Por vezes tenho a ligeira impressão que a sorte ou o azar são fenómenos aleatórios no nosso quotidiano, tal como ser premiada como a cliente 1 milhão dos supermercados ou acertar nos números do euromilhões, coisas que nunca me sucederam, com certeza só por mero acaso e, no caso do aeriomilhões, porque não jogo. Noutras alturas acho precisamente o contrário: devem existir forças conspirantes a pairar, alternadamente, sob a nossa tola ou uma nuvem kármica, a atirar para o escuro, sob o tecto do meu lar em particular (para além da mancha de humidade, herança do algeroz entupido) porque a junção de tanto azar sob duas pessoas, e em tempo reduzido, é quase anedótica.
A ver, eu até considero provável aquela história apologista da energia boazinha por oposição à energia mázona. Qual Dr. Phil (sem bigode e mais melena) eu acredito que a mentalização positiva afasta coisas negativas e, mesmo que não afaste, sempre nos coloca mais bem dispostos e dá-nos aquela sensação confortável e reconfortante, partilhada em necessidade desesperada com o resto da humanidade, da esperança, da fé em coisas boas e blábláblá.
Tolice absoluta. Quando acontece uma coisa negativa o pessoal entra é numa espiral kármica de desgraceira absoluta. Até mete dó. Uma pessoa até fica com medo de sair à rua tal é o descambar de uma situação estranha para uma sucessão de acontecimentos insólitos.
Isto começou há uns dias com o meu gato doente e umas idas, milionárias, ao veterinário. De permeio situações mais ou menos insólitas, mas nada de grave. E pronto. Uma pessoa pensa assim: “Caramba pá, que azar, a ver se isto pára aqui!” Mas não. Chega-se, um belo dia, a casa à hora do almoço. Mete-se a chave à porta e o que acontece? Entramos em casa e almoçamos? Não. Parte-se a chave na fechadura! Super normal. Deve ser uma coisa que se farta de acontecer. Cinco horas depois e um homem desesperado, que já antevia alucinadamente nunca mais entrarmos em casa, mais um serralheiro e uma porta trancada, uma chave falsa, limada vezes sem conta, mais uma fechadura desmontada e, três horas (!!!) depois lá se consegue entrar em casa. Entrámos, mas a porta não fechava. O serralheiro permanece no hall e desmonta tudo, mais uma vez, volta a aparafusar porta, fechadura e tal e... a porta fecha, mas agora não abre. Eram 17 horas! Cinco da tarde de um domingo perdido, a ver o desinteressante traseiro empinado do serralheiro agachado no meio da minha entrada, quando o homem se foi e a porta fechou e abriu como era sua função desde o início! Nem vou referir valores para não chorar...
Lá consegui salvar este domingo e, à noite, fui ver o “Haverá Sangue” que não seria um excelente filme se não estivesse lá o Daniel, mas vale bem a pena as quase três horas de duração. Claro que a maré de pouca sorte ainda não tinha totalmente passado e vi-me obrigada a encetar nova deslocação cinéfila à capital do país. COMEÇO A PASSAR-ME COM ESTA POLÍTICA SUBURBANA DE DISTRIBUIÇÃO DE FILMES DA LUSOMUNDO!!! Hello, senhores da Distribuidora em questão, na periferia não vivem só grunhos e analfabetos e qual é a ideia de continuar com uma porcaria de filme chamado o “Rei das bolas” (ou alguma coisa deste género) há quase mês e meio em cartaz a tirar lugar aos novos filmes???!!! Ah? Parvalhões!
Hoje não me aconteceu nada, mas ainda estou condicionada com tantos acontecimentos estrambólicos. Vou ler o meu horóscopo só para confirmar se a confluência negativa já passou, pelo sim, pelo não. Uma pessoa devia ser previamente preparada para estas coisas.