assassinado

Ou sou eu que estou com uma pontaria míope ou deveria começar a atentar na crítica cinéfila, o que me permitiria poupar dinheiro e investi-lo somente em filmes que valessem a pena.

 
A ver, fui ver…
 
“A Troca”, esse “senhor” melodrama que me saciou sobremaneira da saudade que o cinema mais clássico americano já me estava a deixar. Com dignidade, bom gosto, admirável reconstituição de época; uma excelente Angelina, cabisbaixa e impotente num mundo dominado e gerido por homens, em agonizante sofrimento transposto para os gestos, para o olhar, para o uso de todo o corpo na representação. Uns planos e uns ângulos determinantes para a construção dos ambientes e uma história trágica bem apresentada e conduzida. O Estwood é um senhor e se demonstra agora uma veia oliveiresca fazendo um, dois filmes por ano, prefiro-o ao português porque este sabe sempre contar uma história aos outros, não é egoísta e não a conta só a si próprio. E o “Gran Torino” é já a seguir.
 
“Vicky, Christina, Barcelona”. Saí de lá com um sorrizinho amarelo de princípio de dor de dente: ai Woody, filho, estás tão negligente! Aquilo não é filme que se apresente depois de um currículo tão brilhante. Ou, por outra, se calhar aquilo é filme que se apresente com um currículo tão brilhante, eu já estou por tudo. Fica-se à espera do momento em que das personagens arquétipo-insonso se passe para alguma profundidade, incluindo a narrativa de onde se dispensava o narrador, pois que há pouco para narrar. Tu estás lá e és a Christina, achei eu, mas fiquei à espera do desenvolvimento. Valeu o Javier, o homem-mais-feio-mais-giro que conheço.
 
Depois, pensei, “Epá apetece-me ver um filme de acção”. Fui ver o “Valquíria”. Fiquei um pouco irritada: o potencial histórico do episódio era um bom mote, mas senti-me um pouco infantilizada no visionamento. A história apresenta-nos o bem e o mal dentro do grande mal maior do nacional-socialismo alemão levado ao extremo e já prestes a dar o último suspiro. Ora se uns são maus porque fazem a máquina andar e a guerra rolar; os penitentes são bons porque querem encrencar a máquina, acabar com a guerra e matar o mauzão. Ora todos nós sabemos que de boas intenções está o inferno cheio e o que eu gostava e estava à espera era que a profundidade de ambiguidades das personagens estivesse presente, tanto mais o facto da coisa assentar num caso verídico. Como já não tenho cinco anos e os bons só são bons quando têm alguma coisa a ganhar ou a perder aquilo não me convenceu. Excelente filme de acção para quem vá sem pretensões historiográficas. Bom filme de acção, de qualquer modo, pois aquilo é dum ritmo acelerado de ficarmos sem fôlego e bem montado. Mas falta-lhe uma coisa que para mim é determinante: a fundamentação e enquadramento da acção (humana, neste caso). O Tom, rapaz que não aprecio muito, está igual a si mesmo (à excepção do “Magnólia”), ou seja, razoável e sem brilho, pagaram-lhe e ele trabalhou.
 
Não contente, acompanhei o homem de trinta anos ao visionamento do “Rapaz do Pijama às Riscas”. Deveria ter ido para a sala oposta e entrado no “Quem quer ser Bilionário”, mas não o fiz e em má altura. É que não há necessidade uma pessoa que não partilhando daquelas ideias negacionistas fundamentalistas proferidas pelo bispo mediático na semana passada (e se querem saber mais o maldonado discorre muito assertivamente sobre isso aqui) se deprima desta maneira. Ai que filme mais triste! Saí do cinema com um mau humor descomunal, passei a noite deprimida e acordei de ressaca no dia seguinte. Mais uma vez, este filme também nos apresenta duas versões de opinião divergente dentro da mesma massa nacional saudosista de um antigo império austro-húngaro liderada por um dos maiores psicopatas do século XX que vê numa ideologia assente na invasão e na desumanização de um grupo social, fazendo apanágio da crise económica, a única via para o ganho eterno de uma hegemonia nacional-mundial-planetária-alucinada. Só que neste filme, de produção mais modesta, mais sóbrio, mais contido, mais narrativo, o ambiente vai sendo construído por pequenos pormenores e gentis apontamentos, deixando-nos mergulhar docemente no ambiente da época através de uma casa e de uma família, fios condutores da história. À medida que a acção se desenrola a casa e a família vão sendo deslocalizadas, sofrendo transformações, sendo expostas e desagregadas em proporção ao horror, a pouco a pouco desvelado, materializado num campo de concentração, metáfora daquilo que de mais hediondo o Homem consegue conceber, e vai matando lentamente, não somente judeus, mas também a casa e a família. O mais chocante e desconcertante é que tudo aquilo que vamos vendo e intuindo e engolindo até mais não poder é-nos filtrado pelo olhar ingénuo de um rapaz de oito anos e enformado na relação, pueril e desinteressada que nasce da inocência e alheamento infantis, com outro rapaz de oito anos num mundo muito mais complexo fora do seu domínio, mas que deterministicamente lhes enforma o futuro divergente. Desumanização vs humanidade; ódio vs amizade e aquilo que nos une separado artificialmente por uma grade. O filme termina como deveria terminar. A acção mais repugnante a voltar-se casuisticamente contra quem a sustenta e silêncio. Silêncio e um grande plano final que dura e dura e silenciosamente nos remete para a constatação de que a História é mesmo cíclica e não deveria ser porque não faz sentido, porque se em cada pessoa jaz toda a humanidade, esta não está imune à prática recorrente da acção mais hedionda contra os outros, contra ela própria. Recomendo vivamente, mas não pensem que saem do cinema leves e contentes.
 
Agora, tentarei o “Revoluccionary Road”, o do Danny Boyle e talvez o “Benjamim Button”, mas só depois do "Leitor", se ainda for a tempo. Para quem já viu: aceito recomendações sobre cada um, pois a confiar no meu instinto que muda de cada vez que tenho de escolher ainda vou ver aquele filme pastoso com o Dustin Hoffman e a Emma Thompson e esse eu sei que não quero…
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publicado por amulherdetrintaanos às 00:34
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Quarta-feira, 11 de Fevereiro de 2009

Provérbio acabadinho de inventar depois de mexer numa máquina de calcular

Que se me assolou ao espírito no reparo de há uma conjuntura parva a confluir para estes meses seguros de carro, mota, casa, marcações de dentista, acerto de electricidade, carro avariado e afins… tipo férias, ainda em ponderação…

 

 
Em Janeiro e em Fevereiro
Diz adeus ao teu dinheiro

 

 

Valha-me o recebimento de um simpático selo com a vantagem de não o ter de colar numa carta…
 
 
Resta-me agradecer. Colaria de bom grado este selo aqui no template eternizando tal momento, se acaso conseguisse, o que não se verifica.
 
Obrigada Sofia homónima cujo blog descobri há pouco tempo!
 
Ditam as regras que se atribua a outras dez e não às mesmas, mas vou contorná-las e mencionar aquelas a quem comento e que me comentam a mim: vocês sintam-se à vontade de fazer uso filatélico do mesmo!
 
E tal selo com um título tão simpático pôs-me a trautear esta canção… não sei porquê...

 

publicado por amulherdetrintaanos às 13:35
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Sábado, 7 de Fevereiro de 2009

O que eu gosto de estagiários

 (só num sentido assexuado que engloba os dois géneros, nessa massa indefinida que são as pessoas ainda piquenas e com pouca experiência, mas que se riem muito)!

 
E atenção que eu até há bem pouco tempo, mercê das agruras de códigos laborais menos propícios, também era estagiária. Só que eu já não entrava na categoria de fofinha: foram muitos anos anteriores de desmoralização e o sistema acabou por me subverter e tirar-me a fofura toda.
 
O estagi@rio perfeito não tem mais de 21 anos; literal e notoriamente é imberbe (sem buço, para elas); exige-se ausência total de experiência laboral anterior e com isso alguma dose de modéstia; vem munido com caderninho (não moleskine pois ainda não atingiu tal grau de sofisticação) e uma caneta tipo bic cristal que morde nervosamente sempre que falamos com ele. O look não interessa, mas quão mais personalizado for, mais eu acho piada. Conheci uma estagiária que deve ter levado uma grande esfrega parental e então andava com um piercing no nariz, uma t-shirt aberta nas costas e uma saia a atirar para o travadinha-versão-eigthies: a saia estava ali a mais e tinha “mão de mãe”, mas são estas inconsistências que dão personalidade própria aos estagiários.
 
Gosto deles porque para além de fofinhos são também muito frescos: ainda não foram pervertidos pelo cruel mundo laboral, nem outro, e até a coisa mais chata deste mundo eles recebem com um esplendoroso sorriso. E depois estão sempre muito receptivos e fazem muitas perguntas. Estagiário que é estagiário deve fazer perguntas parvas. Se não as fizer não é um bom estagiário: nunca em mais nenhuma altura da sua vida lhe desculparão tanta parvoíce e deverá então aproveitar ao máximo, rentabilizando desvantagens em seu favor. Ai o que eu gosto das perguntas dos estagiários: “Porque é que o sol é amarelo?”; “porque é que esta vitrina não está antes ali?”; “Têm trituradora de papel?” (ah, ah, ah!!! Pensas que estás onde? numa série americana?!) e… esta é boa “porque é que a tua sala tem três mesas?” – “Sei lá pequeno infante! Foram-nas pondo aqui e eu deixei. Há coisas sem explicação, não vale a pena perguntar, aprende!”.
 
Daí outra característica quiducha: até as perguntas mais estrambólicas eles fazem sem pejo ou medo de os rotularmos depreciativamente (a inconsciência é uma arma e eles ainda a usam sem saber). Os estagiários são seres ainda sem consciência plena da complexidade das relações humanas de trabalho em locais fechados big brotherianos. Para eles o chefe é supremo e tem sempre razão e em alegre hierarquia toda a gente vai mandando e eles resignam-se à base da coisa, aceitando, talvez pela última vez na vida, uma catadupa de directrizes sem questionar, fazendo um esforço enorme, visível sempre que se enchem de coragem e verbalizam uma ideia. É bonito, vê-se após tal verbalização que a confiança cresceu mais um bocadinho, é quase imperceptível, mas está lá.
 
Ora eu gosto muito de estagiários principalmente porque me ouvem com uma atenção plena e desmesurada (coisa que entre os nossos pares escasseia, pois às vezes a conversa toma uma escalada sonora que termina com um “não tenho paciência”). Eles não: a gente fala, fala, fala e eles com os olhinhos muito abertos, aguentando estoicamente o contacto ocular, ruborescendo se este demora, mordendo a pontinha da caneta, respirando baixinho. É fofinho!
 
Eu sei que existem estagiários que são parvos; pessoas piquenas acometidas de um grande ego e pouca humildade, que não perguntam e fazem, que não se interessam e não fazem; que não fazem e se recusam a fazer alegando “exploração do seu trabalho ainda infantil”. Por um acaso nunca me passaram desses por aqui. Também não teria paciência. Para estes tenho, ´tadinhos (estou a ficar tão mole! será da idade?), tão esforçadinhos, tão fascinados, tão interessados… tão chatos!
 
E pronto, ontem passei a tarde a explicar umas coisas (com ar sério e muito profissional)  a um estagiário destes piquenos e bem dispostos até ele me perguntar se podíamos fazer uma “pausa” para ir lanchar! (por momentos até pensei: “Ai, não me digam que o rapaz me vai perguntar se pode ir à casa de banho!”- tamanha a timidez estagiária, mas não só queria comer). Tão fofinho! Lá fizemos a pausa. Quando passei pelo corredor lá estava ele sentadinho à sua mesa, muito direitinho e discreto, a comer a sua sandocha (que decerto a mãezinha lhe havia preparado). Despertou-me o instinto maternal, pá! Vocês nem calculam o esforço que eu tive de fazer, o que eu me controlei para não lhe perguntar se queria que lhe comprasse um leite com chocalate para acompanhar!
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publicado por amulherdetrintaanos às 14:53
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Terça-feira, 3 de Fevereiro de 2009

Estas conjunturas globais e globalizantes começam assim

 era suposto aparecer uma bd do Calvin, mas teima em não aparecer. Vou esperar umas horas e voltarei...

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publicado por amulherdetrintaanos às 19:52
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